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O “errado” Phil “Philthy Animal” Taylor agora descansa em paz

O status de divindade atribuído a Lemmy Kilmister ofuscou, por muitas vezes, a contribuição que os músicos deram ao Motörhead ao longo dos anos. Enquanto o próprio Lemmy reconhece, em entrevistas, o talento de todos que estiveram ao seu lado em 40 anos de banda, o público tende a maximizar a figura do icônico vocalista, baixista e principal compositor.
Phil “Philthy Animal” Taylor, que faleceu na última quarta-feira (11), é um dos músicos que merecem reconhecimento. Ao lado do guitarrista “Fast” Eddie Clarke e (é claro) de Lemmy Kilmister, deu uma identidade tão forte ao Motörhead que colocou a banda entre as mais influentes da história do metal. Tão importante quanto vender discos, o trio deixou um legado.
Phil e Eddie estiveram ao lado de Lemmy quando o Motörhead era só uma banda de pequeno porte, que demorou um tempo até se consolidar e viu o sucesso chegar de forma progressiva. Taylor, inclusive, foi um “achado”: de acordo com Lemmy, só entrou porque tinha um carro. O falecido baterista e o guitarrista chegaram a abandonar o grupo em 1977, quando combinaram até um show de despedida. Mas resistiram, permaneceram e levaram o nome do Motörhead a outro patamar.
Apesar de consolidado a partir de 1979, o Motörhead nunca foi um sucesso comercial. Nem mesmo no Reino Unido, de onde vieram. Lemmy Kilmister não era o cantor ideal, nem tocava baixo da forma considerada correta – era mais um guitarrista do que um baixista propriamente dito. Phil Taylor tocava de uma forma confusa e a vida de excessos (não à toa, morreu com problemas no fígado) não o tornava uma referência nos shows. “Fast” Eddie Clarke era, inegavelmente, um grande guitarrista. Tecnicamente, o melhor dos três.
No entanto, a ousadia de Lemmy e Phil em fazer diferente tornou-os influentes dentro do metal, um estilo musical que ainda emergia quando eles conquistaram repercussão. Phil Taylor era agressivo. Tocava com agilidade, em tempos onde pouquíssimos preenchiam uma linha de bateria com bumbo/pedal duplo corretamente. Tinha uma pitada punk que casava perfeitamente com a proposta desenvolvida por Kilmister.
Mikkey Dee, baterista que está na formação desde 1992, é um monstro. Mas Taylor, que esteve na banda de 1975 até 1984 e de 1987 até 1992, tem a cara (feia) do Motörhead. Dee, aliás, só teve espaço porque “Animal” já não conseguia mais se segurar. A vida cobra.
É fato: não existiria Metallica, a banda de maior sucesso comercial dentro do segmento, sem Motörhead, por exemplo. Culpa de Kilmister. E, também, do “errado” Taylor. Que foi preso algumas vezes, que abusava dos tóxicos, que não seguia uma cartilha para tocar bateria. Mas que construiu linhas de bateria lendárias, como de “Overkill” e “Ace of spades”. Descanse em paz.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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