Explosivo e visceral, rock n’ roll do Branco Ou Tinto agrada rádio e underground

Branco Ou Tinto: “50 Segundos”

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Não dá para definir facilmente o Branco Ou Tinto dentro do rock. A banda, de Cuiabá (MT), flerta com muitos elementos ao mesmo tempo, mas com um padrão de identidade interessante. Pela falta de roteiro pré-estabelecido, não espere que esse texto, que fala sobre o primeiro disco do grupo, “50 Segundos”, enquadre o trio cuiabano em um rótulo.
Dado o aviso, vamos ao texto. O Branco Ou Tinto demorou um pouco para lançar um disco full-length. O grupo surgiu em 2007. Dois anos depois, se destacaram pela conquista do prêmio de melhor videoclipe no Festival de Cinema e Vídeo do Mato Grosso, graças ao trabalho em “Confissão sem culpa”. Outro clipe, intitulado “Presente de grego”, repercutiu na MTV do Brasil, Reino Unido, Ásia e VH1 Brasil em 2011.

Dê o play no disco “50 Segundos” e continue a ler o texto:

Desconheço os motivos pelos quais “50 Segundos” não foi lançado antes. Mas se a justificativa for a espera pela maturidade, é muito plausível. O trabalho é coeso, firme, poderoso. Impressiona logo na primeira audição. A liderança de Welliton Moraes, que é vocalista, guitarrista e principal compositor, me parece garantir essa unidade em todo o álbum. O rock n’ roll com pitadas alternativas do trio é formidável, assim como as boas letras, melancólicas e bem poéticas em maioria.
“O amor caiu em desuso” abre o registro com ótima letra e boa participação da cozinha de Thiago Araújo (baixo) e Marcus Tubarão (bateria). A queda rítmica e a variação melódica ao final foram muito bem sacadas. O swing de “Presente de grego” dá sequência com um refrão explosivo e performance excepcional de Tubarão. “Subconsciente”, que flerta mais com o rock alternativo, é mais morna.

“Tesouro escondido” descamba para o rock n’ roll puro e direto. Um blues rock em chamas, com guitarras fora de série – de riffs a solos. A cozinha acompanha muito bem. Está entre as melhores do trabalho. “Confissão sem culpa” dá sequência com uma pegada pop rock, mas nada genérico. Os ganchos melódicos destacam a boa letra cantada por Welliton Moraes. Tem cara e potencial de single.
“Todos culpados” deixa o disco mais elétrico, com uma influência latente de Jimi Hendrix Experience em toda a banda. O riff principal é matador. “Abominável inominável” não esconde que a guitarra Stratocaster de Welliton Moraes tem um pé fincado no blues. A cozinha também se destaca. “Coisas de Momento” mescla o pop rock ao alternativo de forma sublime. O solo é matador. Apesar da boa proposta, não é uma faixa que salte aos olhos (ou ouvidos) em comparação às demais.

Mais acelerada, “Coração de plástico” deixa a cozinha mais evidente ao longo dos versos. O refrão poderia ser mais enérgico. Assim como a anterior, essa canção não se destaca tanto. “Mente confusa” marca o encerramento do disco. A guitarra em slide no início adianta que a orientação dessa música novamente inclina para o blues, mas um pouco mais para a raiz do estilo, mais cadenciado e levemente soturno. O instrumental dá um show. Ao final do álbum, há uma pequena hidden track, com efeito de aparelho de rádio das antigas, que faz menção a outras canções como “Denize” (da própria banda) e, posteriormente, com batidas de coração por pouco mais de 50 segundos. Emblemático.

“50 Segundos” tem uma ou outra faixa que ficam um pouco abaixo do padrão incendiário. Mas não comprometem. O Branco Ou Tinto tem um forte potencial para explodir no mainstream sem abrir mão do respeito no underground. Vale ressaltar que o trio se mudou de Cuiabá para São Paulo, em busca de um mercado autoral maior, e estará em minha cidade, Uberlândia (MG), no festival UdiRock, em 11 de outubro.
É curioso – e sensacional – como a banda trabalha com os dois mundos muito bem. Do potencial radiofônico ao agrado aos fãs diehards: percebo criatividade, visceralidade, energia e maturidade musical para, em próximos trabalhos, atingir níveis estratosféricos e me arrancar uma nota 10.

Nota 8,5

Observação: o trio lançou recentemente uma nova música, intitulada “Em Instantes”, que pode ser conferida abaixo.

Welliton Moraes (vocal e guitarra)
Thiago Araújo (baixo)
Marcus Tubarão (bateria)

01. O amor caiu em desuso
02. Presente de grego
03. Subconsciente
04. Teosuro escondido
05. Confissão sem culpa
06. Todos culpados
07. Abominável inominável
08. Coisas de momento
09. Coração de plástico
10. Mente confusa

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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