Ao longo dos últimos anos, ficou claro o encarecimento dos CDs no Brasil. Até pouco tempo atrás, era comum encontrar edições nacionais por preços que raramente ultrapassavam os R$ 30. Atualmente, no entanto, o público desembolsa entre R$ 55 e R$ 75 por versões muitas vezes simples.
De acordo com o selo brasileiro Valhall Music, especializado em heavy metal, há uma série de motivos que justificam o aumento: licenciamento, matéria-prima importada e desvalorização do real estão entre as principais razões.
Em uma publicação nas redes sociais, a empresa detalhou cada um dos pontos com o objetivo de “explicar de forma transparente os principais fatores que influenciam no valor final de um lançamento”. Logo no início, apontou o pagamento de royalties como o maior “vilão” do custo final, destacando:
“Esse é, sem dúvida, o fator que mais impacta no preço final. Selos brasileiros, como a Valhall Music, pagam às gravadoras internacionais o direito de lançar o álbum fisicamente aqui no Brasil. Essas licenças são pagas em Euro, Dólar ou Libra — e o Euro, por exemplo, já está beirando os R$7,00 por €1,00 em uma transação internacional. Cada gravadora e banda tem uma negociação diferente, por isso os preços finais variam entre os lançamentos (R$55, R$60, R$70…).”
Na sequência, a Valhall Music abordou a questão dos materiais utilizados na produção. Como a matéria-prima é importada, os custos de fabricação estão diretamente atrelados ao dólar — atualmente cotado em R$ 5,67. Além disso, o volume das tiragens diminuiu consideravelmente em comparação com o passado, o que eleva o custo unitário de produção, como explicado:
“A produção física dos CDs (os chamados stampers) utiliza matéria-prima importada, o que significa que o custo da fabricação também é dolarizado. Importante: a produção é terceirizada — os selos pagam pela licença e também pagam a fábrica para a fabricação. No passado, as tiragens padrão ultrapassavam 1.000 cópias — o que diminuía o custo unitário. Hoje, por questão de demanda, a média é de apenas 500 cópias por título, o que encarece a produção. Houve um aumento recente de 65% no valor das capas acrílicas e de impressionantes 100% na bandeja acrílica usada nos digipaks. Além disso, capas duplas acrílicas já não são mais fabricadas no Brasil, e há rumores de que a bandeja do digipak também deixará de ser produzida. Caso isso se confirme, o padrão pode passar a ser Paper Sleeve ou Digifile com EVA (pino de fixação da mídia).”
Há ainda pequenas variações de preço, determinados de acordo com os lojistas. Como os proprietários gastam com custos operacionais, é comum que subam os valores para “manter seu negócio ativo”:
“Cada lojista define seu valor com base nos custos operacionais: aluguel, equipe, fretes, estrutura, etc. Exemplo: um CD pode custar R$ 62,00 em uma loja e R$ 70,00 em outra. Nenhuma delas está ‘superfaturando’ — cada uma está praticando o preço que permite manter seu negócio ativo.”
CDs mais caros: o grande vilão
Diante de todo esse cenário, a empresa concluiu que o grande culpado é o real, “desvalorizado frente às moedas estrangeiras”, e levantou a possibilidade de que “lançamentos de edições com 1 CD cheguem à casa dos R$ 100 no varejo” num futuro próximo. Ao mesmo tempo, avaliou que, apesar dessas condições, o CD hoje representa um impacto menor no orçamento do consumidor do que em décadas anteriores, levantando a seguinte reflexão:
“O preço médio em 1999 de CD lançamento era R$ 20. O salário mínimo na época era R$ 130, então, o CD representava 15% do salário mínimo. O preço médio em 2025 é de R$ 75 (baseado nos recentes lançamentos da parceria com o selo Sound City Records). Mas o salário mínimo atual é de R$ 1.518, o que representa 4,9% do salário mínimo. Mesmo com aumento nominal, o CD pesa menos no bolso hoje do que há 25 anos.”
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