Metal Singers Tour – London Pub, Uberlândia (MG) – 23/01/2015
Udo Dirkschneider, Tim “Ripper” Owens, Blaze Bayley e Mike Vescera
Resenha por Igor Miranda | Fotos por Murilo Alves Pires
Uberlândia tem recebido shows de porte interessante nos últimos tempos. CJ Ramone, Gilby Clarke e Mudhoney vieram parar por aqui em 2014. Anos atrás, Paul Di’Anno cantou na cidade. Fora da música pesada, Julio Iglesias e David Guetta também carimbaram passaporte por aqui nos últimos meses.
Para fãs de rock e metal, o ano de 2015 abriu muito bem com a passagem da turnê Metal Singers por aqui. É evidente que se trata de uma tour de férias: quatro cantores apresentam um repertório de cinco músicas cada e, depois, se juntam para algumas jams. Ainda assim, soa bem interessante para uma cidade de médio porte, distante de capitais.
Digo isso não somente porque Udo Dirkschneider, Tim “Ripper” Owens, Blaze Bayley e Mike Vescera estiveram por aqui. Não adianta nada se o contexto não colabora. Mas ajudou. Os cantores vieram acompanhados de uma boa banda de apoio, a The Best Iron Maiden Tribute, com músicos entrosados e que conseguiram ajustar timbres e formas de tocar em meio a uma imensidão de subgêneros envolvidos nos repertórios. Uma ótima casa de shows, London Pub, recebeu as apresentações. A boa estrutura deu ao público uma qualidade que muitos eventos do gênero, até maiores do que esse, não conseguiram no passado.
A noite começou com Mike Vescera. O repertório trouxe músicas dos dois projetos mais relevantes nos quais esteve: Yngwie Malmsteen e Loudness. Poderia ter tocado algum som dos tempos de Dr. Sin, mas a apresentação foi boa para abrir os trabalhos. Atração menos conhecida da noite, Vescera chamou a atenção por dois motivos: a exímia performance vocal, típica de um tenor que ainda cuida muito bem da voz, e o desfile de sorrisos simpáticos por todo o tempo.
Blaze Bayley deu sequência e fez, de longe, o show mais enérgico. Durante a primeira música, “Voices From The Past”, de seu projeto solo, cumprimentou a todos da plateia que conseguiu. Depois, só Iron Maiden. Mandou três canções de seu período – “Man On The Edge”, “Como Estais Amigos” e “The Clansman” – e fechou com a clássica “Fear Of The Dark”. Blaze não é um cantor excepcional sob meu ponto de vista, mas compensou isso com as inúmeras tentativas de animar o público, doses altas de carisma e boas escolhas para o setlist.
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Tim “Ripper” Owens fez o show mais pesado da noite – algo esperado, pois sua fase no Judas Priest já fugia um pouco do heavy metal tradicional e flertava com elementos de gêneros mais extremos. A paulada “Jugulator” tirou o norte de quem não estava preparado, mas os clássicos “Grinder” e “You’ve Got Another Thing Comin'” se alinharam aos outros sets. “Death Row” e “Painkiller” voltaram a elevar o peso. Owens, paradão e pouco interativo, impressiona pelo poder vocal. Ótimo show.
O encerramento das performances individuais ficou com Udo Dirkschneider, cuja entrada no palco já me deixou arrepiado: o baixinho da voz esganiçada e marcante é uma instituição da música pesada. O mais experiente e consagrado cantor da noite fez muito bem a sua parte. Abriu o show com duas canções do projeto solo – “Animal House” e “They Want War”. Depois, disparou três clássicos do Accept: “Metal Heart” (com solo estendido e interação com o público), “Princess Of The Dawn” e “Fast As A Shark”.
Os momentos conjuntos vieram em sequência. Mike Vescera e Blaze Bayley deram início ao momento, com dois covers do Rainbow: “Man On The Silver Mountain” e “Long Live Rock N’ Roll”. Antes da performance, o ex-Maiden dedicou à memória de Ronnie James Dio. “Ele foi o responsável por influenciar a todos nós”, disse Blaze. A voz aguda de Vescera combinou com a grave de Bayley na primeira música; a segunda foi dispensável, pois tudo embolou – inclusive a banda de apoio.
Blaze continuou no palco e cantou “Wrathchild” com Tim “Ripper” Owens. A voz do enérgico Bayley foi ofuscada pela potência de “Ripper”. Valeu pelo momento. Durante o show de Udo Dirkschneider, muitos estranharam a ausência de “Balls To The Wall” no set, mas a música apareceu quando Udo subiu ao palco junto de Owens. O ex-Priest praticamente só fez backing vocals durante o refrão, pois deixou que Dirkschneider cantasse a canção toda. Justo. Ao fim e em clima de celebração, os quatro cantaram “Living After Midnight”, com momentos de destaque para todos na execução.
Uberlândia pode entrar para a rota de shows internacionais de pequeno porte do rock e metal, se for considerado o nível das apresentações que a cidade tem recebido. A boa passagem da turnê Metal Singers por aqui é uma prova. Só deixou a desejar em termos de público: poderia ter enchido a casa, mesmo com alguns nomes considerados secundários no cenário. De resto, superou minhas expectativas. É um projeto de verão, mas é bem feito e sem cara de “extra de férias”.
Mike Vescera:
01. Seventh Sign (Yngwie Malmsteen) 02. Never Die (Yngwie Malmsteen) 03. Soldier Of Fortune (Loudness) 04. You Shook Me (Loudness) 05. Vengeance (Yngwie Malmsteen)
Blaze Bayley:
01. Voices From The Past (Blaze Bayley) 02. Man On The Edge (Iron Maiden) 03. Como Estais Amigos (Iron Maiden) 04. The Clansman (Iron Maiden) 05. Fear Of The Dark (Iron Maiden)
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.
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