Críticas de ‘Bohemian Rhapsody’ apontam filme raso e homofóbico

As primeiras críticas sobre “Bohemian Rhapsody”, cinebiografia do Queen sob a visão do vocalista Freddie Mercury, estão sendo divulgadas nesta semana. O filme estreia no Brasil nesta quinta-feira (1°) e, na sexta (2), chega aos cinemas dos Estados Unidos.

Scott Mendelson, da Forbes, disse que “Bohemian Rhapsody” tem um tom homofóbico. “O filme não consegue se libertar da fórmula de cinebiografia, especialmente nos desvios à vida pessoal de Mercury, que, inexplicavelmente, reformula sua história de vida para um ‘Afterschool Special’ sobre os perigos de farrear e sexo gay. Freddie é apresentado como bissexual, mas o film argumenta que ele teria ficado bem se ficasse em um relacionamento heterossexual e monogâmico com Mary Austin. Seja homofóbico ou slut-shaming, é nojento”, afirma.

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Steve Rose, do The Guardian, destacou a interpretação de Rami Malek, mas deu apenas duas estrelas ao filme – para ele, o longa tem um “subtexto moralista problemático”. “O filme mostra os anos de selvageria de Mercury como um sintoma de sua homossexualidade. Nós vemos Mercury sozinho em Munique, viciado em drogas, sem seus amigos verdadeiros e explorados por seus novos amigos, que, em maioria, são homens farristas vestidos de couro. Isso reduz a homossexualidade de Mercury a algo como: ‘ele entrou para a turma errada'”, diz.

Segundo Owen Gleiberman, da Variety, “Bohemian Rhapsody” não consegue ser um filme melhor mesmo com um desempenho imponente de Rami Malek. “Apesar do assunto eletrizante, é uma cinebiografia convencional, meio-termo e recortada, que percorre por eventos em vez de se aprofundar neles. E trata a vida pessoal de Freddie – sua identidade sexual romântica, sua solidão, suas aventuras irresponsáveis em clubes gays – com a reticência de luvas infantis”, afirma.

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Já faz algum tempo que o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor estão com o conceito de “Bohemian Rhapsody” finalizado – eles serão, inclusive, os produtores executivos do longa. Em entrevistas, eles afirmam que a ideia é fazer um filme mais “familiar”, que pode, de certa forma, ocultar detalhes sobre a vida pessoal de Freddie Mercury.

O cantor era bissexual, mas May e Taylor já revelaram, anteriormente, que a orientação sexual do vocalista não era conhecida por eles nos tempos de Queen. A ausência de menções à sexualidade de Mercury teriam feito, inclusive, com que o ator Sacha Baron Cohen – inicialmente cotado para interpretá-lo no filme – desistisse do papel.

O papel de Freddie Mercury acabou ficando com Rami Malek após Sacha Baron Cohen ter discordado do viés que o longa-metragem teria: Cohen queria que a história mostrasse a vida pessoal de Mercury, com direito a classificação indicativa para maiores de 18 anos, enquanto que o roteiro indicava foco na trajetória profissional do cantor.

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Em 2016, Sacha Baron Cohen explicou a Howard Stern por que abandonou o elenco do filme. “Não deveria ter ficado tanto tempo envolvido, pois na primeira reunião, anos atrás, um dos membros da banda disse: ‘esse filme será ótimo, porque o que acontece no meio é excelente’. Perguntei o que seria e ele respondeu: ‘Freddie morre, ué’. Deduzi que seria como ‘Pulp Fiction’, em que o meio é o fim, mas ele disse: ‘não, será normal’. Perguntei o que teria na segunda metade e ele explicou: ‘vamos mostrar como a banda seguiu em frente fazendo sucesso’. Eu falei: ‘cara, ninguém vai querer ver um filme em que o protagonista morre de Aids no meio e a carreira de seu grupo continua'”, afirmou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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