Kurt Cobain deu fim à sua própria vida em 1994, aos 27 anos. Em outro texto, fiz o exercício de imaginação que responderia à questão “e se Kurt ainda estivesse vivo?”, mas, de 1994 até 2017, passaram-se 23 anos.
Se já é difícil imaginar como Kurt Cobain estaria hoje em dia, é mais complicado ainda elucidar o que ele poderia ter feito ao longo das últimas décadas. Por outro lado, há alguns indicativos relacionados a isso em sua história.
Veja também: E se Kurt Cobain ainda estivesse vivo?
O site Alternative Nation reuniu alguns projetos que sairiam do papel caso Kurt Cobain tivesse continuado vivo. Aproveitei os itens e dei algumas pinceladas, com opiniões pessoais e relatos extras. Veja a seguir!
Kurt Cobain e seus projetos
1) Disco solo
Kurt Cobain começava a trabalhar em material solo no início de 1994. O guitarrista do Hole, Eric Erlandson, disse em entrevista à emissora de TV Fuse, em 2012, que o trabalho tomava uma direção muito boa e que seria o “White Album” de Kurt, em menção a um dos principais registros dos Beatles.
Na época, Kurt Cobain, Eric Erlandson e Pat Smear gravaram uma demo de uma faixa chamada “Do Re Mi”. A versão acústica que Cobain fez foi lançada depois, em trabalhos póstumos.
2) Projeto acústico
O projeto solo de Kurt Cobain poderia ser acústico ou uma nova banda, de teor desplugado, poderia ter sido montada. Fato é que Kurt tinha interesse em violão naquele momento.
“Seria interessante tocar violão e ser visto como cantor e compositor, ao invés de um roqueiro grunge. Tocaria, sentado, músicas de Johnny Cash ou algo e não seria uma piada”, afirmou, em entrevista passada.
3) Integrar o Hole
Em entrevista concedida oito meses antes de se matar, Kurt Cobain disse que gostaria de integrar o Hole, banda de sua mulher, Courtney Love.
“Gostaria (de colaborar com o Hole). Mas para dizer a verdade, prefiro sair da minha banda e entrar no Hole. Quando toquei com eles, houve um nível de conexão um pouco maior do que com qualquer outro músico”, afirmou.
4) Colaboração com Dave Grohl (e fim do Nirvana)
Em entrevistas passadas, Kurt Cobain se mostrou empolgado com a colaboração de Dave Grohl em “Scentless Apprentice”, no disco “In Utero”. Ele também curtiu uma demo que Grohl fez na época e que se transformaria em “Alone + Easy Target”, que entraria no primeiro disco do Foo Fighters. “Fatalmente”, iria compor mais com Grohl.
A reação de Kurt Cobain à demo, segundo Dave Grohl, foi inesperada. “Ele parecia bem animado, disse que soube que havia gravado algumas coisas com o produtor Barrett Jones. Afirmei que sim e ele pediu para ouvir. Fiquei com medo de estar perto dele enquanto ouvia. Kurt ouviu e me deu um beijo no rosto, enquanto estava no banho”, contou, em depoimento a um episódio do documentário “Sonic Highways”.
Vale destacar que Dave Grohl, inevitavelmente, se dedicaria ao Foo Fighters, mesmo sem a morte de Kurt Cobain. Por isto, também é inegável que o Nirvana acabaria em algum momento, não só pela possível saída de Grohl, mas pelo interesse aparente de Kurt em outros projetos.
E, claro, também não dá para imaginar o Nirvana sem se reunir. Ainda mais depois que Grohl participou de tantos projetos entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2010.
5) Parceria com Michael Stipe
Estava agendado para Kurt Cobain e Michael Stipe começarem a trabalhar juntos em uma parceria ainda no ano de 1994, na época em que Cobain morreu. Não havia diretrizes musicais definidas até então.
Pouco após o falecimento, Stipe disse: “Nas últimas semanas, falava muito com Kurt. Tínhamos um projeto musical planejado, mas sem nada gravado. Ele amava Courtney e Frances Bean, bem como Krist e Dave no Nirvana. Sua morte foi uma perda profunda”.
Em 2011, durante entrevista à Interview Magazine, Michael Stipe disse que tentou fazer aquilo para salvar a vida de Kurt. “A colaboração era um meio de chegar até aquele cara. Ele estava mal”, afirmou.
O cantor sugere, em suas palavras, que o suicídio era inevitável. Apesar disso, ele tentou convencer Cobain a ir até Miami para conhecê-lo. “Construí um projeto para tirar Kurt daquilo. Mandei a passagem de avião e um motorista. Ele pregou a passagem na parede do quarto e o condutor o esperou por dez horas. Ele não saía, nem atendia ao telefone”, disse.