Paul Di’Anno e Steve Harris cultivaram uma relação complicada. O saudoso vocalista chegou a atribuir sua demissão do Iron Maiden em 1981 ao comportamento autoritário do baixista e líder que, em suas palavras, não o deixava compor.
Porém, nos últimos anos, os antigos colegas voltaram a conversar. Antes de um show da Donzela de Ferro na Croácia em 2022, os ex-companheiros de banda tiveram a oportunidade de se encontrar pela primeira vez em três décadas, o que foi descrito como “emocionante”.
Posteriormente, em entrevista ao BraveWords, Paul revelou que os dois passaram a manter um relacionamento amigável e que, mesmo que não se vissem com frequência, costumavam trocar muitas mensagens pelo WhatsApp. Harris confirmou a informação à edição de março de 2025 da revista Classic Rock.
No bate-papo, o baixista revelou que esteve em contato com Di’Anno até pouco tempo antes de sua morte, em outubro de 2024. Ao relembrar do colega, Harris também o descreveu como um “patife adorável” e mencionou o episódio em que o vocalista o apelidou de “Hitler” durante uma entrevista coletiva em 2009.
Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele disse:
“Estive em contato com ele até algumas semanas antes de sua morte. Paul era um patife adorável. Gostava de me irritar se vestindo como o vocalista Adam Ant. Ele fazia qualquer coisa para me provocar. Digamos que ele gostava de irritar as pessoas. E isso ele fez! Ele costumava me chamar de Hitler. Já fui chamado de Aiatolá [considerado sob as leis do Islão xiita o mais alto dignitário na hierarquia religiosa] e Sargento, mas Hitler realmente supera tudo.”
Harris ainda elogiou os vocais de Paul, mas reconheceu que o cantor não tomava os devidos cuidados com a própria voz. Ao seu ver, o vocalista não acreditava em si próprio, o que piorava a situação:
“A voz de Paul tinha uma certa qualidade. Havia um aspecto áspero. Mas ele não se cuidava. Ele tinha esse botão de autodestruição. E tive a impressão de que ele nunca acreditou de verdade que poderia chegar ao próximo nível. Acho que havia uma insegurança ali.”
Steve Harris e Paul Di’Anno
Anteriormente, em outra entrevista à Classic Rock concedida no início de 2023, Steve Harris detalhou a retomada de contato com Paul Di’Anno. Quando perguntado se as rusgas haviam sido superadas, o baixista disse que não havia qualquer problema e ainda relembrou justamente da ocasião em que foi comparado a Adolf Hitler pelo ex-vocalista de sua banda:
“Achei que não havia nenhuma situação a ser superada. Paul disse algumas coisas sobre sua época no Maiden, mas isso é Paul. É como ele é e como sempre será. E não tenho nenhum problema com isso. Certa vez, ele me chamou de Hitler, o que deixou algumas pessoas ofendidas, mas eu achei engraçado.”
Sobre Paul Di’Anno
Paul Di’Anno gravou os álbuns “Iron Maiden” (1980) e “Killers” (1981), saindo para a entrada de Bruce Dickinson. Seu primeiro projeto após deixar a banda foi o Di’Anno, com sonoridade mais comercial. O nome foi reaproveitado na virada do século, com uma banda formada apenas por instrumentistas brasileiros.
A seguir fundou o Battlezone, com sonoridade mais pesada. O grupo existiu entre 1985 e 1989, retornando brevemente em 1998. Na sequência veio o Killers, que teve no álbum “Murder One” (1991) o trabalho mais elogiado do vocalista fora do Maiden.
Também gravou e excursionou com Gogmagog, Praying Mantis, Scelerata e Architects Of Chaoz, entre outros. Nos últimos anos, participou do Warhorse, com músicos croatas, aproveitando sua estadia no país para tratamento visando readquirir independência de locomoção.
Em tempos recentes, os fãs acompanharam os problemas de saúde de Di’Anno. Uma mobilização mundial foi feita para que o cantor pudesse ter acesso a um tratamento para lidar com problemas em seus membros inferiores. Ele faleceu em 21 de outubro de 2024, aos 66 anos, devido a uma parada cardíaca.
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