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Licks e Maltz celebram Engenheiros com show inconstante, mas nostálgico em Porto Alegre

Apesar de problemas de execução, guitarrista e baterista reuniram fãs de todo o país e ofereceram ótimo repertório junto ao tributo Engenheiros Sem CREA

Muitas vezes, a história de uma banda é contada não apenas através de sua discografia, mas de suas formações. Seja pelo sucesso comercial, pela contribuição artística ou por mera simpatia, fãs acabam tendo fases favoritas de grandes bandas que alteraram músicos. No caso do Engenheiros do Hawaii, porém, esta discussão inexiste: a preferência é sempre pela configuração com Humberto Gessinger (voz e baixo), Augusto Licks (guitarra) e Carlos Maltz (bateria).

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- Advertisement -

Esta é, talvez, a única conversa definitiva em relação à banda porto-alegrense formada em 1985. De resto, até a aceitação perante o público se divide bem: há quem ame e quem deteste, dificilmente sem meio termo. A escolha de um álbum favorito entre os fãs também pode ser complexa. Ainda assim, a aclamação costuma se restringir ao chamado período GLM, que rendeu cinco álbuns de estúdio — “A Revolta dos Dândis” (1987), “Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém” (1988), “O Papa é Pop” (1990), “Várias Variáveis” (1991) e “Gessinger, Licks e Maltz” (1992), além dos ao vivo “Alívio Imediato” (1989) e “Filmes de Guerra, Canções de Amor” (1993).

O sucesso também não se debate. São mais de 3 milhões de cópias vendidas, além de shows lotados por todo o Brasil, presença no festival Hollywood Rock 1993 e apresentações no exterior, incluindo uma curiosa turnê pela extinta União Soviética. Uma ruptura traumática se deu com a saída de Licks em 1994. Dois anos depois, foi a vez de Maltz. A banda seguiu com outros integrantes e Gessinger até 2008, quando seu frontman encerrou suas atividades para focar na carreira solo.

Augusto Licks (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)
Carlos Maltz (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)

Trinta anos depois, dois terços da história formação do Engenheiros do Hawaii se reuniu, no último domingo (21), para um show de aproximadamente 100 minutos que celebrou o legado da melhor fase do grupo. Diante de um público que veio de todas as partes do Brasil para o Bar Opinião, na cidade onde o grupo foi fundado, Augusto e Carlos foram acompanhados de dois músicos do Engenheiros Sem CREA, banda tributo de nome espirituoso e vasta experiência na noite gaúcha: Sandro Trindade (voz e baixo) e Jeff Gomes (guitarra e violão).

A dupla auxiliar tem total domínio do repertório e já até recebeu Licks anteriormente para participações em seus shows. Uma escolha não só esperada, também muito adequada e segura — se alguém precisa segurar o rojão de substituir Humberto Gessinger, que seja quem já o faz com competência.

Sandro Trindade (Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)
Jeff Gomes (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)

Repertório certeiro

Exatamente às 20h — horário que constava no cartaz, fazendo jus à pontualidade tradicional da Abstratti Produtora —, o show teve seu pontapé inicial com “Toda Forma de Poder”, música do primeiro álbum, “Longe Demais das Capitais” (1986), ainda com Humberto Gessinger na guitarra. Era a única canção do set oriunda de um trabalho gravado sem Augusto Licks, membro a partir de 1987. No entanto, certamente foi incluída pela importância na carreira do Engenheiros e por estar presente no clássico trabalho ao vivo “Alivio Imediato”.

Em seguida, vieram três músicas que não foram grandes sucessos comerciais, mas importantes dentro de seus discos. “Variações do Mesmo Tema”, “A Revolta dos Dândis” e, especialmente, “Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora” foram cantadas a plenos pulmões pelo público presente.

A partir daí, o que se viu foi uma avalanche de hits. O setlist (completo ao fim desta página) promoveu uma viagem no tempo que fez com que o público, emocionadíssimo, se sentisse pegando carona nas ondas radiofônica dos anos 1980 e início dos 1990.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Seria bastante previsível destacar os sucessos “O Papa é Pop” e “Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”, que estrategicamente fecharam o repertório antes do bis. Porém, seria injusto com uma sequência de canções tão bem pensada e executada para um público devoto, que cantou cada música como se esta fosse a maior, melhor e mais importante já gravada pelos Engenheiros.

Todos os álbuns da fase GLM foram representados por pelo menos duas músicas. Isso inclui até mesmo o já citado “Alívio Imediato”, que conta com duas músicas gravadas em estúdio: “Nau à Deriva” e a faixa-título. Baladas emocionantes como “Somos Quem Podemos Ser”, “Pra Ser Sincero” e “Terra de Gigantes” marcaram presença assim como faixas densas a exemplo de “Ninguém = Ninguém” e “Ando Só”.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Licks, Maltz, Trindade e Gomes demonstraram bom gosto e inteligência nas escolhas. Até mesmo para o bis, responsável por fazer todo mundo voltar para casa de alma lavada: “Herdeiro da Pampa Pobre” (versão de Gaúcho da Fronteira), a belíssima “Piano Bar” e a presença confirmada “Infinita Highway”.

Performance inconstante

Do ponto de vista técnico, porém, não foram poucos os aspectos que desabonaram a apresentação. Nada que comprometesse o clima, como já destacado. Ainda assim, são questões a serem mencionadas.

Ao longo de todo o show, desde a primeira música, foi visível a falta de entrosamento. O som também não contribuiu, pois mesmo com os demais elementos equilibrados, a guitarra de Augusto Licks pôde ser muito mais ouvida que o restante — não sabemos se intencionalmente ou não. O instrumento estava alto demais e com agudos estridentes. A execução do lendário músico também oscilou entre o brilhantismo e a imprecisão.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Carlos Maltz, por sua vez, não entregou o esperado de forma geral. A performance do baterista soou como a de alguém que está se familiarizando novamente com o instrumento.

Não há, porém, o que falar sobre Sandro e Jeff a não ser elogios. Como já destacado, os dois estão acostumados a tocar os hits do Engenheiros noite após noite. Logo, cumpriram seus papéis muito bem. Destoaram das estrelas da noite, que deixaram a impressão, para ouvidos mais atentos e menos emocionados, de que é preciso ensaiar um pouco mais antes de uma possível e já comentada turnê neste formato. Os próprios já admitiram, em entrevista prévia ao jornalista Gustavo Maiato, que não tiveram tanto tempo para tocar juntos antes da apresentação.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Alma lavada e pedidos por reunião GLM

É importante ressaltar, porém, que dilemas técnicos pouco importaram na noite de domingo (21). Vivemos tempos de memória afetiva como mola mestra da indústria do entretenimento. Logo, a reunião de Augusto Licks e Carlos Maltz, ainda que não tenha sido exatamente aquela que os fãs sonham há trinta anos — seja pela imprecisão na performance ou, obviamente, pela própria ausência de Humberto Gessinger —, foi responsável por uma das noites mais bonitas do ano para fãs de música em Porto Alegre.

Os fãs fiéis do Engenheiros do Hawaii compareceram em peso e foram, também, parte do show. Arrancaram reações dos músicos e promoveram uma interação entre público e artista como já era esperado. Teve de tudo… só não teve Humberto.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Sandro Trindade se mostrou impecável, mas como pudemos acompanhar pelas redes sociais, o sonho — inclusive do próprio Sandro, imagino — é uma reunião com Gessinger, fechando a sigla GLM. Fãs pedem há décadas e, desde o anúncio do show no Opinião, manifestaram tal anseio ainda mais.

A realidade é que Humberto não parece desejar, ou mesmo precisar, dessa reunião. Em entrevistas, deixa claro que se incomodava com a superexposição daqueles tempos. Ainda que seus shows solo se apoiem na obra construída naqueles tempos, o vocalista e baixista segue como um artista consolidado, que lota os espaços por onde toca e continua lançando trabalhos de inéditas.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Se a reunião GLM ocorrer, será por um único motivo: por desejo dos envolvidos, especialmente Humberto. Aparentemente, até agora, não é isso que acontece. Tudo depende de várias variáveis. Resta esperar para que a noite de 21 de abril de 2024 no Opinião seja lembrada como a noite da fecundação de uma das maiores turnês de reunião do rock nacional. Se não, ao menos serviu — e muito — para celebrar o legado de uma das bandas mais populares do país.

*Mais fotos ao fim da página.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Augusto Licks, Carlos Maltz e Engenheiros Sem CREA — ao vivo em Porto Alegre

  • Local: Opinião
  • Data: 18 de abril de 2024
  • Produtora: Abstratti

Repertório:

  1. Toda Forma de Poder
  2. Variações Sobre um Mesmo Tema
  3. A Revolta dos Dândis I
  4. Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora
  5. Muros e Grades
  6. Ninguém = Ninguém
  7. Somos Quem Podemos Ser
  8. Terra de Gigantes
  9. Pra Ser Sincero
  10. Refrão de Bolero
  11. Alívio Imediato
  12. Nau à Deriva
  13. Ando Só
  14. O Exército de Um Homem Só
  15. O Papa é Pop
  16. Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones

Bis:

  1. Herdeiro da Pampa Pobre
  2. Piano Bar
  3. Infinita Highway
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

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Marcel Bittencourt
Marcel Bittencourthttps://igormiranda.com.br/
Marcel Bittencourt é jornalista musical, produtor musical e baixista da banda Hit the Noise. Esteve presente em mais de 600 shows, sendo mais de 200 na qualidade de repórter dos hoje extintos sites PoaShow e Rockbox, dos quais também foi editor. Nas horas vagas joga poker e espalha a palavra dos suecos do Hellacopters.

2 COMENTÁRIOS

  1. Pelo visto, se fosse só umas cinco músicas seriam melhor ensaiadas considerando que são músicos aposentados, mas não teria a mesma graça. Nada que uma turnê não vá corrigindo

  2. Houve imprecisões técnicas normais, como a de um time de futebol desentrosado. Mas o virtuosismo e a empolgação estão ali. Só basta um refinamento, que virá com mais ritmo de jogo, para um sucesso estrondoso.

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Licks e Maltz celebram Engenheiros com show inconstante, mas nostálgico em Porto Alegre

Apesar de problemas de execução, guitarrista e baterista reuniram fãs de todo o país e ofereceram ótimo repertório junto ao tributo Engenheiros Sem CREA

Muitas vezes, a história de uma banda é contada não apenas através de sua discografia, mas de suas formações. Seja pelo sucesso comercial, pela contribuição artística ou por mera simpatia, fãs acabam tendo fases favoritas de grandes bandas que alteraram músicos. No caso do Engenheiros do Hawaii, porém, esta discussão inexiste: a preferência é sempre pela configuração com Humberto Gessinger (voz e baixo), Augusto Licks (guitarra) e Carlos Maltz (bateria).

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Esta é, talvez, a única conversa definitiva em relação à banda porto-alegrense formada em 1985. De resto, até a aceitação perante o público se divide bem: há quem ame e quem deteste, dificilmente sem meio termo. A escolha de um álbum favorito entre os fãs também pode ser complexa. Ainda assim, a aclamação costuma se restringir ao chamado período GLM, que rendeu cinco álbuns de estúdio — “A Revolta dos Dândis” (1987), “Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém” (1988), “O Papa é Pop” (1990), “Várias Variáveis” (1991) e “Gessinger, Licks e Maltz” (1992), além dos ao vivo “Alívio Imediato” (1989) e “Filmes de Guerra, Canções de Amor” (1993).

O sucesso também não se debate. São mais de 3 milhões de cópias vendidas, além de shows lotados por todo o Brasil, presença no festival Hollywood Rock 1993 e apresentações no exterior, incluindo uma curiosa turnê pela extinta União Soviética. Uma ruptura traumática se deu com a saída de Licks em 1994. Dois anos depois, foi a vez de Maltz. A banda seguiu com outros integrantes e Gessinger até 2008, quando seu frontman encerrou suas atividades para focar na carreira solo.

Augusto Licks (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)
Carlos Maltz (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)

Trinta anos depois, dois terços da história formação do Engenheiros do Hawaii se reuniu, no último domingo (21), para um show de aproximadamente 100 minutos que celebrou o legado da melhor fase do grupo. Diante de um público que veio de todas as partes do Brasil para o Bar Opinião, na cidade onde o grupo foi fundado, Augusto e Carlos foram acompanhados de dois músicos do Engenheiros Sem CREA, banda tributo de nome espirituoso e vasta experiência na noite gaúcha: Sandro Trindade (voz e baixo) e Jeff Gomes (guitarra e violão).

A dupla auxiliar tem total domínio do repertório e já até recebeu Licks anteriormente para participações em seus shows. Uma escolha não só esperada, também muito adequada e segura — se alguém precisa segurar o rojão de substituir Humberto Gessinger, que seja quem já o faz com competência.

Sandro Trindade (Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)
Jeff Gomes (foto: Gabriel Tribino @alentedotribs)

Repertório certeiro

Exatamente às 20h — horário que constava no cartaz, fazendo jus à pontualidade tradicional da Abstratti Produtora —, o show teve seu pontapé inicial com “Toda Forma de Poder”, música do primeiro álbum, “Longe Demais das Capitais” (1986), ainda com Humberto Gessinger na guitarra. Era a única canção do set oriunda de um trabalho gravado sem Augusto Licks, membro a partir de 1987. No entanto, certamente foi incluída pela importância na carreira do Engenheiros e por estar presente no clássico trabalho ao vivo “Alivio Imediato”.

Em seguida, vieram três músicas que não foram grandes sucessos comerciais, mas importantes dentro de seus discos. “Variações do Mesmo Tema”, “A Revolta dos Dândis” e, especialmente, “Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora” foram cantadas a plenos pulmões pelo público presente.

A partir daí, o que se viu foi uma avalanche de hits. O setlist (completo ao fim desta página) promoveu uma viagem no tempo que fez com que o público, emocionadíssimo, se sentisse pegando carona nas ondas radiofônica dos anos 1980 e início dos 1990.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Seria bastante previsível destacar os sucessos “O Papa é Pop” e “Era um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”, que estrategicamente fecharam o repertório antes do bis. Porém, seria injusto com uma sequência de canções tão bem pensada e executada para um público devoto, que cantou cada música como se esta fosse a maior, melhor e mais importante já gravada pelos Engenheiros.

Todos os álbuns da fase GLM foram representados por pelo menos duas músicas. Isso inclui até mesmo o já citado “Alívio Imediato”, que conta com duas músicas gravadas em estúdio: “Nau à Deriva” e a faixa-título. Baladas emocionantes como “Somos Quem Podemos Ser”, “Pra Ser Sincero” e “Terra de Gigantes” marcaram presença assim como faixas densas a exemplo de “Ninguém = Ninguém” e “Ando Só”.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Licks, Maltz, Trindade e Gomes demonstraram bom gosto e inteligência nas escolhas. Até mesmo para o bis, responsável por fazer todo mundo voltar para casa de alma lavada: “Herdeiro da Pampa Pobre” (versão de Gaúcho da Fronteira), a belíssima “Piano Bar” e a presença confirmada “Infinita Highway”.

Performance inconstante

Do ponto de vista técnico, porém, não foram poucos os aspectos que desabonaram a apresentação. Nada que comprometesse o clima, como já destacado. Ainda assim, são questões a serem mencionadas.

Ao longo de todo o show, desde a primeira música, foi visível a falta de entrosamento. O som também não contribuiu, pois mesmo com os demais elementos equilibrados, a guitarra de Augusto Licks pôde ser muito mais ouvida que o restante — não sabemos se intencionalmente ou não. O instrumento estava alto demais e com agudos estridentes. A execução do lendário músico também oscilou entre o brilhantismo e a imprecisão.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Carlos Maltz, por sua vez, não entregou o esperado de forma geral. A performance do baterista soou como a de alguém que está se familiarizando novamente com o instrumento.

Não há, porém, o que falar sobre Sandro e Jeff a não ser elogios. Como já destacado, os dois estão acostumados a tocar os hits do Engenheiros noite após noite. Logo, cumpriram seus papéis muito bem. Destoaram das estrelas da noite, que deixaram a impressão, para ouvidos mais atentos e menos emocionados, de que é preciso ensaiar um pouco mais antes de uma possível e já comentada turnê neste formato. Os próprios já admitiram, em entrevista prévia ao jornalista Gustavo Maiato, que não tiveram tanto tempo para tocar juntos antes da apresentação.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Alma lavada e pedidos por reunião GLM

É importante ressaltar, porém, que dilemas técnicos pouco importaram na noite de domingo (21). Vivemos tempos de memória afetiva como mola mestra da indústria do entretenimento. Logo, a reunião de Augusto Licks e Carlos Maltz, ainda que não tenha sido exatamente aquela que os fãs sonham há trinta anos — seja pela imprecisão na performance ou, obviamente, pela própria ausência de Humberto Gessinger —, foi responsável por uma das noites mais bonitas do ano para fãs de música em Porto Alegre.

Os fãs fiéis do Engenheiros do Hawaii compareceram em peso e foram, também, parte do show. Arrancaram reações dos músicos e promoveram uma interação entre público e artista como já era esperado. Teve de tudo… só não teve Humberto.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Sandro Trindade se mostrou impecável, mas como pudemos acompanhar pelas redes sociais, o sonho — inclusive do próprio Sandro, imagino — é uma reunião com Gessinger, fechando a sigla GLM. Fãs pedem há décadas e, desde o anúncio do show no Opinião, manifestaram tal anseio ainda mais.

A realidade é que Humberto não parece desejar, ou mesmo precisar, dessa reunião. Em entrevistas, deixa claro que se incomodava com a superexposição daqueles tempos. Ainda que seus shows solo se apoiem na obra construída naqueles tempos, o vocalista e baixista segue como um artista consolidado, que lota os espaços por onde toca e continua lançando trabalhos de inéditas.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Se a reunião GLM ocorrer, será por um único motivo: por desejo dos envolvidos, especialmente Humberto. Aparentemente, até agora, não é isso que acontece. Tudo depende de várias variáveis. Resta esperar para que a noite de 21 de abril de 2024 no Opinião seja lembrada como a noite da fecundação de uma das maiores turnês de reunião do rock nacional. Se não, ao menos serviu — e muito — para celebrar o legado de uma das bandas mais populares do país.

*Mais fotos ao fim da página.

Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs

Augusto Licks, Carlos Maltz e Engenheiros Sem CREA — ao vivo em Porto Alegre

  • Local: Opinião
  • Data: 18 de abril de 2024
  • Produtora: Abstratti

Repertório:

  1. Toda Forma de Poder
  2. Variações Sobre um Mesmo Tema
  3. A Revolta dos Dândis I
  4. Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora
  5. Muros e Grades
  6. Ninguém = Ninguém
  7. Somos Quem Podemos Ser
  8. Terra de Gigantes
  9. Pra Ser Sincero
  10. Refrão de Bolero
  11. Alívio Imediato
  12. Nau à Deriva
  13. Ando Só
  14. O Exército de Um Homem Só
  15. O Papa é Pop
  16. Era um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones

Bis:

  1. Herdeiro da Pampa Pobre
  2. Piano Bar
  3. Infinita Highway
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
Foto: Gabriel Tribino @alentedotribs
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2 COMENTÁRIOS

  1. Pelo visto, se fosse só umas cinco músicas seriam melhor ensaiadas considerando que são músicos aposentados, mas não teria a mesma graça. Nada que uma turnê não vá corrigindo

  2. Houve imprecisões técnicas normais, como a de um time de futebol desentrosado. Mas o virtuosismo e a empolgação estão ali. Só basta um refinamento, que virá com mais ritmo de jogo, para um sucesso estrondoso.

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