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Rock n’ roll dá a tônica do primeiro dia do 2° Festival Timbre em Uberlândia

2ª Festival Timbre e Arte na Praça – Acrópole Hall (30/05/2014)

Fotos do Multus, Space Truck, Vespas Mandarinas, Bárbara Eugênia e Projeto Ccoma por Ananda Dinato – clique e conheça o trabalho dela

Foto do Nação Zumbi por Felipe Flores – clique e conheça o trabalho dele

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Começou nesta sexta-feira (30) a 2ª edição do Festival Timbre e Arte na Praça. O cast é animador para uma cidade que já foi mais efervescente no cenário underground/independentes (apesar de nem todos da lista serem independentes): Emicida, Tiago Iorc, Nação Zumbi, Vespas Mandarinas e por aí vai – sendo que os dois últimos integraram o line-up do primeiro dia, juntamente de Projeto Ccoma, Muñoz, Space Truck, Bárbara Eugênia e Multus.
Logo de cara, fui surpreendido pelo atraso. Sempre me surpreendo, não sei porquê, apesar de sempre aguardar por este ingrato câncer dos eventos underground. A abertura dos portões, prevista para 19h, foi adiada para 20h30 (conforme anúncio feito em cima da hora, já depois das 19h, no evento criado no Facebook). Mas curiosamente só foi autorizada a entrada do público por volta das 22h. Nem sempre o problema com horário determina a qualidade do que é apresentado durante o festival, mas considero importante deixar isso registrado.
O Multus, de Araguari, recebeu o público com uma curta apresentação. A função da banda era, também, entreter os presentes durante os intervalos dos shows. Reviveram bons sons do rock nacional e internacional das décadas de 1990 e 2000. Gostaria de ver um show completo, sem interrupções e, de preferência, com músicas autorais – se é que o grupo propõe isto também – para saber melhor o que dizer.

(Guilherme Duarte, do Multus – foto por Ananda Dinato)

No palco principal, por volta das 22h20, o Space Truck subiu ao palco, para um público que ainda entrava no Acrópole Hall. O trio goiano é uma espécie de Rush do cerrado, que mistura leves pitadas do progressivo e do southern a um hard rock direto e altamente setentista. Quem acompanhou a performance, com certeza se impressionou com a desenvoltura dos garotos no palco.
A banda está para lançar seu primeiro álbum full-length desde o ano passado, mas o envolvimento dos músicos a outros projetos e algumas questões burocráticas atrasaram a finalização do disco. Em entrevista, eles prometeram que as músicas já estarão disponíveis para audição virtual em aproximadamente 30 dias.

(Rogério Sobreira, do Space Truck – foto por Ananda Dinato)

As rápidas trocas de palco amenizaram um pouco o atraso inicial. Dez minutos depois do final do show do Space Truck, o Muñoz já disparava riffs pesados aos presentes. O duo uberlandense fez um repertório também baseado em sons autorais e, com a casa mais cheia, mostrou poder de fogo com uma performance irretocável. Stoner rock/metal com influências doom, bluesy e psicodélicas. Parece unir gêneros demais, mas o Muñoz traz uma mistura perfeita para um bom headbanging.
Confesso que nunca havia assistido a um show deles e procurei se havia algum músico tocando guitarra rítmica, baixo ou dobras de teclado por trás do palco para complementar. Não havia. Todo aquele peso saía da guitarra iommiana de Mauro Fontoura e da bateria wardiana de Samuel Fontoura (nota: adjetivos que fazem referência ao Black Sabbath).

(Mauro Fontoura, do Muñoz – foto por Ananda Dinato)

Na sequência, a cantora Bárbara Eugênia subiu ao palco com uma legião de fãs que ocuparam a grade e praticamente fizeram o show com ela. Houve uma troca na ordem de apresentações: o Vespas Mandarinas tocaria antes dela. Admito que não é minha praia: ela é meio retrô, bem soft e, no ramo das comparações, afirmo, com chance de ser execrado pelos admiradores, que ela é uma Mallu Magalhães mais madura.
No entanto, o fato de ser mais madura, musicalmente falando, é o que atrai o público. O show foi bom. Acompanhada de uma banda bem entrosada, a cantora se aproveitou de seu bom registro vocal e de seu carisma para convencer possíveis novos fãs. Muitos que acompanharam, não deram a mínima no início mas estavam curtindo no final. Ponto para Eugênia.

(Bárbara Eugênia – foto por Ananda Dinato)

O Vespas Mandarinas ocupou o palco do Timbre em seguida e fez um show gradativo. Começou fraco e terminou na estratosfera. As primeiras canções eram mais calmas e orientadas ao pop e, ao longo do repertório, o peso entrava e o rock n’ roll passava a ser linha de frente. Entre muitas canções do bom álbum “Animal Nacional”, também rolou uma música nova, que deve estar em registros futuros.
Para quem pegou o show do Vespas do meio para frente, a surpresa foi incrível. Garage rock direto, com pitadas de indie. Som autêntico, como confirmado em entrevista pelo vocalista e guitarrista Thadeu Meneghini. “Não fizemos laboratório nos dois EPs anteriores para o ‘Animal Nacional’. Laboratório dá ai deia de algo científico e pensadinho”, disse.
O Vespas fez recentemente uma apresentação na edição deste ano do festival Lollapalooza, logo nos momentos iniciais do evento. De forma consensual, os músicos compararam o show em questão a uma transa no banheiro com a atriz Sônia Braga. “O momento era aquele. Ou ia, ou não ia. Mas espero que, no Lollapalooza 2015, façamos um show em um horário melhor”, disse o vocalista e guitarrista Chuck Hipolitho.

(Thadeu Meneghini, do Vespas Mandarinas – foto por Ananda Dinato)

Para quem esperava que ainda demoraria para o Nação Zumbi subir ao palco (o Projeto Ccoma estava escalado para dar sequência logo após o Vespas Mandarinas), a surpresa foi boa: o lendário grupo pernambucano se apresentou ao público uberlandense por volta de 2h da manhã. De clássicos dos tempos de Chico Science a novas canções do recém-lançado disco autointitulado, o repertório teve espaço para tudo.
A experiência dos integrantes reverbera na execução dos instrumentos e na própria distribuição de som. Estava tudo impecável. Dos instrumentos de corda aos vocais e percussões. O manguebeat do Nação Zumbi deixou o público satisfeito e atento ao show do início ao fim.

(Nação Zumbi – foto por Felipe Flores)


Por questões pessoais, tive que ir embora antes do show do carismático Projeto Ccoma, que toca um future jazz de qualidade: tanto é que conquistaram repercussão com o trabalho deles a ponto de embarcarem, no próximo mês, para uma turnê na Europa.
O saldo do primeiro dia do 2° Festival Timbre e Arte na Praça foi positivo. Orientado de forma majoritária pelo bom e velho rock n’ roll, o festival cumpriu bem o que propôs em termos musicais e fez o público uberlandense ter saudades de quando a cidade tinha mais espaço no circuito underground. Aguardo não apelas pelos próximos dias do evento, mas também por outras iniciativas semelhantes.

(Swami Sagara, do Projeto Ccoma – foto por Ananda Dinato)
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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