Nos últimos tempos, Max e Iggor Cavalera lançaram versões regravadas de três trabalhos do Sepultura, grupo do qual não fazem mais parte. O EP “Bestial Devastation” (1985) e os álbuns “Morbid Visions” (1986) e “Schizophrenia” (1987) ganharam novas versões sob o argumento de melhoria da qualidade de áudio.
Andreas Kisser, que permanece na banda e já estava na formação quando “Schizophrenia” foi gravado, parece não ter gostado muito da iniciativa. Em entrevista ao Impact Metal Channel (via Blabbermouth), o guitarrista foi convidado a comentar sobre os novos registros e, em resposta, disse acreditar que há ali “zero valor artístico”.
Ele afirma:
“Não acho nada. Quer dizer, é uma escolha estranha que eles fizeram. Acho que o valor artístico é zero. Talvez eles estejam fazendo por algum dinheiro ou algo assim, mas não há razão para fazer algo assim.”
Kisser aproveitou a ocasião para elogiar o The Troops of Doom, banda montada por seu antecessor no Sepultura, Jairo “Tormentor” Guedz. Em seu gosto, o colega de instrumento tem feito um trabalho melhor.
“Prefiro muito mais o The Troops of Doom, a nova banda de Jairo, que está fazendo um tributo realmente incrível àquela era, muito honesto, fazendo coisas novas, compondo novas músicas.”
Em seguida, o guitarrista destacou que os irmãos Cavalera são livres para desenvolver qualquer projeto. Apenas classificou a situação como “desnecessária” e “desrespeitosa”.
“Se eles estão se divertindo, então deixe estar. Não me importo, cara. Só acho que é totalmente desnecessário. É realmente muito desrespeitoso para eles mesmos, para o passado deles próprios.”
O “criativo” Max Cavalera
Ao fim de sua declaração sobre o tema, Andreas Kisser ainda alfinetou Max Cavalera. O guitarrista disse que o ex-companheiro de banda sempre se orgulha por sua criatividade, o que não combina com regravação de álbun antigos.
“É estranho ver um cara que sempre diz: ‘Ah, eu fiz isso’, ‘Eu fiz tudo aquilo’, ‘Eu sou tão criativo’ e ‘Eu fiz tudo sozinho’… e fazer essa m#rda, como regravar riffs que fizemos 30, 40 anos atrás. Não faz sentido, a retórica com o exemplo. Mas tanto faz. Eu simplesmente acho que o valor artístico é zero.”
Músicas novas do Sepultura
Em outro momento da entrevista, Andreas reforçou que o Sepultura pretende planejar material inédito antes do fim de suas atividades, previsto para 2026. A ideia é aproveitar a química com o novo baterista, o americano Greyson Nekrutman.
“Sim, estamos trabalhando em novas músicas com Greyson. Temos uma química incrível. Ele é um músico incrível, um cara incrível. Vamos lançar junto do álbum ao vivo que estamos gravando. A ideia é lançar 40 músicas gravadas ao vivo em 40 cidades diferentes ao redor do mundo. E juntos teremos quatro músicas inéditas com Greyson. Estamos trabalhando nisso. Mas não temos nada antigo, escondido ou algo assim. A Roadrunner [antiga gravadora do Sepultura] já lançou tudo que temos nos cofres [risos].”
O que dizem Max e Iggor sobre regravações
Em vídeo de divulgação, Max e Iggor Cavalera comentaram a ideia de oferecer uma regravação a “Schizophrenia”. Indiretamente, também falaram sobre os outros dois trabalhos. Além de Max (voz e guitarra) e Iggor (bateria), as novas empreitadas contaram com Travis Stone (Pig Destroyer) também na guitarra e Igor Amadeus Cavalera, filho de Max, no baixo.
O frontman afirmou, com transcrição do site IgorMiranda.com.br:
“’Schizophrenia’! A última peça do quebra-cabeça da trilogia! Nós nunca estivemos felizes com o som, esses discos foram feitos em estúdios brasileiros de m*rda quando éramos garotos. E da minha parte, como compus a maior parte de todos esses discos, eu queria mostrar ao mundo o quão poderosas essas músicas são, o quão poderosos esses álbuns são.”
Tentativa de reunião para show final
Alfinetadas à parte, Andreas Kisser tem dito em entrevistas que o espaço está aberto para que Max e Iggor Cavalera participem do show final do Sepultura, previsto para acontecer em São Paulo no ano de 2026.
Durante entrevista ao canal 69 Faces of Rock (via Blabbermouth), ele declarou:
“Espero que possamos fazer isso acontecer. Sim, seria ótimo. Estamos trabalhando nisso. E acho que temos o plano de seguir até 2026. Gostaríamos de ir a todos os lugares, realmente explorar todas as coisas que pudermos neste último adeus. E espero que no último show, que será no Brasil, tenhamos a participação de todos os ex-membros, incluindo os irmãos, é claro. Isso seria ótimo para os fãs e para todos os envolvidos. Espero que possamos celebrar juntos esta história incrível.”
No entanto, o instrumentista reconhece que no momento a comunicação com Max e Iggor não acontece.
“Não há relacionamento algum. Temos apenas uma comunicação entre nossos empresários e tudo mais, só isso. É muito respeitoso, mas nenhuma amizade ou comunicação.”
Quando o entrevistador opinou que seria legal ver a amizade reinando entre todos os envolvido na conclusão da história, Andreas procurou ser realista. Ele afirma:
“Bem, não sei se isso é possível, mas tudo o que posso dizer é que isso é o Sepultura de hoje: amizade. Nós nos amamos, banda e equipe. Esse é o jeito Sepultura de ser. Esse é o espírito Sepultura. Nada de ônibus separados, camarins individuais e ‘eu não falo com esse cara, eu não falo com aquele cara’ — você sabe, essa besteira. Nós nos amamos muito. Jantamos juntos. Fazemos coisas juntos. Tocamos juntos. Estamos em turnê juntos. É ótimo. As vibrações são incríveis, e é assim que deve ser em uma celebração. Então, estou muito feliz com tudo que está acontecendo do jeito que está.”
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