Quando esporte e música se encontram

Moscou, Rússia: Final da Copa do Mundo de 2018. Momentos antes de França e Croácia iniciarem o combate que consagrou os franceses com o bicampeonato mundial, um ex-jogador rouba a cena durante o show de abertura. Ninguém mais, ninguém menos, que o nosso Ronaldinho Gaúcho e seu reluzente sorriso descendo a mão numa conga. Tal cena com o eterno puxador de pagode da Seleção Brasileira leva à reflexão sobre a relação entre música e esportes.

Em outro artigo, foi explicado como a música pode influenciar no desempenho de atletas profissionais e amadores. Agora, é hora de falar sobre os atletas que, assim como Ronaldinho Gaúcho, arriscaram-se no campo musical.

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Há uma ilustre galeria de músicos que, por pouco, não se tornaram atletas profissionais. Quer um bom exemplo? Julio Iglesias. O cantor espanhol atuou como goleiro no time juvenil do poderoso Real Madrid, entre 1958 e 1962. No ano seguinte, teve sua carreira esportiva interrompida por um trágico acidente de carro que o deixou paralisado durante um ano e meio. Ainda no hospital, o então goleiro começou a compor as suas primeiras canções românticas.

Outros músicos “quase atletas” que merecem uma menção são: Bruce Dickinson, do Iron Maiden (o cara era esgrimista!); Steve Harris, também do Maiden (quase foi jogador profissional do West Ham United); Lars Ulrich, do Metallica (filho do tenista Torben Ulrich, pensou em seguir os passos do pai) e Rod Stewart (chegou a fazer testes para jogar no Brentford FC).

Finalmente, o grande foco dessa matéria: os atletas profissionais que, após brilharem em suas modalidades (ou até mesmo durante), resolveram se arriscar pela música. E eu não poderia começar por outro nome senão o do Rei do Futebol, o Atleta do Século… Pelé! Ao todo, foram mais de 120 músicas compostas, incluindo canções infantis (quem não lembra do hit “ABC”?).

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Pelé tem uma longa trajetória no meio musical, que começou antes mesmo dele se sagrar tricampeão do mundo em 1970. Ainda nos anos 60, o Rei iniciou a sua carreia de cantor, compositor e instrumentista com a luxuosa parceria de Elis Regina. Os dois lançaram um compacto intitulado “Tabelinha – Pelé x Elis”, que trazia dois duetos: a bem-humorada “Vexamão” e a canção “Perdão não tem vez”. Detalhe: ambas de autoria do próprio Pelé. Em 1969, em depoimento ao Museu da Imagem e do Som (MIS), o craque interpretou um trecho de “Canção de Natal”.

Mas o ponto alto de sua carreira ainda estava por vir. Em 1977, ano em que pendurou as chuteiras, Pelé lançou um LP cantando ao lado do grupo Sergio Mendes & Brasil ’66. O disco teve lançamento mundial e a faixa “Meu Mundo é Uma Bola” fez bastante sucesso. No mesmo ano, Pelé ainda dividiu os vocais com outro rei, Roberto Carlos, no seu especial de fim de ano. Anos mais tarde, Pelé cantou com Jair Rodrigues no hit “Rei do Futebol”.

Ainda no futebol, podemos destacar o ex-lateral do Flamengo e da Seleção Brasileira, Júnior. Ele ostenta até hoje a marca de jogador brasileiro que mais vendeu cópias de discos na história. Seu grande hit foi “Povo Feliz”, mais conhecida como “Voa, Canarinho”. A gravação conseguiu ganhar um disco de platina, atingindo a impressionante marca de 726 mil cópias.

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Nos gramados internacionais, os nossos destaques vão para o argentino Lionel Messi, que dedica seu tempo livre numa banda cover do Oasis (o craque assume o papel de Noel Gallagher) e o goleiro Petr Cech, do Chelsea, que é baterista numa banda de rock e posta seus vídeos tocando músicas do Foo Fighters, Coldplay e U2.

E não são apenas os jogadores de futebol que flertam com a música. Shaquille O’Neal, antigo astro da NBA, lançou quatro álbuns de rap: “Shaq Diesel”, de 1993; “Shaq Fu: da Return”, de 1994; “You Can’t Stop the Reign”, de 1996; e “Respect”, de 1998. Como hobby, ele se apresenta como DJ Diesel em festas privadas e eventos de grande porte como o Jogo das Estrelas da MLB (a liga de beisebol dos Estados Unidos).

Já no campo dos esportes mentais, destaca-se o brasileiro Felipe ‘Mojave’ Ramos. Multicampeão de poker, o atleta não esconde sua devoção pela música e mantém ainda hoje as credenciais de músico-compositor e produtor musical, com direito a formação em conservatório.

Bernie Williams, ex-jogador de baseball do New York Yankees, tornou-se um renomado guitarrista de jazz. John McEnroe, o polêmico e lendário tenista, chegou a tocar na banda The Johnny Smyth Band. O boxeador Oscar de La Hoya lançou em 2000 um álbum de pop latino que foi nomeado ao Grammy!

A relação entre música e esportes é intensa. No Brasil e no mundo, são muitos os exemplos de atletas e músicos que tiveram suas trajetórias tocadas pelos dois campos. Afinal, as quadras esportivas não deixam de ser um palco onde os artistas desfilam todo o seu talento sem desafinar.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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