Ace Frehley morreu na última quinta-feira (16), aos 74 anos. Desde a divulgação da notícia, o guitarrista original do Kiss vem recebendo inúmeras homenagens de artistas e fãs nas redes sociais. Alice Cooper, por exemplo, prestou um tributo emocionado ao colega de profissão e amigo.
Em texto, o cantor de 77 anos refletiu não só a respeito da relação de longa data com o músico, como também sobre a passagem do tempo e o falecimento de ícones do rock. Na publicação, ele escreveu:
“A pior parte de estar no rock ‘n’ roll neste momento é o fato de que alguns integrantes da nossa comunidade chegaram àquela idade em que eles deixam o planeta. Alguns dos caras que começaram há 30, 40, 50 anos estão começando a partir, como Ace Frehley, do Kiss, um dos pioneiros, um dos grandes guitarristas. Ace foi um verdadeiro ícone da guitarra para muitas pessoas. Fiz mais turnês com ele do que com qualquer outro, ele abriu muitos shows para nós, por um bom tempo. Nos tornamos grandes amigos. E ele sempre dava o seu melhor toda noite. Ele era assim todas as noites. E é difícil ver alguém como ele partir. Sabemos que, neste momento, os fãs do Kiss certamente estão de luto, assim como sua família e todos que o conheceram. Ace era um ace [trocadilho para dizer excepcional].”
Como mencionado, Frehley chegou a abrir inúmeras apresentações de Cooper. Os artistas tocaram juntos em anos como 1987, 2009, 2011, 2017, 2021 e 2022.
Na autobiografia “Não Me Arrependo” (2011), o guitarrista explicou a influência do rei do shock rock no trabalho do Kiss. Segundo o Spaceman, a referência vinha não só da estética, mas até mesmo da sonoridade:
“New York Dolls era um grupo pré-punk sem limites de gênero, liderado por David Johansen e Johnny Thunders. Seus membros usavam salto alto e maquiagem e geralmente preferiam roupas andróginas. Eles influenciaram muitos outros músicos na cena de Nova York e tiveram impacto no Kiss, tanto musical quanto estilisticamente. Assim como Alice Cooper, que talvez tenha exercido influência até maior, pois o som de sua banda era mais refinado e comercial, e seu show girava em torno da teatralidade. Na década de 1970, Alice Cooper levava muita violência ao palco, combinando rock e arte performática de um jeito inédito até então. Ele não era apenas um cantor, mas um personagem de sua própria banda, que realizava atos chocantes e repulsivos em nome da arte.”
A conexão entre ambos começou ainda na década de 1970. Ao podcast de Eddie Trunk em 2021 (via Wikimetal), Frehley revelou que não sabia ao certo quando exatamente havia conhecido Cooper, mas lembrava em detalhes do primeiro contato com o amigo:
“Fomos convidados para a festa de aniversário de Alice e, claro, eles tinham várias caixas de Budweiser, e eu estava sentado ao lado de Alice. Paul [Stanley] e Gene [Simmons] estavam do outro lado dele. Esses caras não bebem, e eu e Alice estamos bebendo cerveja e rindo pra c**alho, ignorando Paul e Gene completamente porque eles não bebem. Alice se identificou comigo porque nós somos bebedores de cerveja. Nós nos divertimos muito naquele dia, mas não consigo me lembrar, isso foi nos anos 70.”
A ligação entre Alice Cooper e Kiss
Não é segredo o quanto Alice Cooper exerceu influência sobre o Kiss em seus primórdios. Isso porque o cantor e sua banda criaram o fenômeno que ficou conhecido como shock rock, se valendo de teatralidade e levando o horror aos palcos, que inspirou diretamente os mascarados.
Em entrevista à série Audible’s Words+Music, transcrita pelo Ultimate Classic Rock, Vincent Furnier destacou suas primeiras impressões sobre a banda de Nova York.
“Conhecíamos eles antes de ser o Kiss. Não foi algo que surpreendeu. Nós dissemos onde deveriam comprar a maquiagem (risos). Mas eles se baseavam no Kabuki, formato do teatro japonês, não éramos iguais”.
Musicalmente, a influência também se fez presente até bem tarde na carreira do Kiss. A faixa “Dreamin’”, do álbum “Psycho Circus” (1998), rendeu uma disputa judicial por sua semelhança com “I’m Eighteen”. O assunto foi resolvido fora dos tribunais em um acordo financeiro.
A morte de Ace Frehley
No fim de setembro, um show de Frehley nos Estados Unidos foi cancelado após ele ter sofrido uma queda em seu estúdio caseiro. Dias depois, já em outubro, um comunicado informou a suspensão de toda a agenda de 2025 devido a “alguns problemas médicos em andamento”.
Nesta quinta-feira (16), foi informado que ele era mantido vivo com aparelhos. À noite, a família enviou esta nota à imprensa (via Variety):
“Estamos completamente devastados e com o coração partido. Em seus últimos momentos, tivemos a sorte de poder cercá-lo de palavras, pensamentos, orações e intenções amorosas, atenciosas e pacíficas enquanto ele deixava esta Terra. Guardamos com carinho todas as suas melhores lembranças, suas risadas e celebramos a força e a bondade que ele dedicou aos outros. A magnitude de sua partida é de proporções épicas e incompreensível. Ao refletir sobre todas as suas incríveis conquistas de vida, a memória de Ace continuará viva para sempre!”
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