Entrevista: CPM 22 volta às raízes punk rock com “Suor e sacrifício”

O CPM 22 não parece estar disposto a parar ou frear suas atividades. “Suor e sacrifício”, sétimo disco de estúdio da banda, foi lançado no último dia 28, em formato físico e plataformas digitais.

Ainda que o álbum tenha dado fim a um período de seis anos sem discos de inéditas (o último foi “Depois de um longo inverno”, de 2011), o CPM 22 se manteve em plena atividade. Foram divulgados, nesse intervalo de tempo, dois discos ao vivo – “Acústico” (2013) e “Rock In Rio Ao Vivo” (2016) -, além de uma coletânea – “20 anos” (2015) -, que celebrou, junto de uma extensa turnê, as duas décadas de carreira do grupo.

- Advertisement -

Ouça “Suor e sacrifício” no Spotify:

Em entrevista exclusiva, o guitarrista Luciano Garcia falou sobre “Suor e sacrifício” e o atual momento do CPM 22. Apesar de não ter sido tão premeditado, o guitarrista revelou que a ideia do novo disco era resgatar as origens punk rock/hardcore da banda, visto que o álbum antecessor, “Depois de um longo inverno”, havia apresentado fortes influências do ska.

“‘Depois de um longo inverno’ tinha bastante coisa de ska, algo que nunca havíamos feito. A única coisa que Badauí (vocalista) e eu combinamos para o disco novo é que seria um disco punk rock, mais CPM.Mas isso foi só conversado, pois as músicas foram surgindo e seguiam naturalmente para isso. E reflete o que estávamos ouvindo no momento. A gente estava ouvindo, como de costume, muito Ramones, Misfits, Bad Reeligion, Rancid, entre outros”, afirmou Luciano.

O músico revelou que, antes do show no Rock In Rio 2015 – quando tocaram com bandas como System Of A Down e Queens Of The Stone Age -, cerca de 90% das músicas de “Suor e sacrifício” já estavam compostas, apenas com ensaio e gravação pendentes. “O pessoal do Rock In Rio achou legal fazer um DVD com o show. Achamos mais interessante segurar o disco para divulgar o DVD. Por isso que demorou um pouquinho mais para lançá-lo”, disse.

A turnê de “Suor e sacrifício” já teve início com uma série de shows no Nordeste. Com o CPM 22 sem planos para lançamentos para os próximos dois ou três anos, Luciano disse, aos risos, sobre o futuro da banda: “Agora é turnê, pelo amor de Deus”.

Maturidade nas letras

É inegável que as letras de “Suor e sacrifício” refletem maior maturidade por parte dos músicos. Salvo algumas exceções, as composições são, em maioria, assinadas por Badauí e Luciano Garcia.

Leia também:  Entrevista: Mark Osegueda fala de Death Angel no Brasil, Kerry King e fascínio por Mercyful Fate

Como habitual, o tom otimista das letras foi preservado. Todavia, algumas temáticas parecem mais alinhadas com o que os músicos, já com 40 anos de idade – ou quase -, vivenciam no dia-a-dia. Há canções que falam sobre saudade, vida na estrada e até sobre questões ligadas ao momento de incertezas que se vive na sociedade brasileira.

“A gente sempre escreveu sobre o que estava vivendo, independente do assunto. E não tinha como deixar de fora essas questões meio sociais, vivemos isso no país. Juntamos isso com questões pessoais de cada um e refletiu o nosso modo de vida e o que pensamos sobre as coisas”, disse Luciano.

Mudanças na formação e contribuições

“Suor e sacrifício” é o terceiro disco consecutivo do CPM 22 a ser gravado por uma formação diferente. “Cidade Cinza” (2007) contou com Fernando Sanches no baixo, no lugar de Portoga. Já “Depois de um longo inverno”, registrado como quarteto, ficou marcado pela ausência do guitarrista Wally, que saiu do grupo em 2008 e não foi substituído de imediato.

A lacuna deixada por Wally foi suprida por Phil Fargnoli, ex-Dead Fish, que foi efetivado no CPM 22 após ter deixado sua antiga banda e tocado no show que deu origem ao disco “Acústico”. Nesse meio tempo, Fernando Sanches saiu do grupo por questões pessoais – não conseguia conciliar o tempo entre turnês, família e funções como produtor em estúdio – e foi substituído por Heitor Gomes (ex-Charlie Brown Jr), entre 2011 e 2016. Fernando retornou a tempo de gravar “Suor e sacrifício”, ainda que não tenha participado da concepção das músicas.

“Quando o Wally saiu, deixei claro que só havia um cara que poderia tocar comigo e era o Phil, mas ele estava no Dead Fish. Temos muita amizade com eles, nem quisemos entrar nesse tipo de polêmica. Sinceramente, nunca fiquei 100% à vontade sozinho, porque acho que o CPM pede duas guitarras”, contou Luciano.

O reforço de Phil agregou ao trabalho musical e também na parte de estúdio, visto que ele também desempenha a função de produtor e engenheiro de som. “O Phil já estava 100% alinhado com nossas influências, o jeito de tocar e até equipamento, tem tudo a ver com o CPM. A contribuição dele é sensacional, porque jogaram solos na minha mão quando entrei no CPM. Nunca fui de fazer solos. Agora deixei os solos na mão dele e ele sola muito melhor que eu”, disse.

Leia também:  Entrevista: Mark Osegueda fala de Death Angel no Brasil, Kerry King e fascínio por Mercyful Fate

Ainda segundo Luciano, Fernando “nunca deveria ter saído” do CPM 22. “Quando ele voltou, fizemos um ensaio e não parecia que ele tinha ficado anos fora. A química voltou na hora. Fizemos ‘Suor e sacrifício’ sem ele, mandamos as músicas par ele tirar e ele gravou, com a cara do CPM”, afirmou.

Participações

“Suor e sacrifício” conta com duas participações especiais. Uma delas, “Never going to be the same”, tem vocais e créditos autorais de Trever Keith (Face To Face). Luciano revelou que o músico americano participaria do “Acústico”, mas, além de questões relacionadas à agenda interferirem, a banda preferiu esperar para aproveitá-lo em algum material inédito.

“A gente tinha uma música feita pelo Japinha (baterista), com riffs dele. Eu dei uma ‘CPMizada’ e guardei para o Badauí compor. Pensamos no Trever e mandamos para ele gravar. Foi um orgulho, porque o Face To Face é a maior influência do CPM 22, sou o que mais me identifico com a banda. E o mais legal foi ele ter feito a música com a gente, ao invés de só gravar”, afirmou.

A outra participação é de Henrike Baliú (ex-Blind Pigs), que canta na música “Revolução”. A faixa está presente somente na edição digital de “Suor e sacrifício”. “O Henrike, o Badauí e o Ricardo Gallano fizeram a música. E o Henrike canta com o Badauí. Foi ótimo para a gente. Toquei no Blind Pigs nos anos 90 e eles nos influenciaram, é uma banda anterior ao CPM 22. Uma grande influência para nós”, disse Luciano.

CPM 22 – “Suor e sacrifício”

1. Combustível
2. Pagar pra ver?!
3. Ser mais simples
4. Conta comigo
5. Linha de frente
6. A esperança não morreu
7. Como no passado
8. Desconexo
9. Never going to be the same
10. Honrar teu nome
11. Segunda chance
12. Destemido
13. Em busca de uma pista
14. Todos por 1

Faixas bônus – versão digital:
15. Revolução
16. Cruz

CPM 22 é:

Badauí (vocal)
Luciano Garcia (guitarra)
Phil Fargnoli (guitarra)
Fernando Sanches (baixo)
Ricardo Japinha (bateria)

Participações:

Trever Keith (vocal na faixa 9)
Henrike Baliú (vocal na faixa 15)

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioEntrevistasEntrevista: CPM 22 volta às raízes punk rock com "Suor e sacrifício"
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimas notícias

Curiosidades