Em dezembro de 2022, uma mulher chamada Julia Misley moveu uma ação contra Steven Tyler. Ela o acusou de agressão sexual e imposição intencional de sofrimento durante a década de 1970, quando ainda era menor de idade. O vocalista do Aerosmith negou todas as queixas no tribunal e, agora, conseguiu uma vitória parcial no processo.
Conforme publicado pela Rolling Stone, um juiz de Los Angeles, nos Estados Unidos, decidiu que a alegada vítima realizou certas queixas que não caracterizam abuso infantil. No caso, Julia acrescentou, como possíveis provas dos crimes alegados, trechos da autobiografia do artista, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, como também do livro “Walk This Way: The autobiography of Aerosmith” – ambos publicados quando ela tinha mais de 18 anos, ultrapassando em dois anos a idade limite.
Sendo assim, as acusações relacionadas exclusivamente às obras acabaram rejeitadas. Por isso, declarou:
“Embora o tribunal entenda o fato de que os livros podem ter desencadeado a memória dos alegados abusos sexuais na infância, o estatuto revive ações que alegadamente foram realizadas quando a vítima era menor de idade.”
Durante a audiência realizada na última terça-feira (12), Michael Reck, advogado da mulher, argumentou que, como há relação direta dos livros com o crime relatado, o “atraso” deveria ser encoberto pela California Child Victims Act. A lei em questão dá mais tempo às vítimas de violência sexual infantil para tentar buscar justiça.
O profissional também destacou que as descrições de Tyler sobre as relações sexuais com Misley ao longo dos livros “beiravam a pornografia infantil” e que o texto não é considerado atividade protegida pela lei. Ele declarou:
“É simplesmente um agressor se gabando de seu crime e ganhando dinheiro com isso. Escrever o livro sem o seu consentimento, o divulgando à família e aos amigos, é uma continuação do padrão de conduta que se mantém ininterrupto há décadas. Isso está extremamente relacionado à agressão sexual.”
Já David Long-Daniels, responsável por defender o artista, rebateu que o vocalista do Aerosmith “não é um criminoso e nunca foi condenado por nada”. Ainda atestou que as acusações como um todo envolvem fatos muito antigos e que deveriam ser desconsideradas. Contudo, o juiz discordou e apenas descartou as reivindicações baseadas nos livros.
Em maio do ano passado, os representantes de Steven já tinham protestado que “O barulho na minha cabeça te incomoda?” saiu mundialmente “várias décadas após os supostos atos de agressão sexual na infância”, não podendo ser considerado uma prova. Por fim, citaram que o vocalista não mencionou em nenhum momento o nome verdadeiro de Julia no livro – portanto, não agindo de maneira invasiva com a mulher.
As acusações contra Steven Tyler
A denúncia relata que os dois se conheceram em 1973, depois de um show do Aerosmith em Oregon. Julia Misley (anteriormente chamada Julia Holcomb), então com 16 anos, foi convidada para ir aos bastidores e então para o quarto de hotel de Steven Tyler. Ela acusou o músico de abusar sexualmente dela naquela noite e de agredi-la sexualmente em um quarto de hotel após o próximo show em Seattle, para onde o cantor teria bancado sua viagem.
No ano seguinte, Tyler se encontrou com a mãe de Misley e a convenceu a “passar a guarda de sua filha para ele”. Trechos da autobiografia do artista, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, foram usados para compor o processo. No próprio livro, Steven confirmou – sem citar o nome de Julia – que quase se casou com uma adolescente e que os pais dela lhe passaram a guarda, o que a deixou livre para inclusive acompanhá-lo nas turnês.
Misley também disse que foi obrigada a abortar um filho que teve com Tyler, em 1975, quando ela tinha 17 anos. A jovem seguiu hesitante em realizar o aborto, mas o cantor teria alegado que pararia de apoiá-la se ela não fizesse o procedimento. Ela aceitou interromper a gestação, mas terminou com o artista em seguida e voltou a morar em Portland, sua cidade natal. As lembranças haviam sido apagadas de sua memória até o músico voltar a mencioná-las em seu livro.
Outro caso
Em fevereiro deste ano, um juiz dos Estados Unidos rejeitou seguir com o processo que acusava o vocalista do Aerosmith, Steven Tyler, de agredir sexualmente uma ex-modelo adolescente. A acusação alegava que a violência teria ocorrido duas vezes no mesmo dia em Manhattan, Nova York, há quase 50 anos.
Lewis Kaplan entendeu que Jeanne Bellino esperou muito para acionar o cantor de 75 anos, que negou “veementemente” acusações feitas sob uma lei que protege vítimas de violência motivada por gênero. O veredicto entendeu que a suposta vítima não se qualificava para prosseguir com ações que, de outra forma, se estenderiam além dos prazos de prescrição, porque ela não alegou que a conduta de Tyler representava um “sério risco de lesão física”.
De acordo com informações obtidas pelo BraveWords, Kaplan julgou que duas leis estaduais, a Lei das Vítimas Infantis e a Lei dos Sobreviventes Adultos, anularam a alegação de Bellino, “substancialmente pelas razões” apresentadas pelos advogados de Tyler.
Os representantes disseram que essas leis, cujas janelas para processar já expiraram, “ocupam o campo no que diz respeito ao renascimento de reivindicações derivadas da lei penal estadual de agressão sexual”, e Bellino mostrou “falta de diligência” ao não processar sob a Lei das Vítimas Infantis.
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