Pride & Glory: 20 anos do único disco, autointitulado

Pride & Glory: “Pride & Glory”
Lançado em 1° de maio de 1994

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Algo me incomoda no Black Label Society. O trabalho feito por Zakk Wylde no grupo me agrada, sim. Mas parece estar aquém de sua capacidade enquanto músico. O bom cantor e ótimo multi-instrumentista parece ficar limitado à fórmula do BLS – que, seja feita justiça, tem fãs fiéis e foi até um pouco quebrada com o recente “Catacombs Of The Black Vatican”.
Saber que Zakk Wylde fez trabalhos como “Book Of Shadows” e, especialmente, o projeto Pride & Glory, cujo único álbum comemora hoje 20 anos de lançamento, é o que mais me incomoda no Black Label Society. Gostaria de ter visto o Pride & Glory sendo continuado. Em termos comerciais, não sei qual o retorno que teria, mesmo com o público fiel que o guitarrista conquistou com muita competência. Mas, à época, ele aproveitou uma tendência curiosa que ocorria no hard rock: um retorno aos 1970s e ao clássico e, especialmente, uma ressurreição do southern rock.
Com essa proposta, surgiu o Pride & Glory ainda durante a suposta última turnê de Ozzy Osbourne, a “No More Tours”, em 1991. O background dos músicos presentes no grupo, que nasceu com o nome Lynyrd Skynhead (!), era um pouco diferente: James LoMenzo, baixista, e Greg D’Angelo, baterista, integravam o recém-findado White Lion, banda de hard rock que teve destaque na década de 1980. D’Angelo acabou sendo substituído por Brian Tichy e o nome do projeto mudou para Pride & Glory.

A tônica do único disco do Pride & Glory é o southern rock. Mas não se limita a isso. Elementos do hard rock, classic rock, heavy metal e country (já intrínsecos ao southern rock) são agregados ao trabalho. Muito pelo talento de Zakk Wylde, o líder do projeto. Além de cantar e tocar guitarra e violão, o músico assume a gaita, o piano, o bandolim e o banjo. Mas a backing band, com James LoMenzo (baixo) e Brian Tichy (bateria), além da precisa participação da orquestra Seattle Symphony em algumas faixas, conduzida por Paul Buckmaster, também merece destaque. Tudo soa perfeito e encaixado.
O início da faixa de abertura, “Losin’ Your Mind”, é climático – tocado no banjo pelo multi-instrumentista Zakk Wylde. A canção abre o trabalho com muitas honras. Um southern hard rock com pompas de hino. É como um “country do Satanás”. “Horse Called War” dá sequência com um riff pesado e ritmo mais animado. A guitarra orienta toda a canção. “Shine On” é nervosa: a gaita, o cowbell e os vocais de Zakk Wylde mostram o híbrido interessante entre southern rock e heavy metal aqui obtido.

“Lovin’ Women” começa com um arroto: quer algo mais sulista do que isso? Apesar do início tr00, a faixa é mais lenta. O dedilhado no violão e a interpretação vocal repleta de feeling de Zakk Wylde evidencia o talento do cara. “Harvester Of Pain” traz a assinatura de Wylde na guitarra: harmônicos até no riff. Um hard rock com a cara dos anos 1970, mas com timbragens à época contemporâneas. “The Chosen One” é pesada, arrastada e até um pouco soturna em certos momentos; em outros, se torna uma balada. A alternância é o elemento de destaque da faixa, além do bom solo e participações de instrumentos de orquestra.
“Sweet Jesus”, assim como sugere o título, é doce. A melódica power ballad é guiada por piano e voz e conquista logo na primeira audição. “Troubled Wine” traz tonalidade grave, slide na guitarra em momentos esporádicos e um andamento totalmente Alice In Chains no restante da canção. “Machine Gun Man”, uma das faixas mais conhecidas do disco, é uma semi-balada com a assinatura do southern rock. Misteriosamente, não foi lançada como single: “Losin’ Your Mind”, “Horse Called War” e “Troubled Wine” foram as canções promocionais.

“Cry Me A River” continua a manter o clima southern rock em maior evidência. O trabalho de violões de Wylde é fantástico. “Toe’n The Line” retoma o peso de outrora com um show instrumental em pouco mais de sete minutos de duração. “Fadin’ Away”, tomada por piano e instrumentos de orquestra, conta com uma performance vocal repleta de feeling por parte de Zakk Wylde. “Hate Your Guts” encerra o trabalho com a cara de Texas: country rock legítimo, desde os arranjos no violão até o vocal despreocupado.
O relançamento de 1999 é uma boa pedida. Três bons covers são apresentados por Wylde e trupe: “The Wizard” (Black Sabbath), “In My Time Of Dying” (conhecida pela versão do Led Zeppelin) e “Come Together” (The Beatles). Além disso, duas faixas que ficaram de fora também marcam presença na edição comemorativa: “Torn And Tattered” e “The Hammer & The Nail”. Seja qual for a versão, o único álbum do Pride & Glory é sempre uma boa pedida. Trata-se do clássico de Zakk Wylde que é ignorado pela maioria – inclusive pelo próprio.

Zakk Wylde (vocal, guitarra, violão, piano, bandolim, banjo, gaita)
James LoMenzo (baixo, double bass, vioão de doze cordas em 13
Brian Tichy (bateria, percussão)

Músicos adicionais:
Paul Buckmaster (arranjos musicais em 6, 7 e 13)
Participação da orquestra Seattle Symphony, conduzida por Paul Buckmaster

01. Losin’ Your Mind
02. Horse Called War
03. Shine On
04. Lovin’ Woman
05. Harvester of Pain
06. The Chosen One
07. Sweet Jesus
08. Troubled Wine
09. Machine Gun Man
10. Cry Me a River
11. Toe’n the Line
12. Found a Friend
13. Fadin’ Away
14. Hate Your Guts

Faixas bônus do relançamento de 1999:
01. The Wizard (Black Sabbath cover – também presente na edição deluxe japonesa de 1994)
02. Torn and Tattered
03. In My Time of Dyin’ (famosa pela versão do Led Zeppelin)
03. The Hammer & the Nail
04. Come Together (The Beatles cover)

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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