Ron Keel enviou fita de outro cantor para teste no Black Sabbath? Ele responde

Vocalista diz que chegou a assinar contrato para entrar na banda e refuta declaração de Tony Iommi sobre material usado para seleção

Ron Keel foi um dos muitos a pleitear a vaga de vocalista do Black Sabbath, em substituição a Ian Gillan, na metade da década de 1980. O período é lembrado como o mais turbulento da história do lendário grupo britânico de heavy metal.

Mas segundo o próprio cantor, em recente entrevista ao site MarceloVieiraMusic.com.br, as coisas não ficaram só na raia do pleito. Keel afirma ter provas de sua efetivação no posto.

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Ele diz:

“A história é muito clara para mim. Eu vivi isso. Tenho um contrato assinado. Conversei com os empresários deles. O acordo estava fechado.”

Muito se especula acerca dos motivos que levaram a parceria a não ir para a frente. Segundo o guitarrista Tony Iommi, como consta da autobiografia “Iron Man” (Planeta, 2013), ele e o baixista Geezer Butler ouviram caixas e mais caixas de fitas enviadas por inúmeros jovens que sonhavam em entrar para o Sabbath — entre eles, Ron Keel.

Os dois acharam o rapaz muito bom e saíram para jantar e beber com ele. Lá pelas tantas, Iommi e Butler descobriram que a voz de que tinham gostado não era a de Ron. O vocalista, supostamente, teria enviado uma fita com a voz dele de um lado e a de um cantor diferente do outro — coisa que ele nega.

“Não houve essa de lado errado da fita. Isso não aconteceu. Eu não enviaria a fita errada para uma audição. Se eu te enviasse uma fita, ela teria a minha voz.”

Ao explicar o porquê de o acordo não ter sido levado adiante, Keel culpou razão “puramente comercial” e cravou: àquela altura, todos queriam o retorno de Ozzy Osbourne, demitido no fim dos anos 1970. O vocalista se reergueu com sua carreira solo; logo, um retorno era improvável.

“A razão pela qual isso não continuou foi puramente comercial. Na verdade, Tony e Geezer só queriam o Ozzy de volta. E eu não os culpo. Ozzy é o frontman do Black Sabbath. Claro, os anos de Ronnie James Dio foram muito especiais para todos nós, e o legado de Ronnie fala por si.”

Tributos, apesar de tudo

Na mesma supracitada entrevista, Ron Keel oferece um spoiler de seu vindouro trabalho, “Keelworld”, que tem a ver com Black Sabbath.

“Temos uma nova versão de ‘Children of the Grave’ [do Black Sabbath], que inclui eu mesmo, Bobby Rondinelli na bateria, Neil Murray no baixo e meu guitarrista Dave Cothran da Ron Keel Band. Bobby Rondinelli e Neil Murray tocaram no Sabbath e fizeram turnê com o Sabbath ao mesmo tempo, mas nunca gravaram Sabbath juntos até agora, então estou muito orgulhoso disso.”

Não é a primeira vez que o vocalista interpreta uma música do Black Sabbath em disco. Em 2019, ele se juntou a diversos ex-integrantes e agregados da banda no projeto Emerald Sabbath, cujo único álbum, “Ninth Star”, inclui Ron cantando as faixas “Die Young”, “Hole in the Sky” e “Thrashed”.

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“Keelworld” tem lançamento previsto para julho deste ano. Ron Keel fará duas apresentações São Paulo na próxima quinta (16) e sexta-feira (17) — saiba mais clicando aqui.

Sobre Ron Keel

O material de divulgação dos shows no Brasil relembra que Ron Keel, que chegou a gravar uma fita demo numa audição para o Black Sabbath, quando passou alguns dias com Tony Iommi e Geezer Butler, iniciou-se na música bem cedo. Porém, começou a chamar a atenção no cenário do hard rock quando criou o Steeler, que contava com ninguém menos que o guitarrista Yngwie Malmsteen, e lançou o álbum “Steeler” (1982), um dos discos independentes mais vendidos nos EUA. A instabilidade no line-up fez com que ele montasse a sua própria banda, Keel, que entrou em cena em março de 1984.

Agora, 40 anos depois de criar o Keel e estabilizar a formação com Marc Ferrari e Bryan Jay (guitarras), Kenny Chaisson (baixo) e Dwain Miller (bateria) para o debut, “Lay Down The Law” (1984), o chamado “Metal Cowboy” estará em São Paulo. Quem acompanha de perto o cenário do rock pesado no Brasil certamente lembra-se dos anúncios do álbum “The Right To Rock” (1985), produzido por Gene Simmons (Kiss), em revistas como a saudosa Metal e do videoclipe sendo exibido nos programas de TV da época.

Com o nome em alta e uma turnê de sucesso, quando a banda se apresentou ao lado de Triumph, Loudness, Accept, Joan Jett, Queensrÿche, Autograph, Vant Zant e Steppenwolf, veio o passo seguinte, “The Final Frontier” (1986). Novamente produzido por Gene Simmons, o disco trouxe novos clássicos e faixas de impacto, como “Rock And Roll Animal”, “Here Today, Gone Tomorrow”, “The Final Frontier”, “No Pain No Gain”, a balada “Tears of Fire” e o cover de “Because The Night”, originalmente gravada por Patti Smith.

A turnê de grandes proporções contou com o Keel dividindo o palco com Dio, Queensrÿche, Quiet Riot, Accept, Krokus, Triumph, Van Halen, Aerosmith e outros. No início de 1987, a banda rapidamente entrou em estúdio e saiu com o disco “Keel”, produzido por Michael Wagener (Accept, Dokken, Bonfire e outros). Após a turnê, com datas ao lado do Mötley Crüe e outras com Bon Jovi, o Keel ainda lançou “Larger Than Live” (1989) e depois se separou.

Ron Keel buscou alternativas com projetos solos, na música country e em bandas como Saber Tiger, The Rat’lers, Fair Game e IronHorse, na qual mesclava heavy metal e country, e, posteriormente, o K2, Badlands House Band e Ron Keel Band. O KEEL voltou a se reunir primeiramente em 1998, quando lançou “Keel VI: Back In Action”, e depois em 2010, com “Streets of Rock & Roll”, título tirado de seu programa de rádio.

Em 2014, Ron Keel publicou sua autobiografia, “Even Keel: Life On The Streets Of Rock ‘N’ Roll”. Mais recentemente, se apresentou no Monsters of Rock Cruise, Frontiers Rock Festival e tocou com a Ron Keel Band na Austrália, Finlândia e pelos Estados Unidos.

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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