A Polícia Civil do Rio de Janeiro pediu a prisão preventiva de nove pessoas pela morte de João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, durante a edição carioca do festival itinerante I Wanna Be Tour. A tragédia aconteceu na madrugada do dia 10 de março, quando o jovem sofreu uma descarga elétrica fatal ao encostar em um food truck.
A CBN teve acesso ao relatório completo do inquérito. Segundo o veículo, os envolvidos respondem pelo crime de homicídio doloso por dolo eventual – quando, ao agir de maneira imprudente, assumem o risco de causar a morte. Eles receberam o mandado para que não interfiram na investigação ou fujam.
Já outros quatro profissionais respondem por fraude processual. Ao todo, estão indiciados coordenadores e supervisores do evento, eletricistas, proprietários e gestores, engenheiros e técnicos do Riocentro, onde os shows aconteceram.
Mais uma vez, o documento em questão apresenta as falhas graves na infraestrutura do festival, como os fios desencapados e cobertos pela água da chuva. Anteriormente, a delegada Eláine Rosa, titular da delegacia da Taquara e responsável pelas investigações, já havia declarado:
“O food truck não contribuiu para o resultado, na verdade. A perícia, inclusive, constatou que não estava havendo fuga de tensão no food truck. O problema foi detectado nas instalações do próprio Riocentro, que estavam em desacordo com as normas técnicas, com fios desencapados, submersos em água. Nós indiciamos quatro pessoas de organização do evento por não terem avisado as autoridades tempestivamente e por terem desfeito o local, o que poderia trazer muito prejuízo às conclusões do inquérito e as conclusões sobre o ocorrido.”
Roberta Ferreira, mãe da vítima, alega que a produtora 30e, responsável pela I Wanna Be Tour, segue sem prestar qualquer suporte à família. Uma representante telefonou apenas uma vez, no dia do enterro, quando ainda não tinha condições emocionais de conversar, como contou à revista Piauí.
“Eles ligaram para dizer que entraram em contato, porque eu já havia reclamado que ninguém tinha dito nada para mim. Depois disso, nunca mais. Não deram nenhuma ajuda para o enterro, nunca tocaram no assunto. No dia da morte do João, mandei um e-mail pedindo esclarecimentos, e ninguém respondeu até hoje. Eles continuam fazendo shows como se nada tivesse acontecido. A força que me resta é tentar fazer justiça. É doloroso, mas não tenho outro caminho a não ser lutar pela memória do meu filho e para que esse tipo de tragédia não se repita.”
Simões chegou a ser socorrido. Outros fãs prestaram primeiros socorros até que a ambulância oferecesse os cuidados necessários.
Testemunhas afirmam que os médicos tentaram procedimento de reanimação cardiopulmonar. Funcionários da equipe médica o encaminharam ao Hospital Lourenço Jorge, na região. No entanto, ele não resistiu e faleceu.
Chuva no I Wanna Be Rio
Pancadas de chuva forte atingiram o Rio de Janeiro no início da noite de 9 de março, a ponto de ter sido acionado às 20h05 o estágio 2, indicando a chance de ocorrência de alto impacto no município.
Devido ao temporal, o show derradeiro do festival, realizado pelo Simple Plan, atrasou seu início em aproximadamente 30 minutos. O repertório precisou ser encurtado para que o evento acabasse em horário viável, com o objetivo de permitir que o público utilizasse o serviço de transporte público.
Além do Simple Plan, apresentaram-se artistas e bandas como A Day to Remember, NX Zero, The All-American Rejects, All Time Low, Pitty, Fresno, entre outros. A turnê itinerante também passou por São Paulo (com cobertura do site), Curitiba, Recife e Belo Horizonte, a capital mineira no mesmo dia da tragédia.
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