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“Some Girls”, a equilibrada reinvenção dos Rolling Stones

Pode parecer estranho dizer isso, mas, em 1978, os Rolling Stones já eram uma banda veterana. O grupo havia celebrado seu 15° ano de carreira no ano anterior e, embora tenha passado por mudanças ao longo daquela trajetória, aquele período representava uma de suas maiores baixas em termos comerciais e de criatividade até então.

A partir de “Exile On Main St.” (1972), para ser mais exato, os Stones não conseguiam repetir o mesmo padrão de qualidade. “Goats Head Soup” (1973) foi um disco menos inspirado, enquanto a dupla “It’s Only Rock n’ Roll” (1974) e “Black And Blue” (1976) apresentava uma banda em busca de outro tipo de sonoridade, do funk ao reggae, mas sem tanto direcionamento.

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Os Stones sabiam que precisavam mudar para que continuassem vivos, mas o que fazer para concretizar essa metamorfose? “Some Girls”, lançado em 9 de junho de 1978, era a resposta.

Em suma, a resposta apresentada por “Some Girls” era equilíbrio. Os Rolling Stones nunca deixaram de fazer música boa, mas quando a proposta artística está bem orientada, a chance de sair clássico é grande. Aqui, basicamente, os Stones acrescentaram elementos mais notáveis da música setentista, como pitadas de pop e disco music, só que misturadas no caldeirão de influências que o grupo já costuma fazer, indo do classic rock ao blues e até ao country com naturalidade.

“Some Girls” também contou com a ajuda de sangue novo, pois foi o primeiro disco a contar com Ronnie Wood, de forma integral, na guitarra. Ele já havia tocado em algumas faixas de “Black And Blue”, mas só depois se juntou de vez ao grupo. Embora não tenha créditos autorais em seu nome, Wood trouxe uma pegada mais flexível que a de seu antecessor, o também talentoso Mick Taylor.

Quem gosta dos Stones do início dos anos 1970, tem músicas como “Lies” e “Before They Make Me Run” para ouvir neste disco. Já quem está em busca de uma faceta diferente da banda, vai se divertir com as incursões soul, disco e soft rock de “Miss You”, “Beast Of Burden”, “Shattered”, “Just My Imagination” (cover dos Temptations) e a faixa título, que equilibram a pegada classica à inventividade de Mick Jagger e Keith Richards.

Ainda que muita gente acredite que o auge dos Rolling Stones tenha se concentrado entre os discos do fim da década de 1960 e início dos anos 1970, “Some Girls” foi o responsável por bater algumas marcas curiosas. A primeira é comercial: é o álbum mais vendido da banda por lá, batendo mais de 6 milhões de cópias até os dias de hoje somente na terra do Tio Sam. A repercussão em outras partes do mundo – incluindo na terra natal, Reino Unido -, também foi boa.

A outra marca de destaque conquistada por “Some Girls” diz respeito ao reconhecimento pela crítica, pois foi o único disco dos Stones a ser indicado para a categoria “Álbum do Ano”, uma das mais importantes – talvez a mais imponente daquela época – do Grammy. Na ocasião, em 1979, perderam para a trilha sonora de “Saturday Night Fever”.

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Seja comercial ou artisticamente, “Some Girls” deu a sobrevida que os Rolling Stones precisavam naquele momento. Trouxe algumas das melhores músicas da trajetória da banda e mostrou um caminho a ser seguidos nos discos seguintes, “Emotional Rescue” (1980) e “Tattoo You” (1981). Ainda que “diferentão”, “Some Girls” é um dos grandes clássicos dos Stones.

Mick Jagger (vocal, guitarra, piano na faixa 6, percussão na faixa 10)
Keith Richards (guitarra, violão, baixo nas faixas 4 e 8, piano na faixa 6, vocal na faixa 8)
Bill Wyman (baixo, sintetizadores na faixa 4)
Charlie Watts (bateria)
Ronnie Wood (guitarra, pedal steel nas faixas 2, 6 e 10, violão, baixo na faixa 10)

Músicos adicionais:
Sugar Blue (gaita nas faixas 1 e 4)
Ian McLagan (piano na faixa 1, órgão na faixa 3)
Mel Collins (saxofone na faixa 1)
Simon Kirke (congas na faixa 10)

1. Miss You
2. When the Whip Comes Down
3. Just My Imagination (Running Away with Me)
4. Some Girls
5. Lies
6. Far Away Eyes
7. Respectable
8. Before They Make Me Run
9. Beast of Burden
10. Shattered

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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