Lançado em 18 de maio de 1993
Tenho uma ligação especial com “Alive III”, terceiro disco ao vivo do Kiss – minha banda favorita -, divulgado em 18 de maio de 1993. E não é só por ter sido lançado no ano em que nasci.
Desde que me entendo por gente, conheço o Kiss. É uma das poucas bandas de rock que transcende o universo do estilo. O grupo é um ícone da cultura pop como um todo. Entretanto, essa posição foi conquistada mais pelo visual do que pela música.
Quando comecei a me interessar por rock, no início da década passada, conheci músicas como “Rock And Roll All Nite”, “Forever” e “Lick It Up”. São boas músicas, mas não foi o suficiente para me cativar.
Por acaso, ouvi o “Alive III” pela primeira vez durante uma das minhas várias “expedições musicais” pela internet. Visualmente, gostava mais do Kiss sem maquiagem, fantasia e afins, então, dei uma chance. E, definitivamente, não me arrependi.
A formação mais técnica
“Alive III” é o registro ao vivo da formação mais técnica do Kiss. Na época, os chefões Paul Stanley (vocalista e guitarrista) e Gene Simmons (vocalista e baixista) eram acompanhados do guitarrista Bruce Kulick e do baterista Eric Singer. Esses dois não erram uma nota e são, de longe, os músicos mais habilidosos que passaram pelo Kiss.
Admito que gosto muito de performances mais técnicas e, de certa forma, inventivas. Não queria ouvir músicas como “Detroit Rock City” ou “I Was Made For Lovin’ You” da forma que são tocadas nos álbuns. Buscava novas versões. Nesse ponto, “Alive III” me atendeu.
Apesar de “Alive III” representar distanciamento em relação ao passado do Kiss, a preparação foi bastante semelhante à de “Alive!” (1975) e “Alive II” (1977). A banda contratou o produtor Eddie Kramer, o mesmo dos “lives” anteriores, e gravou em Cleveland e Detroit, nos Estados Unidos – duas cidades que serviram de palco para os registros passados -, além de Indianapolis, também na terra do Tio Sam.
Regravação em estúdio
Outro hábito passado também foi resgatado para “Alive III”: o Kiss regravou quase todo o disco em estúdio. Embora Kulick e Singer sejam muito habilidosos e Stanley e Simmons estivessem em grande fase técnica, os patrões viram a necessidade de refazer parte do trabalho.
O que, exatamente, foi mantido em sua forma original? “A bateria, a maior parte do baixo, algumas das guitarras-base e alguns vocais são das apresentações ao vivo. E muita coisa foi criada em estúdio. […] Tudo o que foi refeito da minha parte, foi feito numa gravação só, como se estivesse sendo feito ao vivo”, contou Bruce Kulick, no livro “Kiss Por Trás das Máscaras”.
Independente de ter sido regravado em estúdio ou não, “Alive III” é fantástico. Outros registros mais espontâneos mostram que o Kiss conseguia fazer, ao vivo, o que estava representado no álbum. Para mim, é o suficiente.
Repertório
A escolha do repertório de “Alive III” chama a atenção por abrir mão de muitos clássicos para focar em músicas lançadas após 1977, ano de “Alive II”. Apenas “Deuce”, “Watchin’ You”, “Rock And Roll All Nite” e “Detroit Rock City” são dos discos mais antigos da banda. E todas elas soam diferentes em diversos aspectos, especialmente pelas linhas de bateria mais elaboradas, vocalizações mais seguras e solos de guitarra criados por Bruce Kulick.
Como o registro foi feito durante a turnê que divulgava o ótimo “Revenge” (1992), muitas canções escolhidas são do álbum em questão. As performances de “I Just Wanna”, “Unholy”, “Domino”, “Take It Off” e “God Gave Rock ‘N’ Roll To You II” mudam pouco em comparação às gravações originais de estúdio.
O restante do repertório é completo por músicas lançadas entre 1979 e 1989. As versões de “I Was Made for Lovin’ You”, “Creatures Of The Night”, “Heaven’s On Fire” e “Lick It Up” ficaram mais pesadas, enquanto “I Love It Loud” ficou mais direta e “Forever”, a mais recente fora as músicas do “Revenge”, teve a sua essência mantida.
Repercussão e planos
Ainda que não tenha repetido o sucesso dos “alives” anteriores, “Alive III” conquistou disco de ouro nos Estados Unidos e no Canadá, pelas 500 mil e 50 mil cópias vendidas, respectivamente. Nas paradas de álbuns da Billboard, chegou à 9ª posição, enquanto que na Austrália, Noruega e Suécia, segurou vagas no top 20.
Alguns planos do Kiss pós-“Alive III” jamais se concretizaram. Foi realizada uma turnê acústica por convenções que homenageavam a história da banda, com direito a participação do ex-baterista Peter Criss em uma das datas. Em agosto de 1995, o grupo realizou um show para o quadro “MTV Unplugged”, da emissora MTV. A performance contou com o retorno de Criss e do então ex-guitarrista Ace Frehley e, a partir daí, especulações sobre um retorno da formação original tiveram início.
Apesar dos boatos, o Kiss voltou para o estúdio, em novembro de 1995, para gravar um álbum mais orientado para o grunge. O resultado, “Carnival of Souls: The Final Sessions”, acabou engavetado porque, em 1996, a formação original da banda realmente estava de volta. O disco só foi lançado, no fim de 1997, porque as músicas estavam sendo bastante pirateadas e os caras, como de costume, não queriam perder dinheiro.
É verdade que a formação com Bruce Kulick e Eric Singer não teve a sequência que merecia. Entretanto, “Alive III” serve para satisfazer um pouco os fãs que, embora sejam devotos à line-up original, ficaram “órfãos” dessa line-up.
Kiss – “Alive III”
Paul Stanley (vocal, guitarra)
Gene Simmons (vocal, baixo)
Bruce Kulick (guitarra, backing vocals)
Eric Singer (bateria, backing vocals)
Músico adicional:
Derek Sherinian (teclados, backing vocals)
1. Creatures of the Night
2. Deuce
3. I Just Wanna
4. Unholy
5. Heaven’s on Fire
6. Watchin’ You
7. Domino
8. I Was Made for Lovin’ You
9. I Still Love You
10. Rock and Roll All Nite
11. Lick It Up
12. Forever
13. Take It Off
14. I Love It Loud
15. Detroit Rock City
16. God Gave Rock ‘N’ Roll to You II
17. The Star-Spangled Banner (hino dos Estados Unidos em versão instrumental)
sacanagem tirar PARASITE do set a banda realizou a melhor performance dessa música nessa época