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O que são os tijolos e a parede em “Another Brick in the Wall”, do Pink Floyd

Em "The Wall" (1979), personagem Pink serviu como veículo para que Roger Waters externasse seus traumas e experiências de vida

The Wall (1979) é provavelmente o álbum do Pink Floyd que apresenta conteúdo mais pessoal para Roger Waters. Todo o conceito partiu do vocalista e baixista, que teve controle total também sobre o desenvolvimento, piorando o clima interno na banda. O álbum contém três partes de uma música chamada “Another Brick in the Wall”, que é a ideia chave para entender a obra.

Na trama, conhecemos o jovem chamado de Pink, que é uma espécie de veículo para Waters externar seus próprios pensamentos. A cada trauma ou situação marcante que passa, o protagonista constrói uma espécie de parede (“wall”, em inglês) ao redor de si, o separando da sociedade. E cada pessoa ou evento em sua vida se torna apenas “mais um tijolo na parede” (“Another Brick in the Wall”).

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Cada uma das três partes marca momentos importantes na saga de Pink. Confira:

Another Brick In The Wall (Pt. 1)

Na primeira parte da música, ainda no início do álbum, Pink/Waters canta sobre o legado de seu pai. Eric Fletcher Waters foi um fuzileiro naval britânico durante a Segunda Guerra Mundial, morto na Batalha de Anzio, na Itália, em 1944. Roger tinha apenas 5 meses e, por isso, não tem lembranças do pai.

A letra da primeira parte deixa clara a frustração pela perda e pelo que foi deixado para ele:

“Papai voou pelo oceano
Deixando apenas uma lembrança
Uma foto no álbum da família
Papai, o que mais você deixou para mim?
Papai, o que você deixou para trás para mim?
No fim das contas, era só um tijolo na parede
No fim das contas, eram só tijolos na parede”

Another Brick In The Wall (Pt. 2)

A mais famosa das três partes é a segunda, que apresenta um coral infantil cantando o que parece ser uma letra contra a educação formal. Em 29 de fevereiro de 2016, o vocalista e baixista participou do The Travis Smiley Show no Public Broadcasting Service (PBS) e explicou seu objetivo na criação (com transcrição do Rock Celebrities).

“É um equívoco popular interpretar a música como antieducação. A educação é a coisa mais importante na vida de qualquer pessoa, na minha opinião. É algo em que deveríamos investir muito mais dinheiro. A frase ‘We don’t need no education’ é uma passagem satírica dentro de um contexto de narrativa muito mais amplo. As pessoas simplesmente interpretaram mal, mas as crianças adoraram.

Acho importante que os jovens se rebelem. Não há nada pior do que uma geração de jovens que aceitam o status quo sem questionar. O que eu tento encorajar é que eles pensem sobre as coisas e abordem o que está acontecendo na sociedade em que vivem, tentem descobrir como podem melhorar as coisas para seus futuros filhos para que possamos progredir como sociedade.”

De acordo com o Songfacts, a inspiração de Waters veio do tempo em que foi aluno da Cambridge School for Boys. Ele tinha uma relação ruim com seu professor de gramática, que, segundo ele, estava mais preocupado em manter as crianças quietas do que ensinar sua matéria.

Em entrevista para a revista Mojo, em 2009, ele falou sobre a inspiração da música e a experiência na escola.

“Você não vai encontrar ninguém no mundo mais pró-educação do que eu. Mas a educação que eu tive na escola de gramática para meninos nos anos 1950 era muito controladora e pedia por rebelião.”

O trecho em questão, cantado por crianças de Islington, Inglaterra, diz o seguinte:

“Nós não precisamos de educação
Nós não precisamos de controle de pensamento
Sem sarcasmo velado na sala de aula
Professores deixem as crianças em paz
Hey! Professores! Deixem as crianças em paz!
No fim das contas, você é só mais um tijolo na parede”

É a única das três partes que repete o verso. Foi lançada como single do álbum e segue como o maior hit do Pink Floyd.

Another Brick In The Wall (Pt. 3)

A terceira parte é a mais raivosa e traz Pink dispensando os cuidados de uma mãe superprotetora, assim como as drogas e todos que o cercavam já na vida adulta. Para o compositor, agora mais do que nunca, todos são apenas tijolos na parede, enquanto seu isolamento se intensifica.

A letra diz:

“Eu não preciso de braços ao meu redor
E eu não preciso de drogas para me acalmar
Eu vi o que está escrito na parede
Não pense que eu preciso de qualquer coisa
Não, não pense que eu vou precisar de qualquer coisa
No fim das contas, era tudo apenas tijolos na parede
No fim das contas, vocês todos eram só tijolos na parede”

Pink Floyd e “The Wall”

Um dos álbuns conceituais mais conhecidos de todos os tempos, The Wall foi lançado em 1979 e conta a história de Pink, personagem criado por Roger Waters. Ele é baseado em seus traumas, medos e lembranças, além também contar com traços da personalidade do seu antigo colega de banda, Syd Barrett.

Foi o último disco da banda como um quarteto. O tecladista Richard Wright acabou sendo demitido e recontratado como músico assalariado posteriormente.

A turnê contou com a execução do disco na íntegra, além de uma representação dramatizada da história. Posteriormente, também viraria filme.

“The Wall” chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 e vendeu mais de 30 milhões de cópias em todo o mundo até hoje.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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