O vocalista e guitarrista Justin Hawkins diz que sempre sabia que o The Darkness seria grande. “Quando gravamos ‘Permission To Land’, sabíamos que seria bem recebido”, afirmou, em entrevista à Team Rock. Talvez soe oportunista que Hawkins diga isso após tudo o que aconteceu, mas não daria para pensar em algo diferente. O disco de estreia do The Darkness, lançado em 7 de julho de 2003, é, realmente, muito bom.
Formado na pequena cidade inglesa de Lowestorft, o The Darkness percorreu as casas de shows britânicas entre 2000 e 2002, antes de começar a gravar “Permission To Land”. Justin Hawkins já tinha carreira na música como compositor de jingles e havia comandado a banda Empire, ao lado de seu irmão, o guitarrista Dan Hawkins, e do baixista Frankie Poullain. O projeto evoluiu para o The Darkness e os músicos recrutaram Ed Graham para a bateria.
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Com o dinheiro de um dos jingles de Justin e ajuda dos pais dos irmãos Hawkins, foi possível gravar “Permission To Land”, que acabou sendo lançado pela Atlantic. E o resto é história: o álbum ficou no topo das paradas britânicas por um mês, tendo vendido 1,5 milhão de cópias por lá, além de ter conseguido números expressivos nos Estados Unidos, Austrália, Suécia e Alemanha, entre outros países.
E o que há de tão sedutor em “Permission To Land”? Não seria exagerado dizer que esse disco colocou o hard rock de volta ao mapa. Em termos comerciais, o estilo passou boa parte da década de 1990 nas sombras, tendo sido sobreposto por ramificações alternativas do rock e do metal. Era inimaginável um álbum como esse – de sonoridade moderna, mas fortemente baseada no glam/hard rock da década de 1970 -, conquistar tanto sucesso em plano século 21.
Além disso, “Permission To Land” pareceu ter trazido a figura clássica do rockstar à tona. Em tempos onde as bandas fugiam dessa figura, os irmãos Hawkins e seus parceiros chamavam essa responsabilidade para si, seja pelas músicas em pegada “hino de arena” ou pela pegada performática.
Por um lado, “Permission To Land” fez com que o The Darkness fosse descrito como “a perfeita mistura entre AC/DC e Queen”. Por outro, porém, há um charme original nas músicas, especialmente pelos vocais agudíssimos de Justin Hawkins e pela imposição das guitarras, com os riffs sempre em primeiro lugar.
Grande parte do sucesso comercial de “Permission To Land” veio graças ao hit “I Believe In A Thing Called Love”, uma música que resume a imagem que o The Darkness queria passar: a de uma banda despojada, quase cômica – rock é diversão, embora muitos se esqueçam disso -, mas de muita qualidade. A canção emplacou em diversos países, incluindo o Brasil, onde atingiu a 28ª posição das paradas após ter sido incluída na trilha sonora da novela “Da Cor do Pecado”, exibida pela Rede Globo.
Outras músicas, porém, também se destacam, como as baladas “Growing On Me” e “Love Is Only A Feeling”, as intensas “Black Shuck” e “Stuck In A Rut” e as pesadas “Get Your Hands Off My Woman” e “Love On The Rocks With No Ice”. Todas as faixas de “Permission To Land” são boas.
O The Darkness nunca mais conseguiu repetir o padrão de qualidade de “Permission To Land”, ainda que tenha lançado bons discos após esse. A banda chegou a ficar separada por cinco anos, entre 2006 e 2011, mas voltou e, entre os trabalhos divulgados desde então, cabe destacar “Last Of Our Kind” (2015).
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Por mais que exista a eterna pressão em se fazer um disco tão bom quanto “Permission To Land”, talvez não seja necessário: o The Darkness cumpriu muito bem o seu papel há 15 anos.
Justin Hawkins (vocal, guitarra, sintetizadores, piano)
Dan Hawkins (guitarra)
Frankie Poullain (baixo)
Ed Graham (bateria)
1. Black Shuck
2. Get Your Hands Off My Woman
3. Growing On Me
4. I Believe In A Thing Called Love
5. Love Is Only A Feeling
6. Givin’ Up
7. Stuck In A Rut
8. Friday Night
9. Love On The Rocks With No Ice
10. Holding My Own