O prefeito de Mariana (MG), Duarte Júnior, revelou, em entrevista ao Estado de Minas, não ter recebido nenhuma quantia em dinheiro do Pearl Jam. A banda havia anunciado que destinaria US$ 100 mil (cerca de R$ 415 mil, na cotação atual) para as vítimas do rompimento das barragens de rejeitos da mineradora Samarco.
Porém, não se trata de um calote. Duarte Júnior disse, em entrevista, que o dinheiro doado pelo Pearl Jam foram destinados a ONGs que trabalham na região do rio Doce e para o Greenpeace. A instituição internacional, por exemplo, pretende destinar a renda recebida para pesquisas sobre os impactos do desastre ambiental.
Ou seja, diferente do que foi discursado por Eddie Vedder durante o último show do Pearl Jam em Belo Horizonte, no dia 20 de novembro do ano passado, o dinheiro não vai para as vítimas do acidente. Em comunicado oficial, divulgado dias após a apresentação, a banda havia dito, por meio da sua organização pública Vitalogy Foundation, que o intuito da doação era “dar apoio a trabalhos que visem a saúde de comunidades carentes ou atingidas por catástrofes, causas ambientais, artes, educação e mudanças na sociedade”.
Duarte Júnior questionou o uso do nome da cidade de Mariana durante o seu discurso, em Belo Horizonte. Para o prefeito, a menção feita à cidade transmitiu a ideia de que o dinheiro iria para as autoridades locais, que trabalhariam para minimizar os impactos da tragédia ambiental para os mais afetados, que são os antigos moradores do subdistrito de Bento Rodrigues, local onde as barragens estavam instaladas.
Ainda segundo o prefeito de Mariana, não foi só a doação do Pearl Jam que tomou outros caminhos. Duarte Júnior afirmou que os aproximados R$ 500 mil arrecadados durante um show beneficente, que contou com a participação de Caetano Veloso, Criolo, Jota Quest e outros, também acabou nas mãos de ONGs.
Desastre ambiental
A tragédia em Mariana aconteceu no dia 5 de novembro. Duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco se romperam, o que causou uma enxurrada de lama que inundou praticamente todo o local, além de causar, pelo menos, 14 mortes. A poluição chegou ao rio Doce e comprometeu, também, o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo.