Ícone do hard rock, o Kiss traz muito mais do que apenas uma ou outra influência musical em sua discografia. O grupo capitaneado por Paul Stanley e Gene Simmons já explorou de tudo: da disco music ao hair metal, do (semi)progressivo ao heavy metal.
Na lista abaixo, são apresentados 10 momentos em que o Kiss mais se aproximou do metal, em suas diferentes formas e vertentes. Há mais do que uma dezena de músicas que promovem tal conexão, mas as escolhidas abaixo servem para ilustrar.
Quem tiver conta no Spotify, pode ouvir a playlist com as 10 músicas na caixa abaixo (cortesia de Marcelo Vieira):
Veja a lista:
“God Of Thunder”
Composta por Paul Stanley, mas “impersonada” por Gene Simmons, essa música é o primeiro momento de alguma proximidade com o heavy metal – não o que conhecemos hoje em dia, mas aquele embrionário, com traços do heavy rock, ainda praticado na década de 1970. Com o tempo, “God Of Thunder” ganhou peso nas performances ao vivo e ficou ainda mais sombria.
“Creatures Of The Night”
Em uma veia quase NWOBHM, a faixa que dá nome ao icônico disco de 1982 é pesada. Há um ar obscuro ao longo de toda a faixa – passa pela pegada heavy no instrumental, com destaque para a bateria densa de Eric Carr e passa pela temática “dark” e até pelos refrães, com backing vocals ao estilo “fantasmagórico”.
“War Machine”
Todo o disco “Creatures Of The Night” poderia estar nessa lista. Entretanto, vejo “War Machine” como um destaque individual. Trata-se de uma composição típica de Gene Simmons, com colaborações fundamentais de Vinnie Vincent e Eric Carr na parte instrumental.
“Exciter”
A primeira música do primeiro disco sem maquiagens entrega algo diferente do esperado. Enquanto se esperava algo mais orientado ao hair metal, “Exciter” é um tanto metálica. É cadenciada na medida certa e volta a mostrar o melhor de Eric Carr: a pegada. A mão do The Fox era pesadíssima.
“I’ve Had Enough (Into The Fire)”
A única separação entre essa música e outros clássicos do speed metal é a calça de oncinha que, provavelmente, Paul Stanley usou em suas gravações. “I’ve Had Enough (Into The Fire)” traz o melhor do heavy metal oitentista: batidas rápidas aliadas a um peso que não precisava apelar para afinações graves ou artimanhas de produção. O pouco lembrado – e já falecido – guitarrista Mark St. John faz a diferença nessa canção.
“Love’s A Deadly Weapon”
Ainda que a produção do disco “Asylum” (1985) não tenha colaborado, “Love’s A Deadly Weapon” é uma música de peso. Ela foi feita nas sessões de “(Music From) The Elder” (1981) e, anos depois, foi reaproveitada – e quase toda modificada. A faixa tem a mesma pegada speed metal que já havia aparecido em momentos isolados de álbuns anteriores, só que, agora, na voz mais grave de Gene Simmons. O guitarrista Bruce Kulick está inspirado por aqui.
“No, No, No”
O disco mais “farofa” do Kiss – “Crazy Nights” (1987) – também tem seu momento quase-metálico. “No, No, No” apresenta uma leve pitada de thrash e também foi prejudicada por uma produção afável demais. A faixa soa anacrônica em meio ao hardão das demais canções – especialmente porque, na tracklist, está logo após da terrível “Bang Bang You” -, mas, isolada, tem alguma coerência.
“Boomerang”
A faixa que encerra o álbum “Hot In The Shade” (1989) aposta na mesma fórmula com toques speed metal presente em momentos isolados dos discos anteriores. A consistência da linha de bateria apresentada por Eric Carr é o grande trunfo por aqui.
“Unholy”
A primeira música do Kiss na década de 1990 – e que abre “Revenge” (1992) – tem um peso diferente. A melodia não faz uso da velocidade: é densa e intensa por si só. Pulsante, a canção tem um show de interpretação por parte de Gene Simmons, tão apagado nos álbuns anteriores. Os anos 80 fizeram mal ao Demon.
“It Never Goes Away”
Não consigo classificar “Carnival Of Souls” (1997) como “grunge”. O álbum que só foi lançado graças à pirataria – já que o Kiss original estava reunido – vai muito além da tendência de música alternativa daquele momento. Há momentos que beiram o doom metal por aqui. Qualquer música de “Carnival” poderia fazer parte dessa lista, mas optei por “It Never Goes Away” porque ela mostra, melhor do que qualquer outra, as influências heterogêneas desse disco. É uma faixa intensa e quase minimalista – com exceção da performance de Paul Stanley nos vocais, que entrega tudo de si.
Observação: sugere-se ignorar a montagem do vídeo abaixo, pois a música foi gravada por Bruce Kulick e Eric Singer em vez de Ace Frehley e Peter Criss.