Não é segredo para ninguém que Dave Grohl precisou superar uma série de tabus para emplacar o Foo Fighters. Ainda abalado com o fim do Nirvana, causado pela trágica morte de Kurt Cobain, o músico gravou o primeiro disco do grupo praticamente sozinho, como uma espécie de exercício de autoconhecimento.
O incentivo definitivo para transformar o projeto em uma banda se deu através de um ídolo: Stewart Copeland. Ainda enquanto tocava no The Police, o baterista tinha o Klark Kent, que adotava uma postura libertária em sua identidade artística. Não havia estilo definido e os integrantes – incluindo os colegas de trabalho principal – se apresentavam disfarçados.
Ao jornal The Washington Post, em 2021, Grohl contou como a ideia se tornou referência. Ele disse, de acordo com o Far Out Magazine:
“Quando escutei pela primeira vez falei: ‘meu Deus, isso é legal, parece um pouco com o Police.’ Então me contaram que era Stewart Copeland e eu pensei: ‘uau, que legal, esse cara toca no Police, mas também está fazendo essa outra coisa muito legal’. E isso realmente foi uma grande parte da inspiração por trás do Foo Fighters.”
Stewart Copeland e Klark Kent
O Klark Kent – referência óbvia à identidade secreta do Super-Homem – lançou um EP em 1980: “Klark Kent: Music Madness from the Kinetic Kid”. A música “Don’t Care”, que era uma sobra do The Police que havia sido rejeitada por Sting, entrou no Top 50 da parada britânica de singles.
O trabalho ganhou reedição em 1995 exclusiva para o Japão, com o título “Kollected Works” e ganhando acréscimos no tracklist. Em 2023, foi disponibilizado o box-set “Klark Kent Deluxe Edition”. A caixa trazia outros registros das sessões originais.
No mesmo ano, Copeland falou sobre o projeto à Flood Magazine, declarando:
“Usei este nome porque o meu estava na lama à época. O Police era tratado pelos críticos britânicos como um bando de aventureiros — o que era verdade. Então pensei: ‘Bem, por que não faço isso com uma identidade secreta?’ Em cada entrevista inventei histórias diferentes sobre esse personagem. Não durou. O NME me pegou em algum momento, mas foi apenas uma maneira divertida de fazer isso. Por 20 segundos, o zeitgeist em Londres perguntou: ‘Quem é Klark Kent?’ Isso tornou tudo muito divertido.”
Abaixo, o Klark Kent tocando “Don’t Care” no tradicional programa britânico Top of the Pops, da BBC. Os três membros do The Police estão no palco, de forma anônima – Copeland como frontman, Sting com a máscara de gorila e Andy Summers com a do líder soviético Leonid Brejnev.
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