Warrant: “Cherry Pie”
Lançado em 11 de setembro de 1990
O segundo álbum de estúdio do Warrant é, também, o de maior sucesso. “Cherry Pie” entrou para a cultura popular americana, especialmente à época, graças à festeira faixa título, com um clipe que chama a atenção por causa da atuação de Bobbie Brown. O disco, no entanto, vai muito além disso.
O Warrant já desfrutava do sucesso de “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich” no fim dos anos 1980 e recebeu um investimento ainda maior para o sucessor. Com pompas de superprodução e participação de músicos como C.C. DeVille (Poison), Fiona e a dupla Bruno Ravel e Steve West (Danger Danger), o grupo não poderia decepcionar.
“Cherry Pie” soa bem. Tem os timbres grandiosos do hair metal, mas não peca pelo exagero de agudos ou reverbs intensos. Na produção, Beau Hill fez um bom trabalho ao lapidar os músicos, que, reconhecidamente, não são mestres em seus instrumentos. Tudo foi trabalhado para destacar a verdadeira estrela da companhia – Jani Lane, vocalista e compositor de praticamente todas as faixas.
Como compositor lírico, Jani Lane trabalhou com mais autoridade. Há letras de cunho mais profundo, como a crítica “Uncle Tom’s Cabin” e a triste “I Saw Red”, que trata de um colapso nervoso sofrido pelo cantor após flagrar sua namorada na cama com o seu melhor amigo. Até aquelas que parecem mais bobinhas, como “Blind Faith”, tratam de temas mais corriqueiros sem tanta superficialidade.
No instrumental, as vozes se destacam. Os coros são muito bem feitos. Até ao vivo, a banda mandava legal nesse quesito. Um pouco mais mais sofisticadas, as guitarras soam de forma interessante em alguns momentos, em especial pelos bons solos e por arranjos que, por vezes, saem do clichê óbvio do hard rock oitentista de notas abertas e dedilhados batidos – algo do qual o grupo não conseguiu fugir em “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich”. A cozinha é discreta e só acompanha.
“Cherry Pie” tem repertório e muitos hits em potencial. Além da faixa título, as músicas “I Saw Red”, “Uncle Tom’s Cabin” e “Blind Faith” foram lançadas como single. Mas momentos radiofônicos como “Mr. Rainmaker” e “Bed Of Roses” também impressionam, assim como a nervosa “Sure Feels Good To Me” e a climática “Song And Dance Man”. Raro caso de um álbum que é bom do início ao fim.
O Warrant cresceu ainda mais em termos de popularidade e excursionou muito para divulgar “Cherry Pie”. Mas nunca conseguiram repetir o sucesso conquistado. O sucessor “Dog Eat Dog” é primoroso, denso e até pesado, mas a indústria já estava com olhos mais direcionados ao rock alternativo.
Por esse e outros motivos, Jani Lane se afundou em um buraco do qual nunca conseguiu sair: o alcoolismo, que tirou a sua vida em 2011, quando tinha apenas 47 anos. “Cherry Pie” revela um pouco de sua mente, especialmente quando o single festeiro é desconsiderado.
Jani Lane (vocal)
Joey Allen (guitarra)
Erik Turner (guitarra)
Jerry Dixon (baixo)
Steven Sweet (bateria)
Músicos adicionais
C.C. DeVille (guitarra)
Mike Slamer (guitarra)
Scott Warren (teclados)
Bruno Ravel (backing vocals)
Steve West (backing vocals)
Fiona (backing vocals)
Alan Hewitt (órgão, piano, cordas)
Beau Hill (órgão, banjo, arranjos, teclados)
Paul Harris (piano, cordas)
Juke Logan (gaita)
1. Cherry Pie
2. Uncle Tom’s Cabin
3. I Saw Red
4. Bed of Roses
5. Sure Feels Good to Me
6. Love in Stereo
7. Blind Faith
8. Song and Dance Man
9. You’re the Only Hell Your Mama Ever Raised
10. Mr. Rainmaker
11. Train, Train (Blackfoot cover)