O meet & greet e a gourmetização do rock

  • Leia mais sobre:
  • Kiss

Sabemos que rock é, assim como a música desde o século passado, comércio. Em diversos textos de opinião, já defendi a iniciativa das bandas realmente trabalharem de acordo com suas demandas e façam o que for preciso para lucrarem. Mas não há nada mais bunda-mole e fora da atitude rock n’ roll do que meet & greet.
Não se sabe ao certo quem foi o infeliz cidadão que inventou essa prática, que impregnou entre algumas das grandes bandas de rock e até do metal. KISS, Metallica, Foo Fighters, Angra, Winger, Testament, Arch Enemy, Exodus e até mesmo o falido Scott Weiland apostam na tática e, curiosamente, conseguem dezenas ou centenas de interessados em pagar um alto valor para conhecer seus ídolos, além de outros itens e experiências ganhos.
Provavelmente o exemplo mais bizarro é o do KISS, que está cobrando cerca de R$ 2,6 mil por cabeça (fora do gênero, esse valor é praticado por nomes como Justin Bieber) para o seu meet & greet. O pacote inclui uma série de itens de colecionador – alguns personalizados -, foto individual com os músicos e a possibilidade de assistir um mini-show acústico da banda. E não inclui ingresso para a apresentação em si.
Não há sentido em fazer tanta questão de pagar um alto valor para conhecer seus ídolos – até porque há pouquíssimo em comum entre você, caro cidadão comum, e a estrela do rock para a qual você destina essa quantia. Vale o questionamento: o que a molecada de 20 e poucos anos teria a ver com alguns tiozões altamente capitalistas e ranzinzas de 50 ou 60 anos? Provavelmente nem mesmo a paixão equivalente pelo rock. Daí, para forjar algo, os caras precisam vender a atenção deles para você.
O rock, cada vez mais gourmetizado, caminha para o ostracismo devido a atitudes como essas. Não culpem as bandas novas, nem os fãs, que comprariam até o cocô de seus ídolos, caso estivesse à venda, por uma questão que sequer tem a ver com a satisfação pessoal – é para contar aos amigos que conheceu (ou tem o cocô) do fulano roqueirão. A culpa é do seleto grupo de “monstros dinossauros” do rock, que têm coragem de cobrar para que seus admiradores tenham acesso a eles.
Se ainda assim você, caro leitor, tem coragem de ir a um meet & greet, apure com antecedência quem estará por lá. Caso contrário, acaba se dando mal igual o jovem abaixo (clique para ler o tweet no link original):

Ir no Meet & Greet com uma mina super gata foi fd, a galera do Winger td deu em cima dla, e esqueceu o resto 😑
— Nobody To You (@RafaeldoCarmo10) February 8, 2015

Leia também:  Por que Taylor Swift bate recordes e rock vive crise, segundo Gene Simmons
ESCOLHAS DO EDITOR
  • Leia mais sobre:
  • Kiss
InícioOpiniãoO meet & greet e a gourmetização do rock
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades