Os 40 anos de ‘Live And Dangerous’, o imponente disco ao vivo do Thin Lizzy

Thin Lizzy – “Live And Dangerous”
Lançado em 2 de junho de 1978

Após o lançamento bem sucedido da trinca de álbuns “Jailbreak”, “Johnny The Fox” e “Bad Reputation” – este último, com a produção de Tony Visconti, que se tornou lendário após trabalhos com David Bowie -, o Thin Lizzy decidiu manter o ritmo gravando mais um álbum. Visconti foi solicitado para comandar o processo novamente, mas, por conta de sua agenda cheia, não daria para entrar em estúdio. Dessa forma, o baixista e vocalista Phil Lynott teve uma ideia ainda melhor: fazer um disco ao vivo.

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A situação era apropriada para um lançamento do tipo, já que o quarteto desfrutava de seus melhores dias. Porém, na época, o público ainda estava se abrindo a discos ao vivo, que, geralmente, eram feitos apenas por artistas em final de carreira. “Live And Dangerous” colaborou para quebrar esse paradigma, juntamente de outros trabalhos como “Alive!” (Kiss), “Made In Japan” (Deep Purple) e “Frampton Comes Alive” (Peter Frampton), todos da década de 1970.

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As gravações que compõem “Live And Dangerous” foram captadas em diversos shows do Thin Lizzy, realizados em turnês diferentes, que promoviam os álbuns “Johnny The Fox” e “Bad Reputation”. No posterior lançamento em vídeo, ainda há outros concertos. É importante entender que “Live And Dangerous”, em suas duas versões, trata-se de uma compilação dos melhores momentos ao vivo do grupo, em vez de um retrato de uma só apresentação do início ao fim.

Apesar das controvérsias acerca dos famigerados overdubs (técnica que adiciona novas trilhas à uma gravação já realizada, ou seja, consertar as “falhas” com novas gravações), “Live And Dangerous” é um dos melhores e mais conhecidos discos ao vivo do rock. A partir dele, o próprio uso do overdub passou a ser melhor compreendido por fãs e crítica, pois foi motivo para a imprensa especializada esculachar o já citado “Alive!”, do Kiss. E as bootlegs da época não mentem: mesmo sem edição, o Thin Lizzy daquela época beirava a perfeição nos palcos.

Lançado em formato duplo com pouco mais de 75 minutos de boa música, “Live And Dangerous” traz um repertório escolhido a dedo. As músicas mais fortes do Thin Lizzy fazem parte do repertório, que destacou as faixas produzidas pela formação que o gravou e que trabalhava junta desde 1975 – com Brian Robertson e Scott Gorham nas guitarras e Brian Downey na bateria, além de Phil Lynott nos vocais e baixo.

A dupla de guitarristas, aliás, comprova raro entrosamento para a época, com as famosas “guitarras gêmeas” e muita pegada. Phil Lynott, por sua vez, vivia seu melhor momento como frontman, seja pelos bons vocais ou pela performance sólida no baixo. Há, ainda, seu principal talento: como compositor, que não entra em jogo de forma direta em “Live And Dangerous”, por não ser um disco de canções inéditas. O swing de Brian Downey dá a pitada final que a banda precisava.

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Não era de se espantar que a recepção fosse boa: “Live And Dangerous” vendeu muito bem na Europa, conquistando o segundo lugar das paradas britânicas e irlandesas e o 27° dos charts suecos. Nos Estados Unidos, o álbum obteve uma modesta, porém significante 84ª posição no top da Billboard – o grupo nunca fez muito sucesso por lá. Infelizmente, Brian Robertson caiu fora do Thin Lizzy no mesmo ano e a banda jamais conquistou a mesma estabilidade dessa fase, embora seu substituto imediato, Gary Moore, tenha sido monstruoso na função.

É difícil destacar alguma faixa em particular, pois “Live And Dangerous” é perfeito. Contudo, a dobradinha “Cowboy Song”/”The Boys Are Back In Town”, as pancadas “Emerald” e “Suicide”, a excelente “Don’t Believe A Word” e as belas “Still In Love With You” e “Dancing in the Moonlight (It’s Caught Me in Its Spotlight)” merecem atenção especial.

Phil Lynott (vocal, baixo)
Scott Gorham (guitarra)
Brian Robertson (guitarra)
Brian Downey (bateria)

Músicos adicionais:
John Earle (saxofone na faixa 5)
“Bluesey” Huey Lewis (gaita na faixa 16)

1. Jailbreak
2. Emerald
3. Southbound
4. Rosalie / Cowgirl’s Song (Bob Seger cover)
5. Dancing in the Moonlight (It’s Caught Me in Its Spotlight)
6. Massacre
7. Still in Love with You
8. Johnny the Fox Meets Jimmy the Weed
9. Cowboy Song
10. The Boys Are Back in Town
11. Don’t Believe a Word
12. Warriors
13. Are You Ready
14. Suicide
15. Sha La La
16. Baby Drives Me Crazy
17. The Rocker

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Certamente um álbum que nos faz ouvir do inicio ao fim e várias vezes… gostei muito das informações sobre esta obra dispostas no seu artigo… muito obrigado!

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