5 anos sem Amy Winehouse, raro talento da música contemporânea

Há cinco anos, o mundo se despedia de Amy Winehouse. A icônica cantora britânica faleceu em 23 de julho de 2011, vítima de uma ingestão excessiva de álcool em um período de abstinência. E, curiosamente, em outubro deste ano, seu disco de maior sucesso, “Back to Black”, chegará ao décimo aniversário.

Dois elementos chamam muito a atenção na trajetória de Amy Winehouse. O primeiro é que, após muitos anos de abuso de álcool e drogas, a cantora morreu no momento em que, aparentemente, estava mais consciente de que deveria se recuperar. O segundo é que, em um período de cinco anos, Amy explodiu para o estrelato, se deteriorou e morreu.

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A ascensão de Amy Winehouse foi, de certa forma, meteórica. Ela conseguiu destaque com seu primeiro disco, “Frank” (2003), gravado enquanto ela tinha apenas 19 anos e lançado quando ela estava com 20.

Maturidade

Artistas que aparecem nessa idade não passam nem perto da maturidade que Amy Winehouse já apresentava em “Frank”. A britânica trabalhava com estilos consagrados, mas pouco usuais para o surgimento de um talento tão jovem, como soul, R&B e jazz. Nomes que surgem nessa fase da vida, geralmente, estão inclinados ao pop e são muito direcionados por produtores e executivos.

Não foi o caso de Amy Winehouse. Em “Frank”, participou da autoria de todas as composições e co-produziu uma das faixas. Três anos depois, em “Back to Black” (2006), Amy compôs quase tudo sozinha – somente quatro canções, incluindo a que dá nome ao disco, contaram com a ajuda de autores externos.

Com 23 anos, Amy Winehouse fez um dos melhores discos do chamado “R&B contemporâneo”. “Back to Black” é um trabalho injevável. Amy estava no auge do poderio vocal, da criatividade e da capacidade de se interpretar uma boa canção. A produção de Mark Ronson e Salaam Remi contribuiu, mas não mudou em nada a essência da britânica.

Decadência

O problema é que existiam problemas. Amy Winehouse viveu a decadência justamente enquanto estava no auge.

As duas frases anteriores podem parecer confusas quando não se conhece a trajetória Amy Winehouse, mas fazem muito sentido no contexto. O relacionamento com Blake Fielder-Civil, entre 2007 e 2009, é creditado por muitos como o momento em que Amy afundou de vez. A relação com o álcool e as drogas se estreitou e a cantora já não se controlava mais.

É muito curioso que o destino tenha mudado o caminho de Amy Winehouse justamente quando ela desfrutava do sucesso. A britânica excursionou pelo mundo com muito êxito e “Back to Black” continuou sendo um dos discos mais vendidos em vários países mesmo em 2008, dois anos após seu lançamento.

Os últimos momentos

Amy Winehouse chegou ao fundo do poço após o fim do casamento com Blake Fielder-Civil, em 2009. Desde então, Amy se tornou notável nos tabloides, com manchetes relacionadas ao seu abuso de drogas, aparições desleixadas, shows desastrosos e incapacidade de lançar novo material para dar sequência a “Back to Black”.

Profissionalmente, Amy Winehouse fez pouco entre 2009 e 2011. Um de seus feitos envolveu o Brasil: a cantora fez uma mini-turnê pelo país e foi criticada por seus shows curtos e de pouca qualidade vocal. Amy esquecia as letras com frequência e demonstrava, a cada compasso, que não estava bem.

Nesta semana, Blake Fielder-Civil revelou que Amy Winehouse tentou suicídio cerca de oito semanas antes de morrer. Não espanta. À época, Amy se tratava do vício e estava, enfim, em um período de abstinência. Em aparições públicas, já demonstrava estar mais saudável e com parte de seu peso corporal recuperado.

No entanto, um mix entre decepções pessoais, ridicularização por parte da mídia e uma doença (sim, o vício é uma doença) fez com que Amy Winehousse partisse em 23 de julho de 2011, aos 27 anos. Apesar de ter aberto caminho para outras jovens cantoras se destacassem em gêneros mais tradicionais – como Adele -, Amy deixou uma lacuna no segmento musical em que estava inserida, além de, obviamente, ter sido uma perda muito grande para as pessoas próximas a ela.

Hoje, existem vários registros que documentam a curta carreira de Amy Winehouse. O filme “Amy”, disponível na Netflix, é um dos mais recomendados. Serve para entender que a carismática cantora era, além de tudo, uma pessoa que precisava de ajuda. E não teve.

Siga descansando em paz, Amy Winehouse.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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