Ousado e pesado, novo DVD do Noturnall é uma boa pedida

Noturnall: “First Night Live” (2014)

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O Noturnall chegou sem pedir licença no metal brasileiro. O público teve acesso a uma das músicas, “Nocturnal Human Side”, gravada com a participação do cantor e produtor Russell Allen (Symphony X, Adrenaline Mob), pouco depois que o projeto foi divulgado. Pegou de surpresa. Fiquei com receio de início, porque o background de todos os integrantes envolvidos está ligado ao metal melódico, gênero que, para mim, já se saturou. Mas a canção já divulgada e o single posterior, “No Turn At All”, ajudaram a criar até certa expectativa pelo disco, autointitulado e lançado em 2014, e mostraram, também, que a pegada era outra: um heavy metal meio progressivo, meio contemporâneo e, especialmente, mais original do que o som apresentado por outros grupos nacionais mais recentes.
O álbum conseguiu repercutir não só pela presença de ex-integrantes do Angra e do Shaman no projeto, mas também pela qualidade do material apresentado. Conscientes do bom trabalho feito em estúdio, o Noturnall se arriscou ao fazer de seu primeiro show uma gravação para um DVD. O vídeo, intitulado “First Night Live”, foi registrado durante o debut ao vivo do grupo, no dia 29 de março de 2014, no Carioca Club de São Paulo.
Por um lado, dá para chamar de um projeto arriscado. Por outro, imagino que os músicos estavam tranquilos, já que, com exceção do baterista Aquiles Priester, todos tocavam juntos no Shaman. O que se vê em “First Night Live” é que, apesar de ser o primeiro show do Noturnall, o entrosamento ficou evidente. O instrumental afiado ganhou um turbo de Priester, provavelmente o melhor baterista do gênero no Brasil e um dos grandes do mundo, em comparação à proposta de Ricardo Confessori no Shaman.
Antes coadjuvantes no melódico projeto anterior, o guitarrista Léo Mancini e o baixista Fernando Quesada me chamaram muita atenção. Ao longo do registro, Mancini se mostrou competente na timbragem do instrumento e na habilidade com a qual o utilizava. Por sua vez, o som de Quesada ficou menos escondido no processo geral. Junior Carelli, um dos destaques nos discos do Shaman, tem aparições mais tímidas – assim como no disco de estreia do Noturnall.
Thiago Bianchi é o único que ainda não me desce completamente. O cantor teve uma eovlução nítida e parece ter encontrado o seu melhor em termos de cordas vocais quando opta por vocalizações mais graves, às vezes até mais agressivas e rasgadas. Mas nem sempre consegue se sustentar, especialmente nos agudos, quando parece perder potência. Não chegou a comprometer no registro, mas fica um pouco para trás em relação aos excelentes músicos que o acompanham. Pensei que o problema estava na mixagem quando percebi que a voz de Bianchi estava baixa demais, mas quando Russell Allen entrou para fazer uma participação nas últimas três músicas do set (“Nocturnal Human Side” e os bons covers de “Stand Up And Shout”, de Dio, e “War Pigs”, do Black Sabbath), foi possível constatar que o problema foi a já mencionada falta de potência – talvez pelo fôlego, talvez pela forma de emissão de sons.
Era esperado que o repertório contasse com praticamente todo o disco de estreia do Noturnall: somente “The Blame Game” e o cover “Woman In Chains” (Tears For Fears) ficaram de fora. A abertura do show, com “No Turn At All” e “St. Trigger”, é monstruosa. A trinca antes dos covers de fechamento, composta por “Fake Healers”, “Sugar Pill” e “Nocturnal Human Side”, também é ótima. O miolo do show tem altos e baixos, especialmente por algumas canções que ficam enjoativas pela pouca variação de tonalidade. Do meio do set, destaques individuais para “Zombies”, “Hate” e “Last Wish”, com a participação de Luiz Fernando Venturelli – o violoncelista também tocou no cover de “Symphony Of Destruction”, do Megadeth.
O Noturnall começou bem. Ousou desde o lançamento do primeiro single e atingiu um patamar ainda mais alto com “First Night Live”. O DVD não é tão bom quanto o disco, mas merece ser conferido até por quem não se identifica com correntes mais técnicas do heavy metal, pois é uma boa aquisição.

Nota 8

Thiago Bianchi (vocal)
Léo Mancini (guitarra)
Fernando Quesada (baixo)
Junior Carelli (teclado)
Aquiles Priester (bateria)

Músicos adicionais:
Luiz Fernando Venturelli (violoncelo em 9 e 10)
Russel Allen (vocal em 14, 15 e 16)

01. Intro
02. No Turn At All
03. St. Trigger
04. Inferno Veil (Shaman cover)
05. Zombies
06. Master Of Deception
07. Hate!
08. Psychoctopus Drum Solo (Aquiles Priester)
09. Last Wish
10. Symphony Of Destruction (Megadeth cover)
11. Léo Mancini Guitar Solo
12. Fake Healers
13. Sugar Pill
14. Nocturnal Human Side
15. Stand Up And Shout (Dio cover)
16. War Pigs (Black Sabbath cover)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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