Ao longo da carreira, o Led Zeppelin enfrentou inúmeras denúncias de plágio. Como já é de conhecimento, até mesmo “Stairway to Heaven” não escapou ilesa, já que a banda foi acusada de copiar na faixa um trecho de uma música chamada “Taurus” do grupo Spirit.
Nesse caso, o Zeppelin rebateu a queixa e venceu o julgamento, encerrado em definitivo em 2020 após anos de batalha. Todavia, recentemente, Robert Plant assumiu novamente ter imitado uma outra canção em “Whole Lotta Love”, sucesso presente no disco “Led Zeppelin II” (1969).
No documentário “Becoming Led Zeppelin”, lançado nacionalmente em fevereiro, o vocalista confessou que compôs a letra da música com base numa obra de Willie Dixon — no caso, “You Need Love”, composição do bluesman gravada por Muddy Waters e Small Faces. O cantor explicou:
“Meu talento como compositor estava florescendo, muito por causa das influências musicais que me cercavam. Em ‘Whole Lotta Love’, Jimmy já tinha trabalhado no refrão. Ele me mostrou o riff — que era incrível — e, para o verso, eu cantei uma letra do Willie Dixon. De certa forma, era como se eu pegasse o melhor da música negra e explorasse aquilo a fundo.”
Em seguida, o guitarrista Jimmy Page destacou a respeito:
“Acho que não fazia sentido ter ‘Whole Lotta Love’ e, logo em seguida, outra música com um riff com o mesmo tipo de sonoridade. ‘What Is and What Should Never Be’ trazia versos mais suaves e descontraídos, mas depois ganhava intensidade. Não tinha um acorde pesado, mas tinha intensidade para mostrarmos a força de John Bonham na bateria e a força da banda como um todo.”
Led Zeppelin, Willie Dixon e o processo por plágio
Aliás, Willie Dixon processou Robert Plant e Jimmy Page por “Whole Lotta Love”, que seria plágio de “You Need Love”, composição do bluesman gravada por Muddy Waters e Small Faces.
A versão original da faixa, que trazia letra de Dixon, surgiu na voz de Waters em 1962. Em 1966, para seu álbum de estreia homônimo, o Small Faces a regravou, dessa vez com o título de “You Need Loving”. Em outubro de 1969 o Led Zeppelin lançou seu segundo disco, “Led Zeppelin II”, contendo “Whole Lotta Love”, um de seus maiores hits.
O processo veio só em 1985, quando a filha de Willie Dixon avisou o pai sobre a semelhança após ouvir a canção do Zeppelin no rádio. Os acusados não fizeram muito para se defender. Para a Classic Rock, Page acabou jogando a culpa em Plant:
“Robert deveria ter mudado a letra. Ele nem sempre fazia isso, e isso é o que causou a maior parte do problema.”
O vocalista, por sua vez, tratou de proteger o guitarrista, mas admitiu o plágio de forma ainda mais sincera. Plant acreditou que havia se passado tempo o suficiente para que a “citação” passasse despercebida. O cantor afirmou:
“O riff de Page era o riff de Page. Estava lá antes de qualquer coisa. Eu só pensei: ‘bem, o que vou cantar?’. E foi isso, um lapso. Agora felizmente pago. Na época, houve muita conversa sobre o que fazer. Foi decidido que estava tão longe em tempo e influência… bem, você só é pego quando faz sucesso. Esse é o jogo.”
Led Zeppelin e Willie Dixon chegaram a um acordo na Justiça, no qual o bluesman recebeu uma quantia não revelada. Lançamentos posteriores a 1985 de “Whole Lotta Love” passaram a creditar o músico como compositor ao lado de Plant e Page.
Sobre “Becoming Led Zeppelin”
“Becoming Led Zeppelin” é o primeiro documentário a ser autorizado pelo grupo britânico. Em sua estreia nos Estados Unidos, o filme registrou o maior fim de semana de abertura já alcançado por um lançamento musical exclusivo nesse formato.
O longa acompanha a banda desde o início nos anos 1960 até a ascensão meteórica, por meio de imagens inéditas de shows e materiais exclusivos sobre a criação dos primeiros álbuns e turnês. Há depoimento dos quatro integrantes: o vocalista Robert Plant, o guitarrista Jimmy Page, o baixista John Paul Jones e o já falecido baterista John Bonham.
Diz a sinopse:
“Becoming Led Zeppelin” explora as origens do grupo icônico e a sua ascensão meteórica em apenas um ano, contra todas as probabilidades. O filme proporciona uma visão sem paralelo de como a banda de rock se formou, enquanto o público testemunha em primeira mão a formação de suas duas primeiras turnês oficiais e a criação dos primeiros álbuns, que fizeram história. Com imagens, entrevistas, atuações e música inspiradoras e psicodélicas, nunca antes vistas, o documentário explora a história da origem criativa, musical e pessoal do Led Zeppelin, com um acesso sem precedentes ao grupo e aos seus arquivos. O resultado é uma experiência visceral que transportará o público para as salas de shows e para a vida dos Led Zeppelin durante as suas primeiras turnês, acompanhada por comentários exclusivos da famosa banda.”
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