Bruce Kulick lamenta que formação do Kiss nos anos 90 tenha sido “morta”

Guitarrista foi mantido como funcionário da banda enquanto formação original fazia turnê de reunião

Apesar de “Revenge” (1992) ter sido um álbum muito elogiado pelos fãs, o Kiss não vivia um grande momento no início da última década do século. A turnê de divulgação do disco teve baixas vendas e não saiu da América do Norte. O tributo oficial “Kiss My Ass” (1994) não melhorou muito o cenário, com a banda realizando shows em outros continentes apelando fortemente para o saudosismo no repertório.

A saída foi apelar para a reunião da formação original. Apesar de instáveis e tecnicamente inferiores, Ace Frehley e Peter Criss representavam a imagem que sempre simbolizou o grupo, ao contrário dos competentes Bruce Kulick e Eric Singer. Ainda assim, a dupla não foi demitida, já que Paul Stanley e Gene Simmons imaginavam que o reencontro poderia não durar muito – como efetivamente aconteceu logo adiante.

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O guitarrista, que permaneceu oficialmente entre 1984 e 1996, refletiu sobre a ação em entrevista à Guitar World. E manteve o tom crítico que surpreendentemente adotou desde o fim da turnê “End of the Road”. Ele disse, conforme repercussão do Ultimate Classic Rock:

“Paul e Gene fizeram a coisa certa ao nos manterem com salário por um ano, mas eles tiveram que fazer isso porque poderiam reconsiderar a decisão caso a reunião falhasse. Mas o sucesso veio, Ace e Peter fizeram seus trabalhos. Assim, estava escrito o que aconteceria.”

Apesar dos atropelos e desentendimentos que chegaram ao conhecimento público, a turnê de reunião do Kiss foi um grande sucesso, se tornando uma das mais lucrativas do biênio 1996/97. Também inspirou reencontros semelhantes de vários outros monstros sagrados do rock e do metal.

“Nunca fui demitido do Kiss”

Bruce ainda deixou claro ter compreendido as razões para o que aconteceu. Especialmente porque não dava para contra-argumentar contra os números alcançados.

“Eu nunca olhei para a situação como se tivesse sido demitido do Kiss. Apenas fui deixado para trás por um empreendimento comercial de grande sucesso. Você não precisa ser um contador para entender Paul e Gene. Com Eric e eu, a banda faturaria algo em torno de 5 milhões. Com Ace e Peter, estamos falando de ganhar 50 milhões. Chega a ser realmente obsceno.”

Porém, ele também concorda quando lhe é apresentado o outro lado da questão: o fato de que a formação original não conseguiu manter a química e a integridade musical.

“Verdade. Todas as rachaduras reabriram. Se você olhar para ‘Psycho Circus’, não era um álbum de banda. Tem Tommy Thayer na guitarra, Kevin Valentine na bateria, eu toco um pouco de baixo… Ace e Peter mal estão lá. Claro, os quatro fizeram uma turnê para promovê-lo, além daquela ‘turnê final’. Mas a verdade é que colocar a maquiagem de volta na época foi uma decisão puramente comercial.”

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No entanto, Kulick é mais comedido ao ser questionado se a reunião teria matado a criatividade do grupo.

“É difícil dizer isso, porque há fãs que gostam das músicas que foram gravadas depois da reunião… Eles viraram as costas para o que era uma banda muito criativa e sólida? Sim, eles fizeram isso. Mas foi pela popularidade e pelo enorme sucesso de uma turnê de reunião, o que eu posso entender.”

Exaltação à “Revenge Era” e críticas a Gene Simmons e Paul Stanley

Ainda assim, o guitarrista finaliza exaltando o lado bom do lineup dos seus derradeiros anos, quando Eric Singer assumiu a posição vaga com o falecimento de Eric Carr. Também rebate críticas de Gene Simmons.

“Nossa versão do Kiss era muito promissora. Nós nos demos bem, nos demos bem e brilhamos intensamente. É uma pena que tenha sido morta. Eu entendo por que aconteceu, mas levou tempo para aceitar. Musicalmente falando, éramos tão bons quanto qualquer outra formação. Já ouvi Gene falar mal do ‘Alive III’ e só consigo pensar: ‘Cara, dá um tempo. Nós estávamos arrasando naquela época.’ Aqui está a verdade… nós podíamos tocar material antigo ou o novo direito. Não estou dizendo que tínhamos a magia da banda original, mas não menospreze essa era porque você está tentando vender a maquiagem.”

Sobrou ainda para o outro ex-patrão.

“Eu também não compreendo porque Paul disse algumas dessas coisas. Ele estava lá. Cantou com todo o coração. Trabalhou duro. Paul tem direito à sua opinião? Claro. Mas reduzir uma era a nada? Eu não acredito. Nós perseveramos e teríamos conseguido chegar ao outro lado se tivéssemos uma chance. Não foi o grunge que matou aquela era, foi uma turnê de reunião.”

Bruce Kulick atualmente

No início de 2024, Bruce Kulick anunciou sua retirada do Grand Funk Railroad após duas décadas. A decisão alimentou rumores de que o guitarrista se reuniria a Gene Simmons e Eric Singer na banda solo do baixista e vocalista. Porém, logo a seguir, os próprios desmentiram.

Desde então, o instrumentista não tem dado muitas pistas do que planeja para seu futuro. Atualmente, ele está com 70 anos. Além do Kiss e GFR, fez parte da banda de apoio de Meat Loaf. Também teve o Blackjack, em parceria com o cantor Michael Bolton – a quem acompanhou no início da carreira solo. Ainda comandou o Union junto a John Corabi (ex-Mötley Crüe), além de ter lançado discos usando o próprio nome.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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