...

Rotting Christ estreia em Goiânia com show consistente e cada vez mais expansivo

Veteranos do black metal grego incluem mais uma cidade do Brasil no currículo e reiteram forte conexão com o país, estabelecida nos anos 1990

A relação direta entre Rotting Christ e Brasil perdura há quase três décadas — desde 1998, quando da primeira vinda dos gregos — e não dá sinais de arrefecimento. Atualmente em sua nona turnê brasileira, a banda dos irmãos Sakis e Themis Tolis segue empilhando shows no país (já são quase 40) e incluindo novas cidades no roteiro.

A mais recente foi Goiânia, que recebeu na noite de quarta-feira (12) a sexta de 10 datas da “Pro Xristou Over Brazil 2025”, tour idealizada pela Estética Torta e que ainda passará por Recife (14/2), Fortaleza (15/2), Belém (16/2) e Manaus (18/2).

- Advertisement -
Foto: Rodrigo Piruka @rodrigo_piruka

Além de desbravar novos locais, o Rotting Christ se mostra cada vez mais expansivo também em sonoridade. O heavy metal de fácil assimilação praticado hoje em dia pelo quarteto se comunica com diferentes públicos, não necessariamente vinculados às tradições do black metal helênico que a banda ajudou a forjar. Mas a consistência e a categoria em cima do palco permanecem intactas, como se viu no Bolshoi Pub.

O show

Por volta de 20h30, a casa ainda parecia vazia. Em uma noite de chuva fina em Goiânia, muita gente deixou para chegar em cima da hora e quase perdeu o início da apresentação, iniciada pontualmente às 21h — já com um público a contento.

O cântico feminino que abre “Aealo”, faixa-título do disco lançado em 2010, precedeu a entrada dos gregos, que além de Sakis (vocal/guitarra) e Themis (bateria) conta atualmente com Kostis Foukarakis (guitarra) e Kostas Heliotis (baixo).

Foto: Rodrigo Piruka @rodrigo_piruka

“Pretty World, Pretty Dies” foi a primeira do disco novo, “Pro Xristou” (2024), a ser executada. Porém, apesar de a turnê levar o nome do álbum, o que se viu foi um repertório diversificado (e até meio aleatório), que não se prendeu a ele.

“Like Father, Like Son”, que já ganhou ares de clássico entre os fãs da fase atual, foi a outra música de “Pro Xristou” tocada, totalizando apenas duas do novo trabalho.

Foto: Rodrigo Piruka @rodrigo_piruka

Em geral, o setlist não focou em nenhum disco específico. Os mais contemplados foram “Aealo” (2010) e “Kata ton daimona eaytoy” (2013), com três canções de cada.

Apesar de o Rotting Christ ter cativado um novo séquito de apreciadores na década passada, ao vivo ainda são os clássicos noventistas que obtêm a melhor resposta. Casos de “King of a Stellar War”, “The Sign of Evil Existence” e o hino “Non Serviam”, que preenchem a parte intermediária (e mais festejada) da apresentação.

Foto: Rodrigo Piruka @rodrigo_piruka

“Societas Satanas” foi responsável por abrir a maior roda da noite. Trata-se de uma música de Thou Art Lord, projeto paralelo de Sakis, mas já está incorporada aos shows da banda há tanto tempo que, atualmente, pouca gente se lembra que é cover.

A presença do habilidoso e preciso guitarrista Kostis Foukarakis, que segura grande parte dos solos e melodias, permite a Sakis interagir constantemente com o público e desfilar seu carisma. Seja gesticulando ou falando em português, ele é o coração e a alma do Rotting Christ, e isso fica explícito no palco.

Na ativa desde 1987, a banda só se tornou um dos principais nomes do black metal mundial graças à perseverança de Sakis, que soube também diversificar sua abordagem. Goste-se ou não, músicas como “Grandis Spiritus Diavolos” e “The Raven”, que compõem a reta final do show, trazem um componente épico fundamental para a sustentação do que é o Rotting Christ hoje.

No bis, a banda ataca com “Noctis Era” e arranca uma participação efusiva dos presentes, seja no coro inicial ou no refrão. Poucos expoentes originais do black metal conseguem ser cativantes assim, para além da bolha, e é por isso que o Rotting Christ, expansivo em múltiplos sentidos, há muito se destaca nesse ramo.

Foto: Rodrigo Piruka @rodrigo_piruka

Rotting Christ – ao vivo em Goiânia

  • Local: Bolshoi Pub
  • Data: 12 de fevereiro de 2025
  • Turnê: Pro Xristou Over Brazil 2025
  • Produção: Estética Torta

Repertório:

  1. Aealo
  2. Pretty World, Pretty Dies
  3. Demonon Vrosis
  4. Kata Ton Daimona Eaytoy
  5. Like Father, Like Son
  6. Elthe Kyrie
  7. King of a Stellar War
  8. The Sign of Evil Existence
  9. Non Serviam
  10. Societas Satanas (cover de Thou Art Lord)
  11. In Yumen-Xibalba
  12. Grandis Spiritus Diavolos
  13. The Raven

Bis:

  1. Noctis Era

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasResenhas de showsRotting Christ estreia em Goiânia com show consistente e cada vez mais...
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves é jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG). É repórter do Globo Esporte e atua no jornalismo esportivo desde 2008. Colecionador de discos e melômano, também escreve sobre música e já colaborou para veículos como Collectors Room, Rock Brigade e Guitarload. Atualmente, revisa livros das editoras Belas Letras e Estética Torta e edita o Morbus Zine, dedicado a resenhas de death metal e grindcore.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades