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O ano em que o Sepultura enfim se organizou, segundo Andreas Kisser

De acordo com guitarrista, banda passou por sérios problemas de gestão ao longo das décadas, sobretudo por causa da participação familiar na tomada de decisões

Ao longo das décadas, o Sepultura passou por grandes mudanças em sua carreira. Além da polêmica saída dos irmãos Cavalera, a banda enfrentou muitos problemas de gestão, que só foram resolvidos há poucos anos. 

Durante participação no podcast Papo com Clê, Andreas Kisser afirmou que os músicos conseguiram se organizar somente em 2014. Segundo o guitarrista, a participação familiar na tomada de decisões atrapalhou os bastidores em tal nível ao ponto do negócio poder até mesmo “desmoronar”. 

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Apesar de não ter citado nomes, Gloria Cavalera, esposa do vocalista e guitarrista Max Cavalera, atuou como empresária do grupo até 1996. Além dela, ao que tudo indica, outros familiares também exerciam influência nos planos do Sepultura.  

Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele contou: 

“A história do Sepultura [foi uma bagunça] até 2014. Foi quando formamos a estrutura que a gente tem até hoje, dos empresários, e tivemos a nossa própria maturidade em querer crescer dentro do assunto [dos negócios]. Antes era mãe envolvida, era esposa de um, era irmã do outro. Tem o seu lado bom pra algumas coisas, mas tem o seu lado horrível, que você não tem objetividade, não tem o planejamento de business. O Sepultura foi sempre muito caótico nesse aspecto, mas não estou reclamando, a gente teve que passar por tudo isso, e isso, em vários aspectos, ajudou a gente a ser o que a gente é artisticamente. Mas chegou num momento em que ou a gente mudava ou o negócio ia desmoronar, porque a gente começou a ter vícios de sempre depender do humor de uma pessoa e o business não pode ser refém disso, tem que ser objetivo.”

De acordo com o músico, é preciso separar a vida pessoal da profissional. Quando o Sepultura adotou tal mentalidade, as coisas começaram a funcionar da maneira correta. É por isso que ele acredita que a banda foi capaz de atravessar as crises mais recentes, como a chegada da pandemia e a saída inesperada do baterista Eloy Casagrande em fevereiro do ano passado:

“Demorou para a gente ter essa noção e essa coragem também de enfrentar essas mudanças. Com roadies também, a gente já foi processado por roadie, que considerava amigo etc. Não existe isso, a gente tem um respeito, eu obviamente tenho muitos amigos do business, mas na hora do business é outra coisa. [Precisa perguntar]: ‘Cadê o recibo? Tá pagando imposto?’. A gente não ia sobreviver à pandemia nem à saída do Eloy Casagrande se a gente não tivesse tão organizado e focado do jeito que a gente está.” 

Aprendizados sobre mercado e gestão

À Capital Chaos TV em 2015, Kisser afirmou que, quando Max deixou a banda, os membros passaram a aprender sobre mercado e gestão, até chegarem numa situação “muito melhor” do que a do passado. Conforme compartilhado pelo Whiplash, o guitarrista disse na ocasião: 

“Max, quando saiu, levou o empresariamento, toda a estrutura que o Sepultura tinha levado dez anos para construir – os laços de confiança e amizade com gravadora e agentes e a imprensa. E isto fez com que fôssemos apontados como os caras maus da coisa […]. Mas passamos por cima disto. Foi algo que nos fortaleceu, pois aprendemos muito sobre o mercado e gestão, e como tomar conta de nossas próprias coisas. E estamos numa situação muito melhor agora, sem sombra de dúvida. Ao mesmo tempo em que estávamos tocando em grandes arenas e vendendo bastante discos, nossa situação nos bastidores era patética; éramos como crianças brigando por pirulito no jardim de infância. Era absurdamente estúpido.”

Sepultura e a estratégia do empresário Tom Gil

Atualmente, quem assume o cargo de empresário do Sepultura é Tom Gil. Durante uma palestra em 2015 no evento Rio2C, o profissional revelou que implementou um novo planejamento estratégico para a banda.

À época, como publicado pelo site da União Brasileira de Compositores (UBC), ele mencionou que a gestão possuía anteriormente um sério problema de comunicação: 

“Nós temos três escritórios que cuidam da carreira mundial do Sepultura, e eles não se falavam. Às vezes, uma estratégia para a Europa tinha que ser cancelada porque o escritório dos Estados Unidos fazia coisas que a gente só sabia depois de prontas, o que parecia até uma competição dentro do mesmo produto. Uma das coisas que fiz quando cheguei foi alinhar a comunicação entre nós, e, hoje, gerencio tudo aqui do Brasil. Os três escritórios têm funções definidas, além de falarem a mesma linguagem.”

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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