Após a ascensão do Nirvana ao mainstream, os ideais propagados anteriormente pelo grupo levantaram debates. Diante da filosofia ligada à mentalidade punk rock, o fato da banda grunge ter assinado com uma grande gravadora e comercializado milhões de cópias com o “Nevermind” (1991) surpreendeu – com muitos afirmando que os músicos “se venderam”.
Mas, para uma banda que teve a oportunidade de excursionar diretamente com o Nirvana, o problema era mais embaixo. Mark Arm, vocalista e guitarrista do Mudhoney, deixou claro que odiou quando ele e os colegas abriram a turnê em divulgação a “In Utero” (1993) no fim de 1993 e explicou o motivo.
De acordo com o músico, também advindo do cenário grunge e até creditado pelo surgimento do termo, o Nirvana se cercou de “pessoas nojentas” da indústria. Em suas próprias palavras, a situação envolvendo a gestão era tão crítica que ele “jamais se associaria” a qualquer profissional do tipo.
Conforme compartilhado pela Far Out Magazine, ele disse:
“Fizemos as primeiras semanas da turnê ‘In Utero’ nos Estados Unidos, e, nessa época, o Nirvana já era uma grande máquina. Aquela turnê foi um verdadeiro inferno. Eles se cercaram de tantas pessoas nojentas de gerência. Pessoas tão tóxicas que eu nunca gostaria de me associar em nenhum tipo de relacionamento, e isso vindo da mesma banda que veio da Sub Pop [responsável por lançar o primeiro álbum ‘Bleach’] e das raízes do punk rock.”
Outra questão complicada envolvia o vício de Kurt Cobain. Para Arm, a maneira com que a equipe lidou com a dependência do saudoso vocalista e guitarrista em drogas esteve muito longe do ideal e colaborou para que a situação piorasse. Abordando o assunto em outra entrevista também publicada pela Far Out Magazine, o artista opinou:
“O Nirvana se cercou de pessoas realmente nojentas [durante a turnê]. Foi simplesmente horrível. Todo mundo estava pisando em ovos, tentando não incomodar Kurt. Courtney Love não estava acompanhando a banda e os empresários tentaram fazer a turnê na ‘lei seca’, sem álcool, como uma espécie de exemplo para Kurt […]. Kurt estava tomando enormes quantidades de comprimidos. Ele já estava completamente chapado de qualquer forma. A ideia de que essa turnê na ‘lei seca’ estava ajudando Kurt de alguma maneira era simplesmente absurda. Por que não tiraram as pílulas dele? A comunicação dentro da banda e com as pessoas ao redor deles praticamente não existia.”
Mudhoney no Brasil
O Mudhoney realizará três shows no Brasil em março de 2025. Antes, a banda havia revelado que seriam quatro datas no país, mas apenas São Paulo (21/03, Cine Joia), Rio de Janeiro (22/03, Circo Voador) e Belo Horizonte (23/03, Autêntica) integram o itinerário. Haverá ainda um compromisso em Buenos Aires, na Argentina, no dia 26.
O retorno de Mark Arm (voz e guitarra), Steve Turner (guitarra), Guy Maddison (baixo) e Dan Peters (bateria) ao país se dará 11 anos após sua visita anterior. Ingressos estão à venda nas seguintes plataformas: Fastix em SP, Eventim no Rio e Sympla em BH.
Esta será a sétima visita do Mudhoney ao Brasil. As viagens anteriores se deram em 2001, 2005, 2007, 2008, 2010 e 2014.
Sobre a banda
Formado em 1988, o Mudhoney fez relativo sucesso no underground, mas nunca chegou a estourar no mainstream. O trabalho de maior repercussão do grupo, “Piece of Cake” (1992), vendeu 150 mil cópias nos Estados Unidos, número baixo em comparação a outros colegas da cena.
A maior parte da discografia foi lançada pela Sub Pop, talvez a gravadora mais notória do movimento grunge. Apenas “Piece of Cake”, “My Brother the Cow” (1995) e “Tomorrow Hit Today” (1998) saíram por outro selo – Reprise Records, afiliado à Warner.
“Plastic Eternity”, álbum mais recente, saiu em abril de 2023 pela Sub Pop. O décimo primeiro trabalho de inéditas do grupo chegou ao 42º lugar da parada escocesa e à 17ª posição do chart UK Independent Albums, do Reino Unido.
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