Para mim, a carreira solo de Ozzy Osbourne tem dois momentos realmente excepcionais, representados pelos discos “Blizzard Of Ozz” (1980) e “No More Tears” (1991). Não é que os outros álbuns sejam ruins, mas não chegam ao patamar de excelência na dupla anteriormente citada.
É o caso de “Diary Of A Madman”. Lançado em 7 de novembro de 1981, o segundo disco de Ozzy Osbourne é até bom, mas não tem o mesmo padrão da estreia.
O motivo parece claro: as gravações foram feitas por cerca de 30 dias, entre fevereiro e março de 1981. Não houve tempo para se trabalhar bem no álbum porque a ideia era que Ozzy voltasse logo para a estrada e terminasse a “Blizzard Of Ozz Tour”, que se esticou até uma semana depois do lançamento de “Diary Of A Madman”.
Havia background para se trabalhar melhor em “Diary Of A Madman”. A formação era a mesma do debut: Randy Rhoads na guitarra, Bob Daisley no baixo (e em maior parte das composições) e Lee Kerslake na bateria. Ozzy Osbourne estava em bom momento, apesar dos problemas com drogas pelos quais estava passando.
O potencial do grupo é bem explorado a primeira metade do disco (o famigerado “lado A”). “Over The Mountain” é um clássico, “Flying High Again” é um hard rock divertido, “You Can’t Kill Rock And Roll” é uma semi-balada interessante na qual Randy Rhoads brilha tanto no violão quanto na guitarra e “Believer” é um heavy bom e arrastado. Não à toa, com exceção de “You Can’t Kill Rock And Roll”, as faixas citadas foram as únicas tocadas ao vivo nas turnês de Ozzy Osbourne.
Na sequência, a tracklist começa a perder o fôlego. “Little Dolls”, apesar da boa performance de Lee Kerslake, tenta repertir a vibe de “Believer” sem tanto sucesso. “Tonight”, por sua vez, é açucarada demais para uma balada do Madman – soa como Night Ranger em seus momentos mais adocicados. A pesada “S.A.T.O.” vale pela intensidade, enquanto a faixa título merece atenção pelo seu instrumental bem trabalhado.
Apesar de não ser musicalmente histórico, “Diary Of A Madman” ficou marcado. Foi o último registro em estúdio de Randy Rhoads, que morreu em 19 de março de 1982, aos 25 anos, vítima de um acidente de avião. E também foi o momento final de Lee Kerslake na formação. Bob Daisley também saiu, mas voltou para o grupo de Osbourne diversas vezes. No fim das contas, Rudy Sarzo e Tommy Aldridge, que sequer tocaram, foram creditados por gravarem, respectivamente, baixo e bateria no álbum.
Em 1986, Daisley e Kerslake processaram Ozzy Osbourne, em busca de créditos e royalties de composições de “Diary Of A Madman” – e também de “Blizzard Of Ozz”. O caso ficou na justiça até 2003, quando a corte de Los Angeles dispensou a ação judicial.
No ano anterior, em 2002, Ozzy e sua esposa Sharon Osbourne deram sua resposta: contrataram Robert Trujillo e Mike Bordin para regravarem as linhas de baixo e bateria, respectivamente, de ambos os discos, que seriam relançados em edições comemorativas de 25 anos. Sharon diz que a decisão foi de Ozzy. Ele, por sua vez, culpa a esposa. Os créditos acabaram sendo dados na edição de 30 anos.
Muita polêmica para um disco nota 6 ou 7. Vale como registro final de Randy Rhoads, que mostrava, cada vez mais, seu interesse pelo violão e por arranjos clássicos, e por alguns momentos mais inspirados.
Ozzy Osbourne (vocal)
Randy Rhoads (guitarra)
Bob Daisley (baixo)
Lee Kerslake (bateria)
Músicos adicionais:
Johnny Cook (teclados)
Louis Clark (arranjos de corda em 8)
1. Over The Mountain
2. Flying High Again
3. You Can’t Kill Rock And Roll
4. Believer
5. Little Dolls
6. Tonight
7. S.A.T.O.
8. Diary Of A Madman