O Blink-182 divulgou, nesta sexta-feira (20), um novo álbum de estúdio. O trabalho, intitulado ‘Nine’, chega por meio da Columbia Records, em CD, vinil, fita K7 e streaming.
Em entrevistas, os músicos já falaram sobre a direção de ‘Nine’, que sucede ‘California’ (2016) e é o segundo com o vocalista e guitarrista Matt Skiba (Alkaline Trio). O cantor e baixista Mark Hoppus disse, por exemplo, que o trabalho soa como ‘Take Off Your Pants And Jacket’ (2001). Já o baterista Travis Barker comentou que o registro é semelhante ao autointitulado (ou sem título) ‘Blink-182’ (2003).
Apesar do título ‘Nine’ (“nove”, em inglês), o álbum é considerado o oitavo álbum de estúdio do Blink-182. Todavia, na contagem do vocalista e baixista Mark Hoppus, a demo ‘Buddha’ (1994) é considerada como um disco.
Ouça no player a seguir, via Spotify:
Além disso, todas as faixas de ‘Nine’ ganharam lyric videos (com exceção daquelas que já tinham clipes, como ‘Darkside’ e ‘Generational Divide’). Confira os vídeos de todas as faixas:
‘Nine’: aos trancos e barrancos, um passo a frente
O Blink-182 precisava fazer um trabalho de segurança em ‘California’ (2016). Foi o primeiro álbum com Matt Skiba após a saída novelesca de Tom DeLonge, que deixou a formação para se dedicar à ufologia – para ele, a música ‘Aliens Exist’ nunca foi uma brincadeira.
Ainda que tenha feito alguns fãs torcerem o nariz, ‘California’ é um bom trabalho e trouxe todos os elementos que boa parte do público cativo do Blink-182 gostaria de ouvir em um disco da banda – algo que falta, inclusive, no fraco ‘Neighborhoods’ (2011). Para a sequência, era preciso ir além e trabalhar alguns elementos mais identitários e dar mais espaço não só a Skiba, como à criatividade de Mark Hoppus e Travis Barker.
‘Nine’ cumpre bem essa função. São raros os momentos de nostalgia entre as 15 faixas do álbum. Há tropeços em meio aos acertos, mas dá para ver que o trio buscou se arriscar um pouco mais.
Não há como definir a ótima ‘The First Time’, por exemplo, de outra forma que não seja “Blink-182 de 2019”. A identidade está ali, mas há mudanças claras. A grudenta ‘Darkside’, a rítmica ‘Run Away’ e a quase-pop ‘I Really Wish I Hated You’ também soam diferentes de boa parte do catálogo anterior da banda, ainda que esta última não seja tão convincente.
Curiosamente, as melhores músicas de ‘Nine’ estão em seu último terço, repleto de referências ao álbum de 2003 – até então, “peça única” na discografia. Faixas como ‘Pin the Grenade’, ‘No Heart To Speak Of’ e ‘On Some Emo Shit’, que parecem ter influência maior de Matt Skiba na criação, trazem elementos claros da sonoridade do antigo trabalho, responsável por marcar a aproximação do grupo ao chamado emocore da época. E estão aqui as melhores músicas do disco.
Os fãs mais conservadores não devem curtir ‘Nine’ por completo, mas há algumas músicas que prometem agradar a este perfil. ‘Happy Days’, por exemplo, é tão formatada que chega a doer. Também há ‘Heaven’, que não chega a surpreender. ‘Remember To Forget Me’ reproduz a pegada acústica que já havia aparecido em ‘Home Is Such A Lonely Place’, do álbum anterior.
A banda só tropeça mesmo nas músicas que forçam a estética mais pop, já presente de forma natural em quase todo o álbum. Faixas como a pasteurizada ‘Blame It On My Youth’ e a confusa ‘Black Rain’, além de um ou outro momento menos inspirado, comprometem um pouco a audição na íntegra.
O único problema concreto deste álbum é a produção. Na tentativa de reforçar as influências de hip hop e música eletrônica, o trabalho de John Feldmann, Tim Pagnotta e The Futuristics soa um pouco artificial. Os timbres ficaram bem comprimidos e se rolar um jogo de beber para cada vez que é colocado Auto-Tune em alguma música desse disco, todos ficariam incrivelmente bêbados.
Por diversos motivos, ‘Nine’ é um prato cheio para comparações. Não só entre Matt Skiba e Tom DeLonge, como também, a ‘Take Off Your Pants And Jacket’ e, especialmente, o álbum autointitulado (ou sem título) – reforçado pelos próprios integrantes em entrevistas. Porém, esse álbum não poderia ser feito por ninguém além do Blink-182 de 2019, com essa formação e no atual momento.
Apesar de algumas músicas dispensáveis, trata-se de um bom trabalho, que busca dar um passo adiante e dar sequência a uma banda que estaria encerrada na década passada se seguisse a movimentação esperada.
Veja, abaixo, a capa e a tracklist de ‘Nine’:
01. The First Time
02. Happy Days
03. Heaven
04. Darkside
05. Blame It On My Youth
06. Generational Divide
07. Run Away
08. Black Rain
09. I Really Wish I Hated You
10. Pin the Grenade
11. No Heart To Speak Of
12. Ransom
13. On Some Emo Shit
14. Hungover You
15. Remember To Forget Me