Ihsahn defende que misturar vida pessoal e profissional nem sempre é o melhor caminho para um artista. Para o líder do Emperor, esse distanciamento, aliás, ajuda a explicar o sucesso de bandas como Ghost e Sleep Token.
Ao programa Metal Global, o cantor introduziu o assunto ao relembrar a mística envolvendo Kiss e Alice Cooper décadas atrás. No passado, segundo suas palavras, não existiam redes sociais ou uma superexposição de grupos do rock e do metal. Isso trazia um certo mistério que, ao seu ver, era extremamente positivo.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, ele primeiramente explicou:
“Ver o Kiss e o Alice Cooper era algo mítico. Lembro quando fui ao meu primeiro show do Iron Maiden, eu não conseguia acreditar que estava respirando o mesmo ar que os próprios integrantes do Iron Maiden. A gente não tinha redes sociais, não sabia o que eles tinham comido no almoço antes de subir ao palco. E tudo isso tira um pouco do mistério, especialmente no universo do metal, eu acho.”
Sendo assim, ele acredita que o Ghost e o Sleep Token, conhecidos por tocarem mascarados, chamaram atenção justamente por causa do anonimato. No caso da primeira citada, após anos de atividade, em 2017, foi confirmado que Tobias Forge era o líder por trás do grupo. Já no caso da segunda, apesar de especulações, até hoje não há confirmações oficiais a respeito da identidade dos membros.
Citando ainda o Slipknot, Ihsahn argumentou:
“Eu diria que grande parte do sucesso de bandas como Ghost, Sleep Token ou Slipknot vem das máscaras, de todo o conceito visual e, claro, do fato de conseguirem manter o anonimato. As pessoas querem essa ideia teatral e misteriosa.”
Coube ainda o exemplo do Judas Priest. Segundo o frontman, o vocalista Rob Halford é uma das “pessoas mais gentis e humildes que existem”, mas, em cima do palco, assume um certo papel de superioridade, porque é exatamente o que o público espera:
“Tive a sorte de conhecer Rob Halford. E ele é, como qualquer um que já o conheceu vai confirmar, uma das pessoas mais gentis e humildes que existem. Mas quando ele sobe no palco, ele é o ‘Metal God’. No palco, você não quer humildade, você quer o ‘Metal God’. Você quer o drama, todo o ritual. Penso que, com toda essa hiperconexão pessoal hoje em dia, a gente perde um pouco disso.”
Lógica similar para o Emperor
Nas palavras de Ihsahn, a mesma lógica vale para o Emperor. Conversando com a Metal Hammer no ano passado, o cantor afirmou que, se na época de surgimento do grupo já existisse o nível de superexposição das redes sociais de hoje, talvez a carreira dele e dos colegas nem tivesse decolado:
“Com as redes sociais hoje em dia, você fica muito próximo do artista — o que nem sempre é algo bom. É quase o oposto do que acontece com bandas como Ghost ou Sleep Token, que mantêm essa distância entre o artista e a música. Não sei se as pessoas teriam se conectado com os nossos primeiros álbuns se tivessem tido a imagem de um bando de adolescentes cheios de espinhas.”
Sobre Ihsahn
Vocalista e guitarrista, Vegard Tveitan – nome verdadeiro de Ihsahn – fundou o Emperor com o guitarrista Samoth (Tomas Haugen) em 1991. A banda se tornou parte do movimento conhecido como “inner circle do black metal”, também composto por Mayhem e Darkthrone, entre outros. O grupo tinha como centro a loja de discos Helvete, de Oslo.
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