Led Zeppelin e Alice in Chains surgiram em épocas totalmente diferentes. Enquanto que a primeira banda iniciou as atividades no fim da década de 1960, combinando elementos do blues e folk com uma sonoridade mais pesada, a segunda emergiu apenas no fim dos anos 1980, sendo um dos maiores símbolos do movimento grunge.
Apesar de pertencerem a contextos tão distintos, os dois grupos apresentam semelhanças. Ao menos é o que acha Jerry Cantrell.
Conversando com a Music Radar, o guitarrista afirmou que tanto ele e os colegas, quanto Jimmy Page, Robert Plant e companhia tinham o mesmo senso de coletivo. Mesmo com os talentos individuais, a parceria construída entre os integrantes se sobressaía e atuou como a responsável pelo sucesso alcançado em ambos os casos.
Ele explicou:
“O que eu amo no Led Zeppelin é que eles são primordialmente uma banda de verdade. Não estou diminuindo Jimmy Page, mas foram necessários John Bonham, Robert Plant e John Paul Jones para torná-los uma banda. Assim como no Alice in Chains. Faço parte de um coletivo. Eu não teria ido tão longe se não tivesse esses caras para fazer música comigo.”
De qualquer maneira, o músico deu créditos para o companheiro de função no Zeppelin. Segundo Cantrell, a experiência de Page em estúdio e seus conhecimentos sobre produção contribuíram para que a banda criasse um trabalho único e insubstituível:
“Jimmy tinha uma grande animação e conhecimento musical. Seus primeiros dias como músico de estúdio e o trabalho em bandas como The Yardbirds realmente valeram a pena. Sempre admirei o entendimento do Jimmy sobre o som. Ele foi um dos primeiros músicos a dedicar tempo e atenção ao uso do estúdio como um instrumento também. Ele era guitarrista e produtor. Isso me atraía. E a música que ele criava era completamente única. É assim que o rock ‘n’ roll deveria ser. Não há outra banda que possa ocupar o espaço que o Led Zeppelin ocupa.”
Ocupação do próprio espaço
Por fim, o instrumentista apontou outra equivalência entre os dois grupos: a maneira com que conseguiram ocupar o próprio espaço e reconhecimento na música. Para exemplificar a questão, Jerry citou uma entrevista antiga concedida por Ian Anderson, vocalista do Jethro Tull, a respeito do tema:
“Li uma entrevista com Ian Anderson, de 1978 ou 1979, em que ele foi perguntado sobre como criou seu próprio som. E a resposta dele foi meio que: ‘Não podíamos fazer rhythm and blues pesado, porque o Led Zeppelin era a melhor banda do mundo nisso. Não podíamos fazer rock ‘n’ roll com blues porque os Rolling Stones eram os melhores nisso. E não podíamos fazer o rock psicodélico porque o Pink Floyd era o melhor nisso… então, tentamos preencher a lacuna!’. Achei isso simplesmente genial. É isso que todos nós procuramos: nosso próprio espaço para existir. Eu não compararia o Alice in Chains ao Led Zeppelin, mas definitivamente ocupamos nosso próprio espaço. Esse é, com sorte, o lugar onde você chega ao final e talvez inspire alguém a encontrar o próprio caminho.”
Jerry Cantrell, “I Want Blood” e show no Brasil
Jerry Cantrell lançou o álbum “I Want Blood” no último dia 18 de outubro. O trabalho é o quarto de estúdio do artista fora do Alice in Chains. O tracklist reúne 9 faixas e participações de Duff McKagan (Guns N’ Roses), Mike Bordin (Faith No More), Robert Trujillo (Metallica), Greg Puciato (Better Lovers, ex-Dillinger Escape Plan), Gil Sharone (Team Sleep, Stolen Babies) e Lola Colette.
O guitarrista e vocalista veio ao Brasil pela primeira vez como artista solo no último dia 12 de novembro. A única apresentação no país aconteceu na Audio, em São Paulo. Clique aqui para saber como foi.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.