Há 25 anos, Izzy Stradlin deixava o Guns N’ Roses

Em 7 de novembro de 1991, era anunciada a saída de Izzy Stradlin do Guns N’ Roses. Para muitos, a data marcou o fim da banda, apesar de ela nunca ter acabado de verdade.

Stradlin era (e ainda é) amigo de Axl Rose desde a adolescência. Também é creditado por ter sido um dos principais compositores do Guns N’ Roses enquanto esteve na banda – apesar das autorias serem bem distribuídas, com destaque a Rose na parte lírica.

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Entretanto, nem a amizade de longa data com Axl Rose, nem as cifras milionárias que envolviam o Guns N’ Roses na época foram capazes de segurar Izzy Stradlin na banda. O desgaste era tão grande que ninguém poderia evitar a saída de Stradlin.

Grosseiramente falando, Izzy Stradlin era o mais “caipirão” de todos os integrantes do Guns N’ Roses. Sem nenhum sentido pejorativo. Recluso, Stradlin evitava holofotes e não estava muito contente com a vida de rockstar, por incrível que pareça – tanto é que Izzy nunca mais voltou ao ritmo de turnês intensas e alto investimento em seu trabalho.

Apesar disso, Izzy Stradlin nega, em diversas entrevistas, que este tenha sido o motivo para a sua saída. O guitarrista afirma que as diferenças foram, mesmo, pessoais. E boa parte delas com o vocalista Axl Rose. Por isso, a amizade de longa data não o segurou – o próprio sentimento já estava desgastado e “estragado” a relação com o restante do grupo.

O primeiro episódio em que realmente observou-se Izzy Stradlin descontente com Axl Rose foi quando o vocalista demorou um ano para gravar seus vocais em “Use Your Illusion”. Toda a banda registrou o instrumental em dois meses, seis vezes menos que o tempo demandado por Rose.

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Durante a “Use Your Illusion Tour”, Axl Rose aflorou um comportamento mandão. Enquanto Rose queria controlar tudo que cercava o Guns N’ Roses, o próprio vocalista não conseguia se mostrar profissional, por atrasar para entrar no palco. Parece besteira, mas os longos atrasos de Rose em uma turnê que, até então, tinha duração prevista de dois anos não são nada suportáveis.

Izzy Stradlin, até então dependente de drogas, tentava abandonar seus abusos, mas a agenda desajustada do Guns N’ Roses não o permitia se livrar dos químicos. Para isso, ele chegou a comprar um ônibus para viajar sozinho, enquanto os demais músicos rodavam de avião. Só se viam mesmo durante o show.

A gota d’água, como de costume, foi o dinheiro – ou o poder. Depende do referencial. Em 1991, Axl Rose submeteu um contrato aos demais integrantes do Guns N’ Roses onde reduzia os poderes dos outros com relação ao trabalho e à marca do grupo. Stradlin foi o único que não aceitou.

A saída de Izzy Stradlin foi anunciada oficialmente em 7 de novembro de 1991, a um mês da segunda parte da “Use Your Illusion Tour”. Gilby Clarke o substituiu na função. Abaixo, um vídeo da última apresentação de Stradlin com o Guns N’ Roses.

Veja algumas explicações dadas por Izzy Stradlin em diferentes entrevistas concedidas posteriormente:

À MTV: “Não tenho problema algum com turnês. Fiquei com má fama. Eu tinha um ônibus, eles tinham um avião. E eu os encontrava no show. Cheguei a um ponto em que eu pensava ‘vou seguir desta forma ou não?’. Então, eu disse que não”.

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À Rolling Stone: “Eu tentava falar com ele (Axl Rose), durante as gravações dos ‘Illusion’: ‘se tivermos uma agenda aqui, chegarmos em determinado horário…’. Ele não estava nem aí. Dizia: ‘não há p*rra de agenda’. Houve até uma música naqueles discos que eu nem sabia que estava por lá, ‘My World’. Ouvi e pensei ‘que p*rra é essa?’. Mas Axl deixou claro que faria as coisas do jeito dele e não haveria espaço para debate. Então deixei claro a todos que era o fim da linha para mim”.

À Hard Rock Magazine: “Após a primeira parte da turnê ‘Use Your Illusion’, Axl queria me fazer assinar um contrato que me colocava um pouco de lado, o que significava pagamento menor. Não acreditei. Esse contrato partia de um cara com o qual eu cresci. Sempre levamos o Guns N’ Roses como amigos e, grosseiramente, Axl disse: ‘agora se trata de negócios’. Por que eu deveria continuar? Onde estava a diversão? Isso foi a gota d’água, mas fatos antecedentes também me fizeram decidir pela saída: durante nosso primeiro show em Londres, jovens morreram. O que foi aquilo? Isto é rock n’ roll? É divertir-se e depois ler nos jornais de um aeroporto que pessoas morreram no seu show? É divertido tocar em estádios todas as noites e começar uma desordem em St. Louis porque o cantor teve um ataque? Em alguma dessas ocasiões, pontuei comigo mesmo: ‘nada disso mais é divertido’. Axl não mais cumpria bem seu papel de líder da banda. E, por outro lado, os outros encontravam-se completamente chocados”.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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