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Entrevista: Lordi une o melhor de seus dois mundos com novo disco, ‘Sexorcism’

Quando uma banda tem estilos musical e até estético muito bem definidos, pode ser complicado apostar em uma grande reinvenção. Entretanto, o Lordi está tentando soar, na medida do possível, renovado em seus trabalhos mais recentes – o mais recente e 9° da carreira da banda é “Sexorcism”, lançado neste ano por meio da AFM Records.

A banda já havia demonstrado seu desejo em se aventurar um pouco mais no álbum anterior, “Monstereophonic (Theaterror vs. Demonarchy)”, divulgado em 2016. O registro, duplo, é dividido entre músicas mais ligadas ao hard n’ heavy direto e pesado que consagrou o Lordi e faixas mais longas, entrelaçadas por uma proposta conceitual.

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Agora, “Sexorcism” parece aliar elementos de “Monstereophonic” e “The Arockalypse”, disco de maior sucesso da banda, lançado em 2006. E, em entrevista exclusiva, o baixista Ox concorda com essa reflexão. “Acho que o ‘Sexorcism’ é como a união entre o Lordi antigo e moderno. Não sei se era para ser assim, mas, sim, se ‘The Arockalypse’ e ‘Monstereophonic’ tivessem um bebê, talvez soasse como ‘Sexorcism'”, afirmou.

Um dos grandes diferenciais de “Sexorcism” é o cuidado maior com os ganchos melódicos. Dá para perceber, especialmente, nas músicas escolhidas como singles: “Your Tongue’s Got the Cat” e “Naked in My Cellar”.

A tecladista Hella, que está na banda desde 2012, é um dos pontos de equilíbrio nesse sentido. “Os teclados são uma parte muito importante do som do Lordi. Muitos dos sons e vibes de terror vêm dos teclados, então eles precisam estar altos na mixagem. […] Não sei se foi planejado ter mais teclados, mas está relacionado à música: se precisa de muitos teclados, então, é o que ela fará”, afirmou Ox.

Embora tenha algumas nuances mais complexas, “Sexorcism” traz o que se espera do Lordi: hard n’ heavy feito para chocar. Até demais, em algumas canções. “É engraçado: quando as músicas são sobre matar pessoas e garotas que cortam cabeças na cidade, está tudo bem, mas cantar sobre fantasias sexuais mais obscuras não é algo ok. Isso é um pouco controverso”, disse o baixista.

Atualmente, o Lordi tem promovido “Sexorcism” com shows pela Europa. Até o momento, não há previsão de passagem da banda pela América do Sul, mas, segundo Ox, não falta vontade por parte do grupo “Adoraríamos ir ao Brasil! Tem sido nosso sonho por todo esse tempo ir à América do Sul. Apenas não sabemos se isso acontecerá nessa turnê ou não, pois não depende da gente. Ir à América do Sul sempre está em nossas mentes e prometo que vamos tentar ir até aí. Espero que dessa vez a gente consiga ir e conhecer os fãs dos quais ouvimos falar tanto”, afirmou.

Line-up consistente

Por trás das máscaras e fantasias, há pessoas fazendo o Lordi acontecer. E ter uma formação de músicos estável desde 2012, em uma banda onde a troca de integrantes costumava ser regular, é um ponto a favor do “novo Lordi”. Atualmente, o grpo conta com Mr. Lordi nos vocais e no comando das composições, Amen na guitarra e Mana na bateria, além dos já citados Ox no baixo e Hella nos teclados.

“Essa formação durou porque todas as peças estão encaixadas. Quando se está morando em um ônibus por meses com outras pessoas, há certas coisas que você precisa ter, como respeito aos outros e considerar os outros. Claro, temos nossos altos e baixos como todos, mas, no geral, somos pessoas que não ocupam muito espaço mentalmente ou reclamam constantemente. Por exemplo, Hella excursionou conosco enquanto estava grávida por duas vezes e eu não me lembro de ouvi-la reclamar nenhuma vez. É por isso que funciona – e precisa, porque não podemos bancar cinco ônibus separados”, afirmou Ox, aos risos.

O bom momento do Lordi, inclusive, colabora com a produtividade da banda. Quatro discos, sendo um duplo, foram lançados desde 2012: “To Beast Or Not To Beast” (2013), “Scare Force One” (2014), “Monstereophonic” (2016) e “Sexorcism” (2018). Tudo isso em meio a um momento confuso da indústria musical: o streaming não é rentável, discos físicos não rendem tão bem e turnês, muitas vezes, são a única opção real para se continuar a sobreviver no segmento.

“A fábrica de canções do Mr. Lordi continua gerando novas músicas, então é por isso que a banda segue produtiva. No entanto, os negócios da música estão um pouco confusos. Seria muito difícil lançar músicas e não álbuns como muitos fazem. Somos tão velhos que quando ouvimos música, temos que ter o álbum em nossas mãos, fisicamente, e olhar para ele enquanto o ouvimos. Toda a experiência! Assim como quando éramos crianças, sabe… e também, somos uma banda muito visual, que por si só exige o álbum inteiro com a arte do Mr. Lordi”, disse o baixista.

Eurovision? “WTF”!

O Lordi se notabilizou após ter vencido a edição de 2006 do Eurovision Song Contest, uma competição musical que abrange toda a Europa. A conquista foi um tanto curiosa, já que o concurso é destinado, geralmente, a estilos mais leves – tanto que o Lordi é a única banda de gêneros mais pesados do rock a levar o prêmio para casa.

Quando Ox pensa na conquista do Eurovision de 2006, apenas uma expressão vem à sua mente: “WTF” (“what the f*ck”, algo como “que p*rra é essa”). “Ainda penso um pouco assim. Não sei o que aconteceu. Foi ótimo, algo grande para a Finlândia e para nós, tendo aberto muitas portas, algo pelo qual sou grato. Eu havia entrado na banda sete meses antes e estávamos no meio de uma turnê pela Finlândia muito pequena, tocando para 150 pessoas, e, então, isso aconteceu”, disse.

O baixista revela que torceu secretamente para que o Lordi não vencesse – “sou uma pessoa que não gosta de muita atenção e sabia que haveria um grande transtorno em volta disso”, conta -, mas, na realidade, a situação foi um pouco mais fácil de se driblar por um motivo óbvio. “A máscara foi uma bênção para mim”, afirmou, aos risos.

Curiosamente, Ox viu a proposta visual do Lordi com bons olhos ao entrar na banda. “Todo o conceito foi legal para mim desde o começo. Era exatamente o que eu estava procurando. A banda é uma mistura perfeita entre Rob Zombie, Alice Cooper e Kiss, e sou um grande fã de todas essas bandas”, disse.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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