O The Who segue na ativa, principalmente ao vivo. Nos últimos 40 anos, o grupo disponibilizou apenas dois álbuns de estúdio – “Endless Wire” (2006) e “Who” (2019). Enquanto isso, realiza turnês regularmente, mesmo com integrantes em idade avançada.
O guitarrista Pete Townshend, um dos dois únicos membros originais ao lado do vocalista Roger Daltrey, foi sincero ao extremo quando perguntado sobre por que a banda ainda faz shows.
O assunto surgiu em entrevista ao The New York Times. Townshend foi lembrado que seu último álbum solo – “Psychoderelict” – saiu há mais de 30 anos, em 1993. Ainda assim, ele acredita que ainda fará novas músicas.
Com sua banda principal, o guitarrista de 78 anos parece inclinado a fazer uma grande turnê de despedida. Foi aí que ele revelou a motivação para as apresentações ao vivo.
“Eu quero e acho que vou (criar novas músicas). Eu sinto que há uma única coisa que o The Who pode fazer e é uma turnê de despedida onde tocaremos em todos os territórios do mundo e então nos recolheremos para morrer. Eu não me empolgo tanto tocando com o The Who. Para ser realmente honesto, tenho feito turnês pelo dinheiro. Minha ideia de um estilo de vida comum é muito elevada.”
Pete deixou claro que não tem estado inativo criativamente por todos esses anos — apenas não está lançando tanto material. Isso parece ter relação com o fracasso de vendas de um de seus últimos álbuns solo, “White City: A Novel” (1985). Ele explica:
“Tenho sido imensamente criativo e produtivo nesse período, mas não tenho sentido a necessidade de lançar nada. E levando para o pessoal, não me importo se vocês vão gostar ou não. Quando ‘White City’ saiu e as vendas foram tão baixas, eu pensei ‘dane-se’. Ninguém me queria como eu era – eles queriam o velho Pete.”
Pete Townshend e a criatividade
Sobre as questões criativas, o músico ainda comparou o The Who com uma banda também clássica. Ele disse:
“O AC/DC fez 50 álbuns, mas todos os álbuns deles são o mesmo. Não era assim que o The Who funcionava. Nós éramos uma banda de ideias.”
No caso, é claro, ele exagerou nos números: o grupo do guitarrista Angus Young disponibilizou “apenas” 17 discos.
O fim do The Who?
No dia 28 de agosto do ano passado, o The Who realizou o derradeiro show da turnê “Hits Back!”, que contou com participação de diferentes orquestras na América do Norte e Europa. Desde então, nada mais aconteceu no universo da banda britânica.
Aparentemente, a situação não deve se modificar. Quem garante é o vocalista Roger Daltrey. O cantor de 80 anos deixou claro não imaginar que a banda – hoje resumida a uma dupla com o guitarrista Pete Townshend – volte a ter atividades.
Ele disse ao jornal britânico The Times, em janeiro de 2024:
“Não posso dar uma resposta definitiva. Eu não escrevo as músicas. Nunca escrevi. Precisamos sentar e ter uma reunião. Porém, no momento, estou feliz em dizer que essa parte da minha vida está encerrada.”
A declaração ecoa a do colega de jornada, dita no final do ano passado. Durante conversa com a revista Record Collector (via Blabbermouth), Townshend foi franco ao dizer que pretende se reunir com Daltrey para definir o que fazer no futuro. Aos 78 anos, o músico e compositor não descartou qualquer possibilidade. Incluindo o desfecho da carreira.
“Acho que é hora de Roger e eu almoçarmos e conversarmos sobre o que acontecerá a seguir. Porque Sandringham (condado inglês onde o último concerto aconteceu) não deveria parecer o fim de nada, mas parece o fim de uma era.”
A dupla se mantém unida como únicos integrantes oficiais do grupo. De qualquer modo, Pete não adianta qualquer conclusão.
“É uma questão de analisar, realmente, o que é viável, o que seria lucrativo, o que seria divertido? Então, escrevi para Roger e disse: ‘Vamos conversar e ver o que há.’”
Caso a situação se confirme, o The Who sai de cena com seis décadas de carreira e mais de 100 milhões de discos vendidos em todo o planeta.
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