Raimundos tinha divergências políticas desde 1992, diz Fred: “Digão gostava do Collor”

Baterista da formação clássica conta que é cobrado por declarações do ex-colega e que a banda em atividade hoje em dia é muito diferente

Fred Castro deixou o Raimundos em 2007. Parte da formação clássica da banda, o baterista saiu após divergências com Digão, segundo o próprio vocalista e guitarrista. Porém, as diferenças de opiniões — incluindo a respeito de política — já existiam desde o início do grupo.

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O assunto surgiu em conversa com João Gordo, líder do Ratos de Porão, para o seu programa Panelaço. A transcrição é do site IgorMiranda.com.br.

De início, Fred explicou que, independentemente dos conflitos, tem orgulho do trabalho feito com os ex-colegas. No entanto, admitiu que o Raimundos em atividade hoje em dia — com apenas Digão da fase de maior sucesso — é muito diferente em comparação aos tempos áureos. 

“Eu tenho super orgulho da minha época de Raimundos, do que eu fiz, do que eu passei. As pessoas confundem o que [a banda] é hoje com o que foi um dia, e às vezes não tem nem referência sobre. E o que [restou] hoje em dia na verdade é só a parte musical mesmo, poderia até se chamar o nome de quem tá cantando.”

Logo em seguida, entrou no âmbito político. Quando perguntado por João Gordo se as pessoas o cobram pelas declarações que considera “fascistas” feitas pelo “amigo lá” — no caso, Digão —, o baterista revelou que sim.

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Ao longo dos últimos anos, o frontman chegou a comparar a situação de pandemia no Brasil com “amostra grátis de comunismo”, declarou voto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e envolveu-se em outras polêmicas — até em brigas com o próprio integrante do Ratos de Porão. Em contrapartida, Fred se manifestou contra o governo do político, demonstrou apoio à ciência e votou em Lula, candidato oposto, na última eleição, como mostram postagens no Instagram.  

Por isso, acredita que é necessário deixar claro que não tem mais qualquer tipo de ligação com o Raimundos:

“Muita gente acha que eu sou [fascista] e isso é muito chato. É por isso que o ‘ex-Raimundos’ às vezes me cabe.”

Diferenças antigas

De qualquer forma, o músico reconhece que os desentendimentos políticos entre ambos são muito mais antigos e só não vinham à tona por causa da falta de internet. Na época do governo do presidente Fernando Collor, entre 1990 e 1992 (quando renunciou após processo de impeachment), por exemplo, eles já discordavam: 

“Se você for voltar lá para 1992 quando eu entrei no Raimundos, a gente já tinha uma questão política muito forte dentro da banda. [Digão] já gostava do Collor e eu era filiado ao PCB [Partido Comunista Brasileiro], que depois virou PPS e aí eu saí. Ele achava que por trazer as coisas importadas de volta, o Brasil seria grande. Ok, por um lado sim, só que ele esquece que teve o confisco do dinheiro, a indústria brasileira quebrou.”

Fred acrescentou:

“Foi a primeira porrada na cara que a gente tomou de uma política maluca. Você não faz política confiscando dinheiro e quebrando a sua indústria nacional. Isso para mim na época como militante era muito difícil de entender. E ele [o Digão] me dizia achando que jogava na minha cara: ‘agora, se eu quiser comprar uma Ferrari, eu posso comprar uma’. Pô, beleza, se eu pudesse comprar uma Ferrari, eu não compraria uma, eu daria uma volta ao mundo porque eu adoro viajar.”

Sobre o Raimundos

Com influências do punk rock e da música nordestina, o Raimundos se consolidou com Rodolfo Abrantes nos vocais, Digão na guitarra e Fred Castro na bateria, além de Canisso, falecido em março de 2023, no baixo.

Ao longo da década de 1990, o Raimundos se tornou uma das maiores bandas de rock do Brasil. Discos como a estreia homônima de 1994, “Lavô Tá Novo” (1995) e “Só no Forévis” (1999) venderam milhões de cópias, rendendo hits como “Mulher de Fases”, “A Mais Pedida”, “Me Lambe”, “Eu Quero Ver o Oco”, “I Saw You Saying (That You Say That You Saw)”, “Selim” e “Puteiro em João Pessoa”.

Nos últimos anos, o Raimundos tem sido alvo de críticas após posicionamentos políticos manifestados por Digão. Canisso chegou a dizer em entrevistas que a banda estava suspensa por toda a confusão, que também se desencadeou em provocações do frontman a outros músicos brasileiros como Tico Santa Cruz (Detonautas Roque Clube) e João Gordo (Ratos de Porão), mas também saiu em defesa do colega ao dizer que, apesar do erro, uma retratação foi publicada.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

2 COMENTÁRIOS

  1. Digão me parece desrespeitoso em achar que, porque é dono da banda deve levar politica pra dentro do Raimundos(posição política é individual a música é que é coletiva)quando uma opinião pessoal é colocada a público tem reações adversas, gosto pessoal não tem nada à ver em misturar com o trabalho que tem pessoas que concorda e discorda dessa posição, então eu acho que o artista tem que guardar sua opinião pessoal pra sí(pra não atrapalhar o trabalho e não dividir os fãs), mas tem gente que gosta, fazer o quê? – só escuto os dois primeiros albúns dos Raimundo – Fred é os outros integrantes são gigantes Os Raimundos clássico não tem pra ninguém

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