O Sepultura anunciou, por meio de suas redes sociais, que irá realizar uma transmissão online gratuita de seu show em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O intuito é compensar os fãs da banda no Líbano, país cujo governo não liberou vistos para os músicos realizarem um show em Beirute, marcado para domingo (28), sob acusação de que o grupo “insulta o cristianismo” e “adora o demônio”.
“Gostaríamos de manifestar ao nosso público de Beirute a nossa profunda insatisfação pela situação a que fomos submetidos pelo escritório de segurança do Líbano, que culminou com o cancelamento do nosso show que aconteceria ontem (28) no The Palace – Hamra”, disse a banda, inicialmente.
“Em 35 anos de historia, foi a primeira vez que tivemos a nossa entrada bloqueada em um país por uma falsa interpretação de nossos propósitos e valores. Nosso intuito sempre foi o de promover, através da música, a reflexão, a união e a liberdade de expressão sem fazer qualquer distinção politica, racial ou religiosa”, afirmou.
A nota complementa: “E para tentar minimamente compensar a todos que assim como nos, se frustraram com o ocorrido, gostaríamos de convida-los para assistir a transmissão ao vivo que faremos do próximo show de Dubai no dia 2 de maio em homenagem aos nossos fãs libaneses que não puderam nos assistir presencialmente”.
O show será transmitido por meio do canal do Sepultura no YouTube, na próxima quinta-feira (2), a partir das 16h (horário de Brasília).
Entenda o caso
O show do Sepultura no Líbano foi cancelado porque o governo do país não emitiu os vistos dos integrantes, sob a justificativa de que a banda “insulta o cristianismo” e “adora o demônio”. A notícia com a proibição foi publicada pelo site Albawaba após anúncio realizado pela produtora de eventos Skull Sessions. A apresentação aconteceria no distrito de Hamra.
A empresa afirmou que não teve acesso ao documento de proibição. No entanto, o motivo foi revelado por oficiais que tiveram acesso à papelada. “Aprendemos que eles são adoradores do diabo, que desrespeitam o cristianismo e se apresentaram em Israel – o que, claro, não é verdade”, afirmou.
Embora o Sepultura realmente não tenha se apresentado em Israel, o clipe de “Territory”, de 1993, foi filmado no país e também na Palestina. Dessa forma, quem conta com selo israelense no passaporte não pode ir ao Líbano.
À agência EFE, o produtor Bassel Deaibess, da Skull Session, explicou: “”Queremos esclarecer que as acusações são totalmente falsas. O grupo não tocou em Israel e o videoclipe critica o racismo desse país, mas sem nomeá-lo, e nele os membros do grupo tomam chá com árabes”.
Segundo Deaibess, o Sepultura “não adota nenhuma ideologia ou demonstra afinidade com qualquer pensamento”. “Ao contrário, através de suas canções, pede que as pessoas se voltem para Deus, rejeita uma sociedade automatizada e anormal, e, por isso, alguns os consideram adoradores do diabo”, disse.
Outro organizador do evento, que não teve a sua identidade revelada pela reportagem da EFE, afirmou que o show do Sepultura coincidiria com a celebração da Páscoa dos cristãos do Líbano. Por isso, religiosos pediram a proibição da apresentação da banda.