Há um ano, o Sepultura deu início à sua longa turnê de despedida. A “Celebrating Life Through Death” deve durar até 2026 e o último show, como não poderia deixar de ser, vai acontecer no Brasil. Enquanto celebra a vida através da “morte” do grupo, Andreas Kisser reflete sobre o legado que sua banda deixará.
Em entrevista a Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil, o guitarrista foi convidado a responder uma pergunta sobre o tema citado. Inicialmente, ele destacou o sonho dos primórdios da banda e da disciplina que marcou a trajetória de todos os músicos envolvidos de alguma forma.
“[O legado que gostaria de deixar é] Que tudo é possível, mesmo dentro de um sonho impossível, que era o Sepultura em 1984, até a história que construímos, colocando o Brasil no mapa do mundo do metal. Acreditar em você mesmo, focar, se preparar. O Sepultura ensaiava todo dia, desde que eu entrei em 1987. Até antes, eles tinham essa disciplina, de ensaiar todo dia, de compor, buscar influências, escutar coisas novas.”
Kisser se orgulha do fato de a banda nunca ter embarcado no mainstream em busca de mais popularidade. Mesmo assim, manteve-se relevante ao longo dos anos. Ele continuou:
“E ser autêntico com você mesmo. A partir do momento que você começa a perder um certo foco ou identidade, você vai querer fazer música para rádio, vai querer usar um certo visual porque está na moda, ou vai se perder no caminho. Muitos artistas se perdem porque querem agradar ao fã, à gravadora, à rádio, aí se perdem. Sempre fomos muito seguros no que queríamos, sempre lutamos pela liberdade artística, de fazer nossa música, escolher nossa arte para o disco. E aqui estamos.”
Sepultura do Brasil e da América do Sul
Na mesma declaração, Andreas discutiu a relação do Sepultura não só com o Brasil, mas com toda a América do Sul. A banda sempre foi muito popular no continente e também é motivo de orgulho para os países vizinhos.
“É muito legal escutar por exemplo o Juanes, um grande artista colombiano, que viu na ascensão do Sepultura fora da América Latina a possibilidade de ele fazer aquilo também. É f#da ouvir um negócio desse. Argentinos, colombianos, chilenos falam: ‘essa banda não é só brasileira, é sul-americana’. É um pioneirismo não só brasileiro, mas sul-americano. Isso tem um poder espetacular de influência, de motivação… de fazer a galera pegar no instrumento, fazer um som e transformar seu próprio sonho em realidade. Acho que é um legado que mostra como, independentemente do estilo musical ou mesmo a profissão que for seguir, se prepare: estude, se respeite, dê a si a chance de encarar os desafios da melhor maneira possível.”
A interação com os outros países da América do Sul é tamanha que Andreas tem como projeto paralelo o De La Tierra, onde toca com o argentino Andrés Giménez (vocal e guitarra), o portorriquenho Harold Hopkins (baixo) e o cubano-colombiano Alex “El Animal” González (bateria). Já o baixista do Sepultura, Paulo Xisto, faz parte do Cultura Tres, formado pelos irmãos venezuelanos Alejandro e Juanma Montoya (vocais e guitarras) e pelo também brasileiro Henrique Pucci (bateria).
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