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Monster Truck agrada, mas não impressiona com com True Rockers

Resenha: Monster Truck – “True Rockers” (2019)

Apesar da trajetória relativamente curta, o Monster Truck tem feito barulho por onde passa. Não é à toa que o quarteto canadense formado por Jon “Marv” Harvey (vocal, baixo), Jeremy Widerman (guitarra), Brandon Bliss (teclados) e Steve Kiely (bateria) foi convidado para excursionar com nomes do porte de Alice In Chains, Deep Purple, Alter Bridge, ZZ Top, Nickelback e Slash – este último já elogiou a banda publicamente, aliás.

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Neste ano, o Monster Truck chega a 10 anos de carreira e conta com três álbuns lançados – o mais recente, “True Rockers”, chegou a público em setembro de 2018, com edição nacional (em digipack, sem encarte) da Hellion Records, selo brasileiro que também disponibilizou os outros dois, “Furiosity” (2013) e “Sittin’ Heavy” (2016).

Os dois trabalhos iniciais do Monster Truck são de grande qualidade. A banda aposta em um hard rock pesado e de garagem, que mescla um pouco da sonoridade clássica dos anos 1970 com a força e potência que um grupo contemporâneo precisa.

“True Rockers”, por sua vez, tenta mexer um pouco na fórmula do Monster Truck. Em alguns momentos, a banda soa mais stoner do que bluesy. Em outros, pulsa uma veia forte do southern rock, especialmente quando os teclados de Brandon Bliss aparecem mais destacados.

O álbum é, no geral, bom. O rock and roll do quarteto é divertido e cativante. Tudo está em seu devido lugar por aqui. Porém, o repertório passa a impressão de que algo a mais poderia ter sido feito para chegar a um patamar de excelência. Espera-se isso de uma banda que se mostrou tão promissora em seus trabalhos iniciais.

A faixa “True Rocker” abre o álbum com uma participação de Dee Snider que já decepciona: ao invés de cantar, o eterno frontman do Twisted Sister apenas fala. Apesar disso, é uma boa música, assim como a pesada “Thundertruck”, na sequência. Lançada como single, “Evolution” é um pouco enjoativa. Já “Devil Don’t Care” agrada por suas transições: vai de um hard rock canastrão a um stoner de peso.

“Being Cool Is Over” coloca o pé no acelerador e mantém tudo dentro do esperado, enquanto “Young City Hearts”, mais voltada para a melodia, flerta um pouco com o indie – soa diferente e me agrada justamente por isso. A bluesy “Undone” dá sequência ao momento reflexivo com êxito – é uma das melhores faixas do disco.

“In My Own World” chega, logo depois, numa pegada praticamente metal – e um tanto previsível. Aliás, a falta de surpresa marca os últimos momentos de “True Rockers”, já que as músicas seguintes, “Denim Danger” e “Hurricane”, soam esquecíveis, ainda que não desagradem. A arrastada e meio-southern “The Howlin'”, pelo menos, conclui a tracklist oferecendo algo diferente.

Em material de divulgação, Jon “Marv” Harvey diz: “Queremos que as pessoas ouçam e se divirtam o máximo possível”. O guitarrista Jeremy Widerman completa: “Logo no início do álbum, você me ouve gritar com Marv. Isso apenas começa a vibe desse álbum. Somos nós, em uma sala, nos divertindo, brincando e gritando um com o outro”.

Dentro dessa proposta de “diversão”, “True Rockers” é capaz de agradar. Para quem não conferiu os outros trabalhos do Monster Truck, também pode ser um bom disco. No entanto, para quem acompanha o grupo e notou seu potencial, parece que os músicos poderiam sair do lugar comum e oferecer um registro “definitivo” de suas carreiras.

Não foi dessa vez, embora algumas músicas consigam esse resultado mais satisfatório, mas ainda vale a pena dar o play. É um trabalho bom o bastante para ser ouvido até o fim. O único problema é que, talvez, não te faça voltar para repetir a experiência.

Jon “Marv” Harvey (vocal, baixo)
Jeremy Widerman (guitarra)
Brandon Bliss (teclados)
Steve Kiely (bateria)

1. True Rocker (com Dee Snider)
2. Thundertruck
3. Evolution
4. Devil Don’t Care
5. Being Cool Is Over
6. Young City Heart
7. Undone
8. In My Own World
9. Denim Danger
10. Hurricane
11. The Howlin’

Foto: Matthew Guido / divulgação
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Igor sua resenha expressou o que eu penso. Os dois primeiros álbuns do Monster são impecáveis, e esse atual é aquele álbum que não consigo curtir. Tentei, porém acabo voltando para os primeiros. Como voce disse, para quem nao conhece a banda, até passa, agora para quem conhece desde o primeiro álbum, fica dificil…rs… Excelente resenha.

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Apesar da trajetória relativamente curta, o Monster Truck tem feito barulho por onde passa. Não é à toa que o quarteto canadense formado por Jon “Marv” Harvey (vocal, baixo), Jeremy Widerman (guitarra), Brandon Bliss (teclados) e Steve Kiely (bateria) foi convidado para excursionar com nomes do porte de Alice In Chains, Deep Purple, Alter Bridge, ZZ Top, Nickelback e Slash – este último já elogiou a banda publicamente, aliás.

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Neste ano, o Monster Truck chega a 10 anos de carreira e conta com três álbuns lançados – o mais recente, “True Rockers”, chegou a público em setembro de 2018, com edição nacional (em digipack, sem encarte) da Hellion Records, selo brasileiro que também disponibilizou os outros dois, “Furiosity” (2013) e “Sittin’ Heavy” (2016).

Os dois trabalhos iniciais do Monster Truck são de grande qualidade. A banda aposta em um hard rock pesado e de garagem, que mescla um pouco da sonoridade clássica dos anos 1970 com a força e potência que um grupo contemporâneo precisa.

“True Rockers”, por sua vez, tenta mexer um pouco na fórmula do Monster Truck. Em alguns momentos, a banda soa mais stoner do que bluesy. Em outros, pulsa uma veia forte do southern rock, especialmente quando os teclados de Brandon Bliss aparecem mais destacados.

O álbum é, no geral, bom. O rock and roll do quarteto é divertido e cativante. Tudo está em seu devido lugar por aqui. Porém, o repertório passa a impressão de que algo a mais poderia ter sido feito para chegar a um patamar de excelência. Espera-se isso de uma banda que se mostrou tão promissora em seus trabalhos iniciais.

A faixa “True Rocker” abre o álbum com uma participação de Dee Snider que já decepciona: ao invés de cantar, o eterno frontman do Twisted Sister apenas fala. Apesar disso, é uma boa música, assim como a pesada “Thundertruck”, na sequência. Lançada como single, “Evolution” é um pouco enjoativa. Já “Devil Don’t Care” agrada por suas transições: vai de um hard rock canastrão a um stoner de peso.

“Being Cool Is Over” coloca o pé no acelerador e mantém tudo dentro do esperado, enquanto “Young City Hearts”, mais voltada para a melodia, flerta um pouco com o indie – soa diferente e me agrada justamente por isso. A bluesy “Undone” dá sequência ao momento reflexivo com êxito – é uma das melhores faixas do disco.

“In My Own World” chega, logo depois, numa pegada praticamente metal – e um tanto previsível. Aliás, a falta de surpresa marca os últimos momentos de “True Rockers”, já que as músicas seguintes, “Denim Danger” e “Hurricane”, soam esquecíveis, ainda que não desagradem. A arrastada e meio-southern “The Howlin'”, pelo menos, conclui a tracklist oferecendo algo diferente.

Em material de divulgação, Jon “Marv” Harvey diz: “Queremos que as pessoas ouçam e se divirtam o máximo possível”. O guitarrista Jeremy Widerman completa: “Logo no início do álbum, você me ouve gritar com Marv. Isso apenas começa a vibe desse álbum. Somos nós, em uma sala, nos divertindo, brincando e gritando um com o outro”.

Dentro dessa proposta de “diversão”, “True Rockers” é capaz de agradar. Para quem não conferiu os outros trabalhos do Monster Truck, também pode ser um bom disco. No entanto, para quem acompanha o grupo e notou seu potencial, parece que os músicos poderiam sair do lugar comum e oferecer um registro “definitivo” de suas carreiras.

Não foi dessa vez, embora algumas músicas consigam esse resultado mais satisfatório, mas ainda vale a pena dar o play. É um trabalho bom o bastante para ser ouvido até o fim. O único problema é que, talvez, não te faça voltar para repetir a experiência.

Jon “Marv” Harvey (vocal, baixo)
Jeremy Widerman (guitarra)
Brandon Bliss (teclados)
Steve Kiely (bateria)

1. True Rocker (com Dee Snider)
2. Thundertruck
3. Evolution
4. Devil Don’t Care
5. Being Cool Is Over
6. Young City Heart
7. Undone
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9. Denim Danger
10. Hurricane
11. The Howlin’

Foto: Matthew Guido / divulgação
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Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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  1. Igor sua resenha expressou o que eu penso. Os dois primeiros álbuns do Monster são impecáveis, e esse atual é aquele álbum que não consigo curtir. Tentei, porém acabo voltando para os primeiros. Como voce disse, para quem nao conhece a banda, até passa, agora para quem conhece desde o primeiro álbum, fica dificil…rs… Excelente resenha.

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