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A entrevista de Gene Simmons e Paul Stanley que enfureceu Ace Frehley

Na noite da última terça-feira (29), o ex-guitarrista do Kiss, Ace Frehley, fez uma publicação nas redes sociais em que demonstrou estar chateado com uma entrevista concedida por seus antigos colegas de banda, Gene Simmons e Paul Stanley, à Guitar World. Na postagem, Frehley contestou as declarações da dupla e ainda fez uma acusação direta a Simmons – ele disse que o Demon apalpou sua esposa, Rachael Gordon, e lhe fez uma proposta sexual. “Ela planejava te processar, mas eu falei para ela não fazer isso”, afirmou Ace.

Mas, afinal, o que Gene Simmons e Paul Stanley disseram durante essa entrevista? A principal declaração responsável por chatear Ace Frehley é uma fala de Simmons sobre a chance de ele e o ex-baterista do Kiss, Peter Criss, participarem da turnê de despedida da banda, “End Of The Road”.

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“Ace e Peter tiveram três chances”, disse Gene. “Eles estiveram dentro e fora da banda – demitidos – por três vezes. Por drogas, álcool, mau comportamento, falta de profissionalismo… eles não estavam fazendo a parte deles. A resposta mais curta para essa pergunta é: adoraríamos ter Ace e Peter junto a nós aqui e ali. Se isso não acontecer, não será por causa de nós. Porém, eles nunca estarão de volta ao Kiss novamente”, completou.

Simmons destacou que o grande ponto é que foram dadas “três chances”. “Não adianta dizer: ‘eu prometo que vou parar’. É como o garoto que dá um alarme falso: ‘oh, eu tenho sido correto há um milhão de anos’. Incrível! Tenha uma boa vida! Vamos aceitar Ace ou Peter para subir ao palco e tocar uma ou duas músicas? Claro. Poderíamos depender de Ace ou Peter para fazer um show completo noite após noite? De jeito nenhum”, afirmou.

Em seguida, Paul Stanley comentou que “não cabe a ele” dizer se ex-integrantes do Kiss vão se juntar à banda para participações especiais durante a turnê. Porém, ele destacou que o momento é de “celebração por suas realizações e história”. “Qualquer um que pensar que isso é uma reunião, está errando em sua análise. Dito isso, eu adoraria ver todos no palco, em um momento ou outro. Se isso não acontecer, a escolha é dessas pessoas e não minha”, disse.

O guitarrista Bruce Kulick, que esteve na banda entre 1984 e 1995, foi citado por Paul Stanley e Gene Simmons com elogios. “Nós amamos Bruce. Ele sempre foi profissional e aparecia na hora marcada. Não posso falar nada de ruim sobre ele”, disse Simmons. “Bruce é alguém que não deve ser negligenciado ou subestimado com relação ao seu papel na banda”, completou Stanley.

O tom dos comentários sobre Vinnie Vincent, guitarrista que esteve no Kiss entre 1982 e 1984, foi um pouco diferente – e não é para menos, já que o músico moveu diversos processos contra Paul Stanley e Gene Simmons, sendo derrotado em todos eles. “Vinnie é uma exceção – e por muitas razões. Eu diria que essa não é uma pessoa que eu gostaria de celebrar”, disse Stanley.

“Vale a pena dizer que Vinnie processou a banda e perdeu por 14 vezes”, complementou Simmons. “Não estou aqui para opinar, ele é talentoso e por isso esteve conosco. Porém, eu dependeria dele para subir no palco e fazer alguma coisa? Nunca. Ele pode vir aos shows? Claro, como qualquer outro. No palco? Não”.

A resposta de Ace

Por meio das redes sociais, Ace Frehley disse que a memória de Gene Simmons está “incorreta”, pois ele nunca foi demitido do Kiss. “Saí duas vezes (não três) por vontade própria, porque você e Paul são controladores, indignos de confiança e muito difíceis de se trabalhar. Seus comentários caluniosos sobre meus hábitos ao longo dos anos já me custaram milhões de dólares. Agora, que estou sóbrio há mais de 12 anos, você continua dizendo que eu não consigo fazer shows completos – bem, eu tenho feito isso nos últimos 12 anos com diferentes configurações da minha banda, para seu desalento e o de Paul”, afirmou.

Frehley disse que tem orgulho de ser o artista solo de maior sucesso a surgir da formação original do Kiss. “Você e Paul tentaram inviabilizar minha carreira solo, sem sucesso, por várias vezes. Tentei ser legal ao convidar você e Paul para tocar nos meus últimos álbuns pela eOne Music, presenteando vocês com modelos da minha guitarra Gibson Les Paul 59′, mas os comentários de hoje me fizeram perceber que você é só um idiota e viciado em sexo, que está sendo processado por várias mulheres e tenta varrer tudo para debaixo do tapete”, pontuou.

Em seguida, Ace fez uma acusação a Gene: “A gota d’água foi quando você apalpou minha esposa (Rachael Gordon) e fez uma proposta sexual para ela em Los Angeles, no prédio da Capitol Records, pelas minhas costas, quando eu estava te ajudando em um de seus eventos ‘Vault’. Só fiquei sabendo semanas depois. Ela planejava te processar, mas eu falei para ela não fazer isso”.

Por fim, Frehley disse que os comentários representam “o fim da linha” (em trocadilho com “end of the road”) para Simmons. “Sem um pedido de desculpas, uma oferta para me devolver meu antigo emprego e tirar Tommy (Thayer, atual guitarrista do Kiss) do trono que eu criei, a m*rda será atirada no ventilador e isso não terá fim”, afirmou.

Sobre a “End Of The Road”

A “End Of The Road” foi anunciada oficialmente pelo Kiss em setembro do ano passado, durante uma apresentação no talent show americano “America´s Got Talent”. “Essa será nossa última turnê. Será o maior e mais explosivo show que já fizemos. Pessoas que nos amam, venham nos ver. Se você nunca nos viu, essa é a hora. Será o show”, disse Paul Stanley, em comunicado à imprensa.

De janeiro a abril, a turnê vai rodar pela América do Norte. Entre maio e julho, a rota é a Europa. Já em novembro e dezembro, o grupo excursiona pela Oceania.

O argentino Christian Acosta, que costuma ser boa fonte sobre turnês na América do Sul, afirmou, em publicação no Twitter, que o Kiss anunciará shows no continente em breve. Uma eventual tour sul-americana da banda, certamente, abrangeria o Brasil, por onde o grupo já passou por seis vezes – a última, em 2015, com a “40th Anniversary Tour”.

Não é o primeiro “adeus”

Curiosamente, a “End Of The Road” não é a primeira turnê de despedida do Kiss. Em 2000, após duas turnês com a reunida formação original – composta por Paul Stanley, Gene Simmons Ace Frehley e Peter Criss -, a banda anunciou que encerraria suas atividades, mas, antes, realizariam a “Farewell Tour”. A excursão rodou pela América do Norte em 2000.

O contrato do baterista Peter Criss se encerrava após o último show de 2000, mas foram marcadas datas em 2001, na Ásia e na Austrália. Não foi possível renovar com Criss, então, Eric Singer assumiu o posto para essas datas específicas.

Em 2002, já sem Ace Frehley, mas com Peter Criss de volta, a banda anunciou que não se aposentaria. No ano seguinte, foi realizada a “World Domination Tour”, com o guitarrista Tommy Thayer no posto de Ace Frehley.

O contrato de Peter Criss, novamente, não foi renovado e ele deixou o Kiss. Em 2004, o grupo voltou com Eric Singer, além de Tommy Thayer. Em entrevistas, os líderes e remanescentes, Paul Stanley e Gene Simmons, explicaram que não queriam encerrar a banda, apenas se “livrarem” de Ace Frehley e Criss.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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