Ian Anderson não é um grande fã do Genesis. Apesar de reconhecer que a musicalidade da banda é “incrível”, o líder do Jethro Tull tem uma crítica ao grupo que tornou-se um dos mais reverenciados do rock progressivo.
Como relatado pelo próprio vocalista e multi-instrumentista, a definição de prog passou a fazer sentido com o seu trabalho no fim da década de 1960, quando viu o termo pela primeira vez — o que é notório no disco “Aqualung” (1971). Para o sucessor do material, porém, o músico quis satirizar a maneira com que o subgênero era visto à época.
Assim, em “Thick as a Brick” (1972), o Jethro Tull brincou com a ideia de álbum conceitual, baseando o disco em um poema escrito por um garoto britânico fictício — que muitos acreditavam ter realmente existido. Dividido em duas partes, o registro transcorre de maneira ininterrupta, como se tivesse apenas uma única música.
À Live Music News & Review em 2019 (via Rock and Roll Garage), Anderson contou que compôs a obra querendo ir contra ao que o Genesis fazia. Ao seu ver, a banda, assim como o Yes e Emerson, Lake & Palmer, apresentava um comportamento “presunçoso”, como se colocasse suas habilidades musicais acima das dos demais músicos de outros gêneros. Ele explicou:
“Em 1972, com o álbum ‘Thick as a Brick’, eu estava, de certa forma, satirizando toda aquela noção de álbum conceitual e do prog rock que havia ficado conhecida naquele período […]. Havia um certo tom de paródia, talvez porque algumas bandas, como Yes, ELP e Genesis, tenham levado [o prog rock] a um extremo, tornando-se um tanto presunçosas. Musicalmente brilhantes, mas excessivamente presunçosas e, talvez, pomposamente se colocando acima dos músicos comuns, como nós, que ainda estávamos aprendendo a tocar nossos instrumentos.”
Ao site Uber Rock em 2012, Ian já havia manifestado a mesma opinião. Como explicou na ocasião, o termo “rock progressivo” nunca o incomodou, mas sim as características associadas ao subgênero por causa de nomes como o Genesis:
“O termo ‘rock progressivo’ nunca foi um problema para mim – eu estava mais do que feliz em ser considerado um músico de rock progressivo, isso era tranquilo. O problema surgiu mais tarde, quando a palavra ‘prog’ passou a ter conotações negativas, associadas a uma música bombástica, pomposa, arrogante, exagerada e egocêntrica – um verdadeiro emaranhado instrumental de alguns dos nossos contemporâneos, como Yes, Emerson, Lake & Palmer e Genesis, que tendiam a se alongar um pouco demais, enquanto nós, naquela época, não fazíamos isso.”
Tanto é que ele dá mais valor às bandas que não tentam imitar o que o Genesis fazia. Em 2002, durante entrevista ao site Vintage Rock, Ian deixou claro que busca por sons que tenham personalidade própria:
“Acho que tenho preferência por aqueles que não estão tentando clonar o Genesis antigo, muito menos King Crimson, Emerson, Lake and Palmer ou Yes. E eu acho que esses são realmente os quatro grandes. A banda arquetípica de rock progressivo que precedeu todos eles foi, claro, o Pink Floyd que, em 1967, gravou ‘Piper at the Gates of Dawn’. Isso era rock progressivo por qualquer definição.”
Sobre Ian Anderson
Nascido em Dunfermline, Escócia, Ian Scott Anderson começou a se interessar por música graças aos discos de jazz e big bands do pai, além da primeira geração do rock and roll.
Destacou-se como vocalista e multi-instrumentista no Jethro Tull. A banda vendeu mais de 60 milhões de discos em todo o mundo, fundindo influências prog, folk e de hard rock em sua sonoridade.
Também deu início a uma carreira solo na década de 1980. Nos últimos anos, os dois grupos se tornaram um só, levando o nome do conjunto.
Produziu e participou de discos do Steelye Span, Renaissance, Blackmore’s Night, Honeymoon Suite, The Darkness, Uriah Heep, James Taylor e Billy Sherwood, entre outros.
Foi nomeado membro da Ordem do Império Britânico e Doutor Honorário em Letras pela Universidade de Abertay, em reconhecimento às contribuições à cultura local.
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Fui no show do Jethro Tull no extinto Projeto SP na Barra Funda em SP, em 1987, se não me engano. Show sensacional, eles entraram no palco de muletas, com cadeira de rodas, numa ironia contra as línguas ferinas que falavam que eles estavam velhos. No palco, Ian Anderson parecia ter 2 metros de altura, levantando a perna até lá em cima, enquanto cantava e tocava sua flauta transversal. E a trip pra chegar nesse show, foi um caso à parte, magicas estranhas aconteceram e olha que a gente estava careta!