Conheça Mike Slamer, o suposto responsável pelas guitarras em discos do Warrant

Um dos grandes mistérios do hair metal está relacionado às guitarras dos dois primeiros álbuns do Warrant, “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich” e “Cherry Pie”. Fala-se, desde a década de 1990, sobre Joey Allen e Erik Turner não serem os responsáveis pelo instrumento nos discos em questão. Atribui-se o trabalho ao britânico Mike Slamer, que trabalhou com o Streets, ao lado de Steve Walsh e Billy Greer (Kansas), Steelhouse Lane, City Boy e outras bandas.
Slamer é conhecido, também, por trabalhar como músico de estúdio. Ele tocou em discos de nomes como Michael Sweet (“Real”), James Christian (“Rude Awakening”), Angry Anderson (“Blood From Stone”) e Kix (“Midnite Dynamite”). Sua trajetória especialmente na década de 1980 foi marcada por parcerias com o produtor Beau Hill, que trabalhou com bandas como Ratt, Europe e Alice Cooper, além do já mencionado Kix e, claro, do Warrant.
Mike Slamer
É normal, especialmente no caso de superbandas, contar com músicos de apoio para discos e até shows. Dentro do gênero, o KISS é mestre nessa prática: de Derek Sherinian a Anton Fig, dezenas de instrumentistas já gravaram e tocaram por trás das coxias para a banda. Um ponto, porém, dá peculiaridade ao caso do Warrant: cada envolvido dá uma versão diferente.
Em 2012, Beau Hill foi questionado sobre o assunto, em entrevista ao Ultimate-Guitar.com. Ele confirma a história. “Quando estávamos em pré-produção, pedi uma reunião e disse ‘ouçam, caras, estamos competindo com os maiores guitarristas do mundo, todo o mundo de Steve Vai a Warren Di Martini a Eddie Van Halen e tenho que ser honesto com vocês, acho que as músicas são realmente ótimas, mas acho que estamos um pouco fracos no departamento de solos e por isso eu gostaria de trazer alguém’”, afirmou, em provável menção ao primeiro álbum da banda, “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich”.
Segundo Beau Hill, a reação do Warrant, que ainda era uma banda estreante, foi positiva. “E tanto quanto cada banda do mundo jamais quer ouvir isso de seu produtor, tenho que dar crédito total a esses caras, eles me ouviram, concordaram em fazer isso e ainda foram muito cavalheiros em relação a isso. Também creditamos Mike no álbum e tudo isso é apresentado a mim como algum tipo de segredo, mas todos na banda cederam, tudo foi feito sem esconder nada e todos participaram”, disse.
Em uma entrevista feita em 1998, a esposa de Mike Slamer também falou sobre o assunto. Sua declaração é semelhante à de Beau Hill. “Mike tocou guitarras nos dois primeiros álbuns do Warrant. Beau Hill foi seu produtor e quando produziu o segundo disco do Streets, ele e Mike ficaram amigos, foi algo natural quando ele convidou Mike para fazer as sessões de gravação. Jani e os caras do Warrant se tornaram amigos de Mike, que ainda deu aulas por um tempo curto a Joey [Allen] e Erik [Turner]. Como um presente, Mike ganhou uma guitarra feita especialmente para ele. Beau também pediu para Mike fazer algumas guitarras do álbum de Fiona, bem como algumas coisas em um disco do Kix. Há duas canções do disco que Mike tocou, mas eu realmente não me lembro dos nomes ou até mesmo o nome do álbum”, afirmou.
Por outro lado, os integrantes do Warrant, que, supostamente concordaram com o acordo mencionado com Beau Hill, negam que Mike Slamer tenha sido responsável pelas guitarras dos dois primeiros álbuns da banda.
O guitarrista Erik Turner, por exemplo, foi questionado sobre o assunto pelo site Saviours Of Rock, em 2007. E não negou a participação de Mike Slamer, mas garantiu que tocou nos álbuns. “Toquei minhas partes de guitarra base em todas as músicas e Joey [Allen] também. Tocamos alguns solos. Beau Hill trouxe Mike Slamer para tocar alguns solos também”.
Questionado sobre o assunto pelo site Metal-Rules.com, o guitarrista Joey Allen, responsável por grande parte dos solos ao vivo, disse que pegou aulas de guitarra com Mike Slamer e também com Tommy Girvin (integrante da banda de Eddie Money). “Eles me ensinaram muito sobre fraseados e tocar dentro da música”, disse, sem muitas delongas.
Até mesmo o produtor Michael Wagener, que trabalhou em “Dog Eat Dog”, terceiro disco do Warrant, falou sobre o assunto. Wagener disse que “pessoas maliciosas falavam que os integrantes do Warrant não tocaram nas gravações” e que “os músicos do grupo eram capazes de tocar qualquer coisa que fosse solicitada”.
Em entrevista ao Legendary Rock Interviews, em 2012, o baixista Jerry Dixon foi questionado sobre a reação de Michael Wagener e concordou com o produtor de “Dog Eat Dog”. “Cada produtor tem ideias de usar cantores ou músicos de estúdio, mas temos sido sempre uma parte da criação do nosso próprio material. Pelo que eu sei, Mike Slamer, o cara que supostamente tocou, foi apenas o nosso técnico de guitarra na época. Claro, C.C. Deville tocou em “Cherry Pie”, mas era de conhecimento público. Só sei que eu não me lembro de nenhuma travessura como essa enquanto estive por lá. […] É engraçado porque hoje em dia ninguém toca em seus álbuns e há tanta malandragem, Protools, Autotune… concordo que, por algum motivo, viramos o bode expiatório e fizemos tudo em uma fita de duas polegadas, antes de Protools e Autotune”, afirmou.
É difícil dar algum veredito em relação a esse assunto, justamente pela divergência entre os depoimentos. Uma coisa é fato: Mike Slamer tocou nos discos. Muito provavelmente, gravou alguns solos e, especialmente, arranjos, enquanto Joey Allen e Erik Turner registraram bases e solos mais básicos, como os de “32 Pennies” e “I Saw Red”, por exemplo.
Digo isso porque o trabalho de um produtor, especialmente em fase de pré-produção, é pensar nos detalhes das canções. Passagens de guitarras entre versos, no meio de um refrão ou ao fim da faixa geralmente são atribuições do produtor, após ter contato com as composições brutas – todas feitas por Jani Lane, o verdadeiro fora-de-série do Warrant.
Se Mike Slamer foi convidado pelo produtor, é bem provável que o trabalho do músico tenha se resumido a licks de guitarra e alguns overdubs de solos, visto que os arranjos de “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich” e “Cherry Pie” são muito bem trabalhados. Tratam-se de duas belas peças dentro do hair metal.
Conheça um pouco mais do trabalho de Mike Slamer em outras bandas:





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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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