O melhor disco da história da música brasileira, segundo Andreas Kisser

Para guitarrista do Sepultura, álbum em questão lançado em 1986 é "imbatível" e "moderno"

Andreas Kisser não esconde sua admiração pelo Titãs. Para o guitarrista do Sepultura, a banda não só é a maior do Brasil, como também fez o melhor disco da história da música nacional. 

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Durante participação no Podcast do Thunder, o músico coroou Cabeça Dinossauro (1986) com o título. Em sua opinião, o material é “imbatível”, superando outros clássicos — inclusive o aclamado Clube da Esquina (1972), creditado a Milton Nascimento e Lô Borges e lembrado até no exterior como um dos maiores de todos os tempos.

Conforme transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele explicou:

“Toquei várias vezes com os Titãs. Num show de Santos eu toquei o ‘Cabeça Dinossauro’ inteiro com eles. Foi lindo. O Sérgio Britto e o Tony [Bellotto] me chamaram. Para mim, é o maior disco da história desse país. Todo o respeito ao Milton Nascimento com o ‘Clube da Esquina’, mas para mim é o ‘Cabeça Dinossauro’, que é imbatível.”

Segundo o próprio, um dos maiores diferenciais está na modernidade do trabalho. Não é à toa que, logo à época de lançamento, o disco influenciou diretamente o Sepultura:

“Até hoje é um disco moderno. Letra, som, atitude, tudo. É um disco muito, muito f#da. Por causa desse disco, a gente escolheu o [estúdio] Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, para gravar o álbum ‘Beneath the Remains’, em 1988.”

Andreas Kisser e “Cabeça Dinossauro”

Em dezembro, durante entrevista ao Canal da Ludy, Andreas Kisser elegeuTitãs como o grupo nacional mais grandioso. Para justificar a escolha, citou o álbum “Cabeça Dinossauro” e a maneira que o disco não só o influenciou, como também quebrou certos paradigmas gerais. 

“Para mim, o Titãs é a maior banda deste país, principalmente ‘Cabeça Dinossauro’, que me abriu muito a cabeça para escutar outras sonoridades e estilos, numa época em que eu era mais radical, só escutava o lance do heavy metal. O disco mostrou uma maneira diferente de ser pesado, de ter intensidade, não necessariamente sempre usando a distorção. Para mim, o disco é uma obra-prima, e eu tive o privilégio de tocar com o Titãs várias vezes.”

Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox

Ao Uol em 2016, o músico fez a mesma observação:

“Eu escutei o ‘Cabeça’ com um amigo. Na época, eu era bem radical. Só escutava heavy metal, mas quando o escutei, comecei a ouvir coisas boas e com atitude em outros estilos. Posso dizer, então, que esse disco me deixou menos radical e me fez respeitar outros estilos. O ‘Cabeça’ é uma obra prima e até hoje quando escuto me dá uma sensação boa, nova. Ele ainda é muito atual. Não só nas letras, mas na sonoridade também. Muito obrigado Titãs e Liminha por este disco maravilhoso que mudou a minha vida com certeza e para melhor. Ele é essencial para qualquer amante da música.”

Aliás, o guitarrista já colaborou diretamente com o Titãs. Ele é creditado na faixa “Deixa Eu Entrar”, presente no álbum “Sacos Plásticos” (2009).

Sepultura e Titãs

A relação entre as duas bandas brasileiras é antiga. Durante o programa “O Som do Vinil” em 2017, Charles Gavin relembrou um episódio curioso do passado envolvendo ambos os grupos.

Como contou o ex-baterista do Titãs, os integrantes do Sepultura assistiram ao ensaio do show de lançamento do álbum “Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas” (1987) e ainda levaram de presente o vinil de “Schizophrenia” (1987). 

“Andreas, Paulo, Max e Igor foram no ensaio de tarde e no show de noite e levaram este LP pra mim que eu tenho até hoje. E vou ler aqui o que Max [Cavalera] escreveu em nome da banda, em nome de vocês: ‘Tudo de realmente bom pra vocês [pros Titãs] pois vocês merecem. Um dia nós chegamos lá. Valeu pela força, nunca vamos esquecer’.”

Anos mais tarde, em 1994, o Titãs abriu alguns shows do Sepultura. Nas palavras de Sérgio Britto, a experiência não foi tão proveitosa, devido ao desrespeito do público, como revelou ao canal Inteligência Ltda

“Fizemos poucos shows na América Latina. Tocamos na Argentina algumas vezes. Nunca levamos a sério isso de querer uma carreira latina. Já tentamos. Abrimos também para o Sepultura, que foi o maior desastre da nossa carreira! Foi constrangedor. Entramos no palco e começou uma chuva de cuspe na gente! Eles estavam para ver uma banda estilo gringo. No dia seguinte, o pessoal do Sepultura pediu para o público parar de cuspir na gente. Pediram respeito! Lembro que o Marcelo Fromer ficou put# demais. Ele queria matar os caras! Estava indignado! Foi uma prova de fogo. No segundo dia, tivemos que encarar de novo aquilo.”

Vale destacar que, mais recentemente, em outubro, Paulo Miklos participou da segunda edição do festival beneficente Patfest, idealizado por Andreas Kisser com o intuito de celebrar o legado de sua saudosa esposa Patrícia.

Já em dezembro, nos últimos três shows do Titãs realizados no Allianz Parque, na capital paulista, Gavin apareceu usando diferentes camisetas do Sepultura no palco. 

Foto: Gabriel Gonçalves @dgfotografia.show

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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