Desde sua controversa saída do Skid Row, Sebastian Bach mergulhou em projetos musicais de estilos distintos. Performances em produções da Broadway, o fraco disco “The Last Hard Men”, o álbum progressivo “An Absence Of Empathy”, do Frameshift, e o fiasco Damnocracy são os trabalhos de maior destaque de Bach até mergulhar em uma carreira solo.
O cantor começou em altíssimo nível com “Angel Down” (2007), mas teve uma queda de qualidade inacreditável com “Kicking & Screaming” (2011). Quatro anos de espera por um disco decepcionante. Apesar da melhor repercussão comercial, muitas críticas negativas vieram ao disco, pouco inspirado.
Para o seu terceiro álbum solo de inéditas, o recém-lançado “Give ‘Em Hell”, Bach anunciou uma boa lista de participações. Duff McKagan tocou baixo em todas as faixas. A line-up é completa pelo bom baterista Bobby Jarzombek e pelo razoável guitarrista Devin Bronson. John 5 e Steve Stevens assumiram as seis cordas em algumas canções.
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Mas de nada adiantou. “Give ‘Em Hell” é fraco e volta à questão da falta de inspiração. Aliás, evidencia algo mais sério: Sebastian Bach não é um bom compositor. As canções de “Angel Down” são melhores por contar com colaboradores externos do porte de Roy Z e Desmond Child, além de cinco faixas (contando com o cover “Back In The Saddle”, do Aerosmith) sequer levarem a assinatura autoral do cantor.
Em “Give ‘Em Hell”, Bach assina a autoria de todas as faixas (exceto do cover “Rock N’ Roll Is A Vicious Game”, do April Wine), com as colaborações de Duff McKagan, John 5, Devin Bronson, Bobby Jarzombek, do produtor Bob Marlette e alguns compositores de fora. O excesso de participações na parte criativa pode justificar a falta de boas canções, ainda mais quando é considerado que são poucos compositores profissionais.
Musicalmente, o álbum não impressiona pela mesmice. Sebastian Bach não sabe se quer ser retrô ou moderno. Bem como sua banda, ele tenta transitar entre o metal contemporâneo e o tradicional, mas soa confuso. As canções parecem ter sido feitas com fórmulas prontas. O mau uso de afinações mais graves dá a sensação de que uma música é repetida por várias vezes. Casos da fraca sequência “Harmony”, “All My Friends Are Dead” e “Temptation”, que fazem a qualidade do disco cair após uma abertura razoável com “Hell Inside My Head”. A balada “Push Away” é constrangedora: Bach tenta resgatar o vocal agudo de outrora no refrão, mas falta algo.
Parceria com Duff McKagan (direita) não foi suficiente para salvar novo álbum de Sebastian Bach (esquerda)
A boa e pesada “Dominator” traz um andamento diferente e dá a perspectiva de que o trabalho vai melhorar. Engano. A balada “Had Enough” é previsível desde a melodia vocal até os arranjos instrumentais. “Gun To A Knige Fight” tem um bom riff inicial e versos interessantes, mas cai na mesmice melódica posteriormente. O cover “Rock N’ Roll Is A Vicious Game” é um um dos melhores momentos do álbum – o que é péssimo, pois Bach deveria se garantir nas outras faixas.
“Taking Back Tomorrow” evidencia a modernidade que Sebastian Bach quer atribuir aos seus novos trabalhos. Uma espécie de heavy metal contemporâneo mal resolvido, pois sua voz deixa explícito o ar retrô – de tão flashback, mostra as falhas de um cantor mais velho e de voz gasta. Mas as últimas canções orientam uma linha que Bach poderia ter seguido no miolo do disco. “Disengaged” soa original e se destaca. “Forget You” é um pouco exagerada, em especial nos gritos de Bach, mas também é boa.
O disco “Give ‘Em Hell” mostra que Sebastian Bach ainda é um bom intérprete. Como cantor, ele se mostrou mais coerente com sua atual capacidade vocal – não se trata mais de um garotão com as cordas vocais inteiraças – e não exagerou tanto, com exceção de alguns momentos. Mas o conteúdo geral do álbum é fraco e repetitivo. Poucas faixas merecem ser ouvidas com mais atenção. Bach precisa se orientar artisticamente para voltar a fazer trabalhos memoráveis como “Angel Down”. Não necessariamente tentar fazer igual, mas produzir algo bem resolvido.
Nota 4
Sebastian Bach (vocal) Devin Bronson (guitarra) Duff McKagan (baixo) Bobby Jarzombek (bateria)
Músicos adicionais: John 5 (guitarra em 4) Steve Stevens (guitarra adicional)
1. Hell Inside My Head 2. Harmony 3. All My Friends Are Dead 4. Temptation 5. Push Away 6. Dominator 7. Had Enough 8. Gun To A Knife Fight 9. Rock N’ Roll Is A Vicious Game (April Wine cover) 10. Taking Back Tomorrow 11. Disengaged 12. Forget You
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.
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